PEREIRA
FILHO, Antônio Luciano
*dep. fed. MG 1963-1967.
Antônio Luciano Pereira Filho nasceu em São Gotardo (MG) no dia 27 de maio de 1913, filho
de Antônio Luciano Pereira e de Olímpia de Resende Pereira.
Iniciou os estudos em sua cidade natal, completando o
primário em São João del Rei (MG), em 1925. Fez o secundário em Formiga (MG) e em Ouro Preto (MG), onde concluiu o curso em 1929. Ingressou no ano seguinte na Faculdade de
Medicina de Belo Horizonte e formou-se em 1935.
Exerceu a medicina na capital mineira até 1939. No início da
década de 1950 fundou o Banco Financial da Produção S.A. fechado em 1954 pela
Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), antecessora do Banco Central,
devido a uma série de irregularidades.
Foi proprietário do maior complexo de usinas de açúcar e
álcool de Minas Gerais, em Luciânia, nome com que batizou a cidade numa
auto-homenagem. Durante certo período, a cidade teve sua própria “moeda”, o
luciano, bônus que os empregados recebiam como adiantamento salarial, com o qual
podiam fazer compras e pagamentos. O luciano vigorou até ser proibido pelo
governo federal.
Atraído
pela política devido à amizade com o ex-presidente Juscelino Kubitschek,
filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD) e em outubro de 1962 foi eleito
deputado federal por Minas Gerais. Em 1964, apoiou o movimento político-militar
de 31 de março que depôs o presidente João Goulart (1961-1964). Com a extinção
dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 de 27 de outubro de 1965,
editado pelo então presidente Humberto Castelo Branco (1964-1967), e a
instauração do bipartidarismo, Antônio Luciano filiou-se à Aliança Renovadora
Nacional (Arena), partido criado para dar sustentação política ao regime
militar.
No
pleito de novembro de 1966, concorreu à reeleição à Câmara dos Deputados na
nova legenda, mas só conseguiu uma suplência. A edição do Ato Institucional nº
5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, pelo presidente Artur da Costa e Silva
(1967-1969), determinou o endurecimento do regime e intensificou o processo de
cassações. No dia 29 de abril de 1969, Antônio Luciano teve seus direitos
políticos suspensos por dez anos, apesar do apoio ao regime.
Foi
o maior proprietário de terrenos urbanos da história de Belo Horizonte,
incluindo bairros e favelas inteiras, como a Cabana do Pai Tomás, onde viviam
cerca de 50 mil pessoas. Desenvolveu seu patrimônio a partir da herança deixada
pelo pai. Entre os bens conhecidos, constavam pelo menos mil fazendas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, além de outras no Uruguai e no Paraguai.
Somente na região metropolitana de Belo Horizonte chegou a ter, segundo sua
própria estimativa, cerca de cem mil lotes. A Companhia Urbanizadora de Belo
Horizonte (Urbel) estimava entre 60 e 80 mil o número de lotes. Tinha também
aproximadamente mil casas alugadas, dois hotéis de três e quatro estrelas,
várias áreas de estacionamento, postos de gasolina, oito aviões e 11 dos 18
cinemas da capital mineira. Para evitar que o governo estadual desapropriasse
parte de seu patrimônio em Belo Horizonte, doou, em 1979, uma área para
construção de um parque.
Faleceu em Belo Horizonte, no dia 19 de junho de 1990.
Era
casado com Clara Henrique Luciano Pereira, com quem teve três filhos, um dos
quais adotivo. Teve um número incerto de filhos naturais, embora haja uma
estimativa de que tenham sido 30. Até sua morte, 21 haviam comprovado a
descendência através de exames de sangue e foram judicialmente