NUNES,
Adalberto de Barros
*militar; comte.-em-ch. Esquadra 1963-1964;
ch. EMA 1968-1969; min. Mar. 1969-1974.
Adalberto de Barros Nunes
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 20 de outubro de 1905,
filho do almirante Adalberto Nunes e de Maria Cândida de Barros Nunes. Seu avô
materno, major José Cândido de Barros, participou da guerra do Paraguai. Seu
irmão, Heleno Nunes, que também seguiu a carreira militar e chegou a almirante,
foi presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Adalberto
Nunes fez seus primeiros estudos no Colégio Militar do Rio de Janeiro e sentou
praça em janeiro de 1922, ingressando na Escola Naval. Em dezembro de 1925 foi
declarado guarda-marinha, chegando ao posto de segundo-tenente em outubro de
1926, quando foi servir no encouraçado Minas Gerais. Foi promovido a
primeiro-tenente em outubro de 1928 e destacado para a Divisão de Cruzadores em
abril de 1929, embarcando no cruzador Rio Grande do Sul. De janeiro a
abril de 1930, ocupou interinamente as funções de ajudante-de-ordens do comando
do mesmo navio e em maio passou para o paquete Almirante Jaceguai, a fim
de servir como oficial de ligação entre o comando da Divisão de Cruzadores e
aquele navio, no qual Júlio Prestes, que se elegera presidente da República em
março de 1930, viajou para os Estados Unidos.
Após
seu regresso ao Brasil, voltou a embarcar no Rio Grande do Sul rumo a
Recife, para prestar auxílio ao governador Estácio Coimbra, que havia sido
afastado do poder pelo movimento revolucionário deflagrado no dia 3 de outubro
de 1930. No dia 2 de novembro seguinte, já vitoriosa a revolução, embarcou no
mesmo navio, que dessa vez conduzia as forças rebeldes do Nordeste, chefiadas
pelo capitão Juarez Távora, para o Rio de Janeiro. No dia seguinte, o chefe
supremo da revolução, Getúlio Vargas, assumiu o Governo Provisório.
Em junho de 1931, Adalberto Nunes foi designado
ajudante-de-ordens do chefe da 2ª Divisão de Contratorpedeiros. Promovido a
capitão-tenente em junho de 1932, em agosto embarcou no torpedeiro Goiás e
no mês seguinte assumiu o comando do navio Tenente Lahmeyer, nele
permanecendo até dezembro, quando assumiu o cargo de ajudante-de-ordens do
diretor-geral da Aeronáutica Naval. Em abril de 1934 matriculou-se no curso de
aperfeiçoamento de oficiais, que concluiu em janeiro de 1935. Em março desse
ano voltou a embarcar no cruzador Rio Grande do Sul, a bordo do qual
seguiu para o Rio Grande do Norte em novembro, em virtude da Revolta Comunista
deflagrada no dia 23 pelos sargentos, cabos e soldados do 21º Batalhão de Caçadores,
em Natal. No dia 24 o levante eclodiu em Recife e no dia 27 no Rio de Janeiro.
Esse movimento, promovido pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização
liderada pelos comunistas, foi rapidamente debelado pelas forças do governo.
Em
março de 1936, Adalberto Nunes deixou o Rio Grande do Sul e foi
designado instrutor de artilharia do Centro de Instrução da Escola Almirante
Wandenkolk, no Rio de Janeiro, onde ficou até junho de 1938. Dessa data até
janeiro de 1941 esteve embarcado em diversos navios, indo depois servir na
Seção de Explosivos, Minas e Bombas da Diretoria de Armamentos. De junho de 1944 a abril de 1945 comandou a corveta Felipe Camarão, tornando-se em maio seguinte
encarregado de educação física do Centro de Instrução do Rio de Janeiro.
Promovido a capitão-de-fragata em junho de 1946, um ano depois foi colocado à
disposição do governo de São Paulo, na gestão de Ademar de Barros, junto ao
qual exerceu funções técnicas.
De volta ao serviço ativo da Marinha em maio de 1950, no mês
seguinte foi designado chefe do estado-maior do Comando da Força de
Torpedeiros, embarcando no tênder Belmonte. Em setembro de 1951 iniciou
o curso da Escola de Guerra Naval e em junho de 1952 foi designado vice-diretor
de Pessoal da Armada, obtendo em setembro a promoção a capitão-de-mar-e-guerra
para poder exercer as funções do novo cargo. Ainda nesse mês concluiu o curso
da Escola de Guerra Naval. Em janeiro de 1953 foi designado diretor militar do
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, onde permaneceu até dezembro.
De
fevereiro de 1954 a fevereiro de 1955, chefiou a Capitania dos Portos do estado
da Bahia, servindo depois no gabinete do Estado-Maior da Armada (EMA), até o
fim de 1955. Nessa ocasião, ocorreu o movimento militar de 11 de novembro,
deflagrado sob a liderança do general Henrique Teixeira Lott, ministro da
Guerra demissionário, visando, segundo seus promotores, barrar uma conspiração
no governo para impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. O
movimento provocou o afastamento dos presidentes da República Carlos Luz, em
exercício, e Café Filho, licenciado, empossando na chefia do governo o
vice-presidente do Senado, Nereu Ramos.
