PRESTES,
Olga Benário
*mov. comunista; rev. 1935.
Olga Gutmann Benário — que em
sua atuação política usou os nomes de Olga Sinek, Eva Kruger, Maria Bergner
Vilar, Olga Vilar, Ivone Vilar, Olga Meireles e Maria Prestes — nasceu em
Munique, na Alemanha, em 1908, oriunda de uma família de judeus de classe
média.
Membro
do Partido Comunista Alemão, de 1926 a 1928 trabalhou na legação comercial da
União Soviética, em Berlim, então capital da Alemanha. Em outubro de 1926, foi
presa e processada por suas atividades políticas, sendo acusada de praticar
crimes contra o Estado e a forma republicana de governo. Dois meses depois foi
solta. Em 11 de abril de 1928, chefiou o grupo de assalto armado que retirou
Otto Braun, líder comunista com quem vivia, da prisão. Em seguida viajou com
Otto para Moscou, adotando nessa ocasião o nome de Olga Sinek, codinome que usou
durante toda a sua estada na União Soviética. Em 1931, participou da Comissão
Executiva da Juventude, em Paris, viajando com o nome de Eva Kruger. Ao voltar
a Moscou, foi indicada para o Presidium do V Congresso da Juventude Comunista
Internacional, realizado naquela capital.
Em 1934, Luís Carlos Prestes, revolucionário brasileiro que
vivia na União Soviética desde 1931, foi designado para liderar um movimento
revolucionário no Brasil, aí desembarcando em 11 de abril de 1935, com o nome
de Antônio Vilar, cidadão português que viajava na companhia de sua esposa,
Maria Bergner Vilar. Na verdade, sua mulher era Olga Benário, que fora enviada
ao Brasil com a missão de cuidar da segurança de Prestes. Os dois se conheceram
durante a viagem. De acordo com William Waack, em seu livro sobre os arquivos
de Moscou, Olga era agente do serviço secreto militar soviético e fora
recrutada em 1932 pelo IV Departamento do Estado-Maior do Exército Vermelho
para exercer espionagem militar no estrangeiro.
Nessa ocasião, outros representantes do movimento comunista
internacional, entre os quais o alemão Arthur Ernst Ewert, conhecido como Harry
Berger, o argentino Rodolfo Ghioldi, Léon Jules Vallée e o norte-americano
Victor Alan Baron já se encontravam no Brasil, enviados pelo Komintern para
preparar uma revolução popular no país. Com esse objetivo, o PCB organizou e
assumiu a liderança da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente antifascista
e antiimperialista criada em março de 1935. Embora mantendo-se na
clandestinidade ao lado de Prestes, Olga Benário participou ativamente da
articulação e direção do movimento revolucionário, que culminaria com o levante
de novembro de 1935.
Desencadeando
uma violenta reação por parte do governo, a Revolta Comunista foi rapidamente
reprimida. Olga Benário e Prestes permaneceram escondidos durante quase quatro
meses até que, após intensas buscas, o casal foi preso pela polícia política
numa casa situada na rua Honório nº 279, no subúrbio carioca do Méier. À tarde
desse mesmo dia Olga foi conduzida ao cartório da Delegacia Auxiliar, onde
prestou depoimento assumindo sua condição de mulher de Prestes, mas se
recusando a fornecer quaisquer outras informações para não comprometer seu
marido. Grávida, ficou presa nas dependências da Segurança Pública durante
algum tempo e em seguida foi transferida para o pavilhão dos primários do
presídio da rua Frei Caneca.
Segundo depoimento de Maria Morais Werneck de Castro ao
jornal Voz da Unidade em 1981, alguns dias depois da prisão de Olga, como ela
“estava sentindo muitas dores e como praticamente não existia atendimento
adequado”, os presos fizeram um movimento para que ela fosse atendida e
firmaram um acordo com as autoridades carcerárias para que fosse transportada a
um hospital. No entanto, como relata Graciliano Ramos em seu livro Memórias do
cárcere, “percebemos que Olga Prestes e Elisa Berger iam ser entregues à
Gestapo... As mulheres resistiam, e perto os homens se desmandavam em terrível
barulho. Tinham recebido aviso e daí o furioso protesto”. Assim, tal como sua
companheira, em setembro de 1936 Olga Benário foi retirada da prisão e
deportada para a Alemanha. Aí, numa prisão de mulheres em Berlim, nasceu, em
novembro, sua filha, Anita Leocádia Prestes, que chegaria a pertencer na década
de 1970 ao comitê central do PCB.
Olga Benário, após o resgate de sua filha pela avó paterna,
dona Leocádia, em janeiro de 1938, foi transferida para várias prisões e campos
de concentração. Morreu numa câmara de gás no campo de concentração de
Bernburg, em abril de 1942.
Sobre sua vida foi publicada na República Democrática Alemã a
obra Olga Benário. Die Geschichte eines Tapferen Lebens, de autoria de Ruth
Werner. No Brasil, foi publicado o livro Olga, de Fernando Morais.
FONTES: LEVINE, R.
Vargas; MORAIS, F. Olga; PEIXOTO, A. Getúlio; PORTO, E. Insurreição; RAMOS, G.
Memórias; SILVA, H. 1935; SILVA, H. 1937.WAACK, W. Camaradas.