MANSUR, Beto
*dep. fed. SP 1991-1996, 2007-
Paulo Roberto Gomes Mansur
nasceu em São Vicente (SP) no dia 7 de julho de 1951, filho de Paulo Jorge
Mansur e de Maria Gomes Mansur. Seu pai foi deputado federal entre 1963 e 1964, quando teve seu mandato cassado pelo regime militar instaurado no país em abril de 1964.
Engenheiro eletrônico
formado em 1978 pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, entrou na política em 1988, quando se elegeu vereador por Santos, na legenda do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Líder do partido na Câmara, participou dos trabalhos de elaboração da Lei Orgânica municipal de 1989, foi membro das
comissões de Administração Municipal, de Finanças e Orçamento e de
Sistematização no período 1989-1990 e presidiu as comissões especiais sobre a
Central de Abastecimento de Santos, a Escola Federal de Cubatão e a emancipação
de Bertioga.
Em 1990 filiou-se ao
Partido Democrático Trabalhista (PDT) e ganhou a eleição para deputado federal.
Deixou a vereança e, na Câmara dos Deputados, integrou a Comissão de Ciência e
Tecnologia, Comunicação e Informática; a comissão especial sobre desportos e a
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional; e, como suplente, as comissões de Educação, Cultura e Desporto; de
Viação e Transportes, Desenvolvimento Urbano e Interior; e a comissão especial
sobre serviços, tarifas, construção e exploração dos portos.
Na sessão de 29 de
setembro de 1992, votou a favor da abertura do processo de impeachment do
presidente Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade por
ligações com um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua
campanha presidencial, Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a
votação, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão do processo pelo Senado, sendo efetivado na presidência da República
o vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde o dia
2 de outubro.
Derrotado na disputa pela
prefeitura de Santos, em outubro de 1992, por Davi Capistrano, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), no ano seguinte Beto Mansur foi escolhido pela
bancada pedetista quarto-vice-líder do partido. Ainda em 1993 foi aos Estados
Unidos para conhecer o funcionamento das companhias telefônicas de oito
estados. Filiado ao Partido Progressista Reformador (PPR) em 1994, foi membro titular das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; do
Orçamento e da comissão especial que examinou a legalidade dos jogos de azar;
como suplente, participou da Comissão de Viação e Transportes e da CPI mista
sobre irregularidades na TV Jovem Pan.
Nas principais matérias
constitucionais apresentadas na Câmara dos Deputados ao longo da legislatura
1991-1995, votou a favor da criação do Imposto Provisório sobre Movimentação
Financeira (IPMF), de 0,25% sobre transações bancárias, criado como fonte
complementar de recursos para a saúde; e da criação do Fundo Social de
Emergência (FSE), que permitia ao governo retirar recursos de áreas como saúde
e educação para ter maior liberdade de administração das verbas. Manifestou-se
contra o fim do voto obrigatório.
Em outubro de 1994, foi reeleito deputado federal por São Paulo, com a maioria dos votos provenientes de suas
bases eleitorais em Santos, São Vicente e região. Foi, então, segundo vice-presidente da mesa e corregedor-geral da Câmara.
Defensor da modernização
dos portos, foi favorável à extinção da cobrança do Adicional de Tarifa
Portuária (ATP), criado com a finalidade de constituir um fundo para os portos
investirem na modernização de sua infra-estrutura. Defendeu, ainda, a criação do Grupo Executivo de Modernização Portuária, apoiando a decisão do governo
de incluir os portos no Programa Nacional de Desestatização.
Coordenador de uma frente
de parlamentares favoráveis à flexibilização do monopólio das telecomunicações, em maio de 1995 opôs-se à aprovação de uma lei específica que visava regulamentar as
atividades do setor e à criação de um órgão para controlá-lo. Segundo ele, sem essa especificação, o monopólio estaria quebrado imediatamente depois da promulgação da
emenda constitucional, acelerando a abertura do sistema Telebrás ao capital
privado. Em agosto desse mesmo ano, ingressou no Partido Progressista
Brasileiro (PPB), resultado da fusão do PPR com o Partido Progressista (PP).
Ainda em 1995 foi o coordenador da delegação parlamentar brasileira em visita
ao Reino Unido, para conhecer o programa de privatização do governo inglês.
Apresentou emenda ao
orçamento da União para 1996, retirando toda a verba prevista para as
companhias telefônicas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná investirem em telefonia celular, o que as impediria de competir com as empresas
privadas num dos ramos de maior crescimento no país. A emenda previa ainda o
remanejamento dessas verbas públicas para investimentos nos serviços básicos, como o sistema convencional e a telefonia rural. Em defesa de sua proposta, argumentou que o governo deveria deixar à iniciativa privada a exploração do segmento da
telefonia celular, por considerá-la capaz de prestar melhores serviços ao
usuário.
Como corregedor da Câmara, responsável pela análise do comportamento dos parlamentares, presidiu a comissão de
sindicância que apurou as denúncias contra os deputados Marquinho Chedid, do Partido Social Democrático (PSD) de São Paulo, e Eurico Miranda (PPB-RJ), integrantes da CPI dos bingos, por crime de extorsão. Segundo proprietários desses
estabelecimentos em São Paulo, Chedid havia recebido propinas em troca de
tratamento privilegiado na CPI, enquanto Miranda, relator da comissão, sugerira que Chedid poderia ajudá-los. Em abril de 1996, foi solicitada a cassação do mandado
de Chedid, mas a comissão rejeitou as denúncias, colocando em dúvida a
credibilidade destas.
Nas votações das emendas
contitucionais propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso, Beto Mansur votou a favor da abertura da navegação de cabotagem às embarcações estrangeiras, da mudança no conceito de empresa nacional e da quebra do monopólio estatal das
telecomunicações, da Petrobras na exploração de petróleo e dos estados na
distribuição de gás canalizado.
Em outubro de 1996
lançou-se novamente candidato à prefeitura de Santos, na legenda do PPB. Embora
a candidata petista Telma de Sousa tivesse mantido folgada margem nas pesquisas
de intenção de voto durante a campanha, indicando que o pleito seria decidido
já no primeiro turno, ao se aproximar a data da eleição Beto Mansur subiu na
preferência do eleitorado, forçando a realização de um segundo turno no dia 15
de novembro seguinte. Contando com o apoio de vários partidos, de igrejas evangélicas e da mídia, e ainda beneficiado pelas disputas intestinas no PT, Beto Mansur derrotou por pequena margem de votos a oponente, pondo fim a oito anos de
administração da cidade portuária pelo PT.
Em seus últimos dias na
Câmara, apresentou emenda ao projeto de reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos, condicionando a disputa de novo mandato presidencial ao resultado de
um plebiscito em 1998 e admitindo a possibilidade de nova reeleição em 2002.
Seguindo o modelo de
gestão do ex-prefeito paulista Paulo Maluf (1993-1997), Beto Mansur anunciou
como prioridade de seu governo a construção de um túnel e de prédios do projeto
Cingapura em favelas. Em dezembro de 1996, declarou que acabaria com o programa
de atendimento integral às crianças carentes — iniciativa do governo anterior, premiada pela Hábitat (conferência das Nações Unidas sobre urbanismo), pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial de Saúde. Também
criticou o albergue para adultos, alegando que Santos “estava atraindo mendigo
e criança de rua”. Empossado em 1º de janeiro de 1997, deixou sua cadeira na
Câmara dos Deputados para Lamartine Posella, também do PPB. Seis meses depois, Beto Mansur iniciou o processo de privatização de alguns serviços públicos, tais como a coleta de lixo e o transporte coletivo, visando à redução de despesas para o
pagamento da dívida da prefeitura.
Em 2000, ano em que o PPB passou a se chamar apenas de Partido Progressista (PP), buscou a reeleição
para a prefeitura de Santos, concorrendo novamente com Telma de Sousa. Favorita
no início das eleições, Telma perdeu novamente para Mansur, que organizou uma ampla aliança partidária em torno de sua candidatura. Mesmo com as denúncias
de que teria recebido várias ligações do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, pivô do escândalo de desvio de verbas para a construção do prédio do Tribunal Regional do
Trabalho em São Paulo, Mansur ganhou a eleição em segundo turno com 52% dos
votos válidos. Em 2004, seu candidato à prefeitura de Santos, João Paulo Papa (PMDB), infligiu nova derrota a Telma dos Santos.
Em 2006, começou a campanha como pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, mas em junho, diante das pesquisas que lhe davam em torno de 1% das intenções de voto, decidiu em conjunto
com a Executiva do PP que era melhor seguir a candidatura a deputado federal.
Assim, foi eleito deputado federal por São Paulo na legenda do PP, com 67.447 votos.
Dono da Rede
VTV, atuou ainda como radialista e jornalista, tendo participado de programas
nas TVs Bandeirantes, Gazeta e Record e nas rádios Cultura, Gazeta e Bandeirantes. Foi sócio de emissoras de rádio em São Vicente e Santos, além de colaborar e assinar colunas nos periódicos Jornal da Orla, Repórter do Litoral, Espaço Aberto e Paradise News.
Casou-se com
Ilídia Bolzan Mansur, com quem teve dois filhos.
Eurídice
Roberti/Marcelo Costa/Manoel Dourado Bastos (atualização)
FONTES: CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório
(1995-1999); DIAP. Boletim (8/96); Estado de S. Paulo (22/10/93, 26/4, 27/5, 27/9 e 8/12/95, 20, 22 e 30/11/96, 6/7/97); Folha de S. Paulo (18/9/94, 31/1 e 25/12/95 , 14 e 23/1, 1/2 e 29/12/96, 30/1/97); Globo (31/5 e 12/12/95); Perfil
parlamentar/IstoÉ, Perfil UOL, Eleições 2006.