MARIA, OTÁVIO
MARIA, Otávio
*dep. fed. SP
1963-1964.
Otávio Rodrigues Maria nasceu
em Botucatu (SP) no dia 19 de dezembro de 1921, filho de José Rodrigues Maria e
de Leontina Rodrigues Maria.
Ferroviário da Estrada de Ferro Sorocabana, iniciou em 1945
sua vida política em Botucatu, militando no movimento sindical da categoria.
Pelas atividades que desenvolveu, foi demitido da empresa, acentuando, a partir
de então, sua liderança nos meios trabalhistas. Colaborou nesse período,
juntamente com Olavo Previatti — que viria a presidir a Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) entre 1968 e 1970 —, na organização do
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em São Paulo.
Participou
do esquema sindical getulista durante o segundo governo de Getúlio Vargas
(1951-1954) e comandou diversas campanhas do PTB paulista. Homem de confiança
de João Goulart, liderou em São Paulo a campanha que o conduziu à
vice-presidência da República em 1960, sendo por isso considerado o seu maior
“eleitor” no estado. No mesmo pleito, empenhou-se pela eleição do candidato de
Goulart, Cantídio Sampaio, à prefeitura paulistana. No entanto, com a vitória
de Francisco Prestes Maia para o cargo, a nova administração instaurou uma
série de inquéritos para apurar irregularidades da gestão anterior, de Ademar
de Barros, no Executivo municipal. Otávio Maria foi envolvido num desses
inquéritos, acusado de promover transações comerciais irregulares com a
Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC). Essas acusações foram
depois consideradas insubsistentes.
Nas eleições de outubro de 1962, foi um dos que encabeçou em São Paulo a Frente Janguista, defendendo as reformas de base propostas por Goulart, já então
presidente da República. Elegeu-se nessa ocasião primeiro suplente de deputado
federal pelo estado na legenda do Partido Republicano (PR). Com Olavo Previatti
e outros líderes sindicais, criou o movimento denominado Resistência Nacional,
dedicado a combater os “radicalismos da esquerda e da direita”, denunciando
tanto a ação comunista, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e o Pacto de
Unidade e Ação (PUA), como os grupos econômicos internacionais e o Instituto
Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), a quem acusava de comprar “traidores por
meio do dinheiro”.
Em
10 de dezembro de 1963, assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados, em virtude
da recontagem de votos promovida pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo,
que anulou sufrágios do deputado Millo Cammarosano, rebaixado por isso à
condição de suplente. Opôs-se em seguida às greves articuladas pelo CGT e o
PUA, conclamando os trabalhadores a recorrer à Justiça do Trabalho para dirimir
seus conflitos com os patrões. Em janeiro de 1964, lamentou a vitória das
forças de esquerda na CNTI, advertindo que esse resultado aceleraria a “comunicação
do país”.
Com a vitória do movimento político-militar de 31 de março de
1964, procurou ressaltar sua atuação anticomunista, respondendo, em longa carta
aberta (21/4/1964), às acusações de corrupção e subversão que lhe foram feitas
pelo deputado federal udenista Herbert Levy. No entanto, em 13 de junho daquele
ano, teve seu mandato cassado com base no Ato Institucional nº 1, editado em 9
de abril de 1964 pela junta militar que assumiu o poder após a derrubada do
presidente João Goulart.
Retirado da vida pública, em 1969 foi acusado de estelionato
e envolvido em inquérito sobre compra fraudulenta de propriedades rurais e de
tratores. Nesse mesmo ano, no dia 8 de novembro, no interior de um veículo,
assassinou a tiros uma mulher e tentou o suicídio, sendo hospitalizado.
FONTES: ARQ. DEP. PESQ.
JORNAL DO BRASIL; CÂM. DEP. Anais; CÂM. DEP. Deputados; Cruzeiro (6/10/62);
Estado de S. Paulo (6/12/63 e 14/11/69); TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6);
Última Hora (21/4/64).