Em
março de 1956, já no governo de Kubitschek, Adalberto Nunes assumiu a chefia do
Serviço de Informações da Marinha e, em julho de 1957, foi designado chefe de
gabinete do ministro da Marinha, almirante Antônio Alves Câmara Júnior. Em
julho de 1958 foi promovido a contra-almirante e, em setembro, nomeado diretor
da Escola Naval. Promovido a vice-almirante em novembro de 1959, em dezembro de
1960 assumiu a Diretoria Geral de Hidrografia e Navegação. Em agosto de 1961
representou a Marinha na primeira assembléia geral do Instituto Pan-Americano
de Geografia e História, reunida em Buenos Aires. Ocupou a Diretoria Geral de Hidrografia e Navegação até dezembro desse ano,
quando foi nomeado diretor-geral de Eletrônica da Marinha. Deixou esse cargo em
outubro de 1963 para assumir o posto de comandante-em-chefe da Esquadra,
substituindo o vice-almirante Antônio César de Andrade.
Em
março de 1964 irrompeu a Rebelião dos Marinheiros, os quais, liderados pelo
“cabo” José Anselmo dos Santos, permaneceram entrincheirados no Sindicado dos
Metalúrgicos do Rio de Janeiro, onde se encontravam reunidos para protestar
contra as restrições políticas e funcionais impostas à categoria. O ministro da
Marinha, almirante Sílvio Mota, emitiu ordem de prisão contra os organizadores
do evento, mas o presidente João Goulart determinou a libertação dos rebeldes
detidos, provocando o pedido de demissão do ministro, no dia 28 de março, e o
afastamento dos oficiais de sua confiança. Encontrando-se entre esses últimos,
Adalberto Nunes passou o comando-em-chefe da Esquadra ao vice-almirante Norton
Demaria Boiteux. Essa rebelião foi o golpe final no governo Goulart, deposto
com a vitória do movimento político-militar de 31 de março seguinte. Em maio, já
no governo do marechal Humberto Castelo Branco, Adalberto Nunes foi nomeado
diretor-geral de Portos e Costas.
Em agosto de 1966 foi promovido a almirante-de-esquadra e
designado secretário-geral da Marinha, passando a membro efetivo da primeira e
segunda comissões de Promoções da Marinha em setembro. Em fevereiro de 1968 integrou a comissão de estudos do Programa Decenal de
Construção Naval e, após deixar o cargo de secretário-geral da Marinha, foi
designado em novembro chefe do EMA, em substituição ao almirante-de-esquadra
José Moreira Maia.
Em
dezembro de 1968, como culminância de um processo de radicalização política que
dominou o país, foi editado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que decretou o
fechamento do Congresso Nacional e a suspensão de importantes garantias
constitucionais. Em agosto de 1969, quando o marechal Artur da Costa e Silva se
encontrava afastado da chefia do governo por motivo de doença, Adalberto Nunes,
como membro do Alto Comando das Forças Armadas, participou das reuniões que
decidiram a formação de uma junta militar para governar o país até a escolha do
novo presidente da República. Essa junta foi constituída pelos três ministros
militares, general Aurélio de Lira Tavares, do Exército, brigadeiro Márcio de
Sousa e Melo, da Aeronáutica, e almirante Augusto Rademaker, da Marinha, que,
ao assumirem, afastaram da ordem de sucessão legal o vice-presidente Pedro
Aleixo.
Com
a posse do novo presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, em
30 de outubro de 1969, Adalberto Nunes foi nomeado ministro da Marinha, em
substituição a Rademaker, e transmitiu a chefia do EMA ao almirante-de-esquadra
Antônio Borges da Silveira Lobo. Transferido para a reserva remunerada em
setembro de 1970, em novembro visitou oficialmente Portugal, Inglaterra e
Alemanha Ocidental, inspecionando, nos dois últimos países, a construção de
submarinos e de navios varredores encomendados pela Marinha Brasileira. Em
julho de 1972 visitou oficialmente os Estados Unidos e em março de 1974, com o
término do governo Médici, deixou o Ministério da Marinha, sendo substituído
pelo almirante Geraldo de Azevedo Henning.
De acordo com a revista Veja, durante sua gestão no
Ministério da Marinha afastou, gradualmente, a força das atividades policiais,
já que a encontrou diretamente envolvida na repressão política. Equipou a frota
brasileira com torpedeiros, contratorpedeiros e fragatas, bem como desenvolveu
o aprimoramento técnico de toda a Armada.
Em junho de 1975 assumiu a presidência da Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e em abril de 1976 passou a
trabalhar na iniciativa privada como diretor da Sondotécnica Engenharia de
Solos.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1984.
Era casado com Maria Carolina de Sousa Nunes.
FONTES: ARQ. MIN.
MAR.; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório; Globo (30/9/84);
Jornal do Brasil (21/6/75, 20/4/76 e 1/10/84); MIN. GUERRA. Subsídios;
Perfil (1972); Veja (10/10/84); Who’s who in Brazil.