FRONTIN,
Pedro de
*militar; ch. EMA 1920-1922, min. STM 1926-1938.
Pedro Max Fernando de Frontin nasceu em Petrópolis (RJ) no dia 8 de fevereiro de 1867,
filho de João Gustavo de Frontin e de Eulália Hyppolite Rose de Frontin,
franceses. Era irmão do engenheiro André Gustavo Paulo de Frontin (1860-1933),
que durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906) notabilizou-se como um dos
principais colaboradores do prefeito Pereira Passos na remodelação urbanística
do Rio de Janeiro, então Distrito Federal.
Fez seus primeiros estudos em uma escola da Instrução Pública
da Corte, no externato do Colégio Pedro II e no Colégio Naval. Ingressou em
1882 na Escola Naval, tornando-se guarda-marinha em 1884 e alcançando nesse
mesmo ano o posto de segundo-tenente. Promovido a primeiro-tenente em 1886,
atingiu as patentes de capitão-tenente em 1890 e capitão-de-corveta em 1902.
Imediato do encouraçado Deodoro, em novembro de 1904
participou da mobilização de forças em resposta ao levante da Escola Militar e,
em seguida, na repressão à Revolta da Vacina, que a pretexto de combater a
obrigatoriedade da vacinação contra a febre amarela ensejou o desencadeamento
da insatisfação popular com o governo.
Nomeado comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros do Rio
Grande do Sul em maio de 1905, permaneceu no cargo até o ano seguinte, quando
regressou à capital federal e assumiu a diretoria da Escola de Timoneiros e o
comando do navio-escola Primeiro de Março. Em abril de 1907, foi nomeado
chefe de gabinete do ministro da Marinha, almirante Alexandrino de Alencar, mas
só ocupou o cargo até dezembro do mesmo ano.
Em
janeiro de 1908 partiu para Glasgow, na Escócia, com a missão de trazer para o
Brasil o contratorpedeiro Piauí, do qual havia sido nomeado comandante.
Retornou ao Rio apenas em fevereiro de 1909, e em agosto do mesmo ano tornou a
ser designado para a chefia de gabinete do ministro da Marinha. Em agosto de
1910 foi promovido a capitão-de-fragata, e em novembro deixou o ministério para
assumir o comando do cruzador Rio Grande do Sul.
Em seguida, no dia 22 desse mesmo mês, eclodiu a chamada
Revolta da Chibata, em protesto contra os castigos corporais que ainda eram
impostos aos marinheiros da Armada. Frontin participou da repressão ao
movimento, sufocando um motim a bordo do Rio Grande do Sul e engrossando
o bombardeio à ilha das Cobras, onde se encontrava o batalhão naval insurreto.
Promovido a capitão-de-mar-e-guerra em dezembro de 1912, no
mês seguinte deixou o comando do Rio Grande do Sul e assumiu a chefia da
1ª Seção do Estado-Maior da Armada (EMA), que ocupou apenas até maio de 1913.
Em seguida, comandou o encouraçado São Paulo até janeiro de 1915, quando
foi nomeado comandante do Corpo de Marinheiros Nacionais. Em maio, ascendeu à
patente de contra-almirante, e em julho deixou o Corpo de Marinheiros para
assumir o comando da 2ª Divisão Naval, composta dos cruzadores Barroso, Rio
Grande do Sul e Bahia. No ano seguinte, foi enviado como embaixador
extraordinário à posse do presidente da Argentina.
Em 1917, a 2ª Divisão Naval foi extinta, e Frontin foi
designado comandante da Divisão Naval Sul. Quando, em outubro do mesmo ano, o
Brasil declarou guerra ao Império alemão, foi escolhido para comandar a Divisão
Naval em Operações de Guerra (DNOG). Nomeado em janeiro de 1918, assumiu o
comando da DNOG em fevereiro. Faziam parte desta força os cruzadores Bahia e
Rio Grande do Sul, os contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte,
Paraíba e Santa Catarina, o cruzador auxiliar Belmonte e o
rebocador Laurindo Pita.
As
primeiras unidades da DNOG começaram a deixar o porto do Rio em maio de 1918,
com destino a Freetown (Serra Leoa). Em Dacar, no Senegal, os navios foram
assolados por uma forte epidemia, que vitimou 464 homens da guarnição, que
totalizava dois mil marinheiros e oficiais. Foi necessário enviar reforços do
Rio de Janeiro para recompor a tripulação.
A DNOG, agregada à capitânia das forças navais inglesas do
litoral ocidental da África, tinha como missão proteger a linha de embarcações
que circulavam na área, infestada de submarinos alemães.
Com a decretação do armistício em novembro de 1918, a DNOG retornou ao Brasil, onde chegou em junho de 1919, sendo dissolvida. Em julho, Pedro de
Frontin foi nomeado diretor da Escola Naval de Guerra, onde permaneceu até janeiro
de 1920, quando foi escolhido para o posto de chefe do EMA.
Promovido a vice-almirante em maio de 1920, foi exonerado da
chefia do EMA em novembro de 1922. Em seguida, ocupou o cargo de diretor-geral
do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
Em novembro de 1926, foi nomeado ministro do Superior — então
Supremo — Tribunal Militar (STM), deixando o serviço ativo. Eleito
vice-presidente do STM em 1931 e reeleito em 1932, ascendeu à presidência do
tribunal em julho de 1934 com a aposentadoria do marechal José Caetano de
Faria, vindo a ser reeleito em 1936.
Foi
aposentado compulsoriamente em fevereiro de 1938, por ter atingido o limite
máximo de idade previsto na Constituição para o cargo. Reformado em seguida,
faleceu no Rio de Janeiro, solteiro, no dia 6 de abril de 1939.
Robert
Pechman
FONTES: ALMEIDA, A.
Dic.; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Encic. Mirador; Grande encic.
Delta; Grande encic. portuguesa; LAGO, L. Conselheiros; MACEDO, R. Efemérides;
MIN. GUERRA; Almanaque; MIN. MAR. Almanaque (1934);
NOGUEIRA, F. Supremo; SERV. DOC. GER. MARINHA; SILVA, H. 1937.