OLIVEIRA, José Lopes de
*pres. BNH
1979-1983.
José Lopes de Oliveira nasceu
em Vitória em 10 de abril de 1927, filho de Ivan de Oliveira e Amélia Carlos
Oliveira.
Ingressou no Banco do Brasil em 1948. Formou-se dois anos
depois pela Faculdade de Direito da Universidade do Distrito Federal, no Rio de
Janeiro. Em 1953, recebeu indicação direta do ministro Osvaldo Aranha para ser
seu assistente no Ministério da Fazenda, permanecendo nessa função até 1954.
Foi responsável pela reorganização das operações orçamentárias e de câmbio do
Banco do Brasil, redefinindo suas relações com o Ministério da Fazenda. Entre
1956 e 1959, foi assessor dos diretores executivos da Superintendência da Moeda
e do Crédito (Sumoc). Nesse órgão, em 1958, participou do Grupo Executivo da
Indústria de Construção Naval (Geicon). Em 1959, vinculou-se novamente ao Ministério
da Fazenda, onde veio a integrar a assessoria técnica do ministro Sebastião
Pais Almeida, sendo o principal assessor para assuntos de política financeira.
Entre 1960 e 1961, integrou-se à Junta Administrativa da Caixa de Amortização.
Ainda em 1961 integrou a assessoria técnica do presidente do
Banco do Brasil, na qual permaneceria durante os dois anos seguintes.
Simultaneamente, na Sumoc, tornou-se relator do Plano de Padronização da
Contabilidade Bancária, posto que viria a ocupar durante os seis anos
seguintes. Também na Sumoc, assumiu o cargo de inspetor de bancos,
desempenhando-o durante cinco anos. Em 1963, participou da assessoria técnica
dos ministros da Fazenda Carvalho Pinto e Nei Galvão. Em 1964, após o movimento
político-militar que derrubou o presidente João Goulart em 31 de março,
desempenhou a função de emissário pessoal do novo presidente da República,
Castelo Branco, junto ao presidente da França, Charles de Gaulle, para a
normalização das relações diplomáticas. Nesse mesmo ano, foi assessor do
secretário-geral e do inspetor-geral da Sumoc.
Em 1966, ainda vinculado ao Banco do Brasil, desempenhou a
chefia da Contabilidade Geral. Nesse mesmo ano, redigiu a tese denominada
“Bases para a estabilização monetária com crescimento econômico”, apresentada
pela Confederação Nacional do Comércio à Conferência das Classes Produtoras de
São Paulo sobre a Realidade Brasileira.
Em 1967 assumiu o cargo de diretor financeiro da
Superintendência Nacional da Marinha Mercante (Sunamam), promovendo uma revisão
da política financeira da indústria da construção naval ao criar o Fundo de
Refinanciamento da Marinha Mercante. Nesse mesmo ano, viajou ao México e aos
EUA para negociar a possibilidade de esses países comprarem navios construídos
no Brasil e, no ano seguinte, esteve na Europa para obter empréstimos para o
Ministério dos Transportes. Relator da reformulação da lei básica do Fundo da
Marinha Mercante, publicada como decreto-lei em janeiro de 1969, durante o
período em que esteve na direção da Sunamam estreitou seu relacionamento com
Mário Andreazza, ministro dos Transportes, ao qual a superintendência estava
subordinada.
Em 1970, deixou a direção da Sunamam e assumiu a presidência
do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Sua gestão foi marcada pela expansão
do instituto e do mercado segurador. Incentivou a fusão e incorporação de
companhias como forma de dotar o sistema de maior solidez. Em 1974, fundou a
primeira subsidiária do IRB, em Londres, como parte da política de
internacionalização do resseguro. Em 1977, fundou a United Americas Insurance
Company (UAIC), companhia de resseguros controlada por capitais brasileiros e
com sede em Nova Iorque, da qual foi o primeiro presidente.
Convidado a ocupar a presidência do Banco Nacional da
Habitação (BNH) pelo ministro do Interior, Mário Andreazza, assumiu o cargo em
março de 1979, no início da presidência de João Figueiredo, sucedendo Maurício
Schulman. No mesmo mês, tornou-se titular da diretoria do Banco Interamericano
de Poupança e Empréstimo (Biape), sediado em Caracas. Ainda em 1979, passou a integrar o Conselho Fiscal da Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN).
No BNH deixou manifesta a intenção de ampliar a fiscalização
sobre as aplicações dos recursos da caderneta de poupança captados pelos
agentes financeiros e a disposição contrária ao ingresso maciço de empresas
estrangeiras na área da habitação. Caracterizou sua administração pelo
saneamento no mercado financeiro, obrigando as associações de poupança e
empréstimo a transformarem-se em empresas de crédito imobiliário. Em dezembro
de 1982, enfrentou uma denúncia feita pela imprensa acerca do favorecimento da
empresa Delfin Crédito Imobiliário numa negociação de dívidas com o BNH. Em novembro
de 1983, ameaçou renunciar à presidência do BNH, caso o governo não revisse a
sua política salarial, um dos principais responsáveis pelo grande número de
mutuários inadimplentes no Sistema Financeiro de Habitação. Com a proximidade
da sucessão, por via indireta, do presidente Figueiredo, não concordou com a
subordinação do BNH aos compromissos de campanha de Andreazza. Pediu demissão
em dezembro de 1983, sendo sucedido por Nélson da Mata. Ainda no mesmo ano,
encerrou suas atividades governamentais deixando a presidência do Conselho
Fiscal da CSN e a diretoria do Biape.
A partir de então, dedicou-se apenas a atividades privadas.
De março de 1984 a novembro de 1985, ocupou a vice-presidência do Banco de
Comércio e Indústria de São Paulo S.A. — (Comind). Em 1991, tornou-se
representante no Brasil da Skandia International Insurance Co., maior grupo
segurador da Escandinávia. Em 1993 assumiu a presidência da Associação
Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), onde permaneceria até setembro
de 1999. Em setembro de 1997, a Skandia vendeu sua carteira de negócios de
seguros para a empresa alemã Hanover e desde então passou a atuar como
representante dessa empresa no Brasil.
Casou-se com Zenita Ferrano de Oliveira, com quem teve quatro
filhos.
Gustavo Lopes
FONTES: CURRIC. BIOG.; Globo
(11/11/79); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (12/8/81); Veja
(12 e 26/1, 15/6 e 7/12/83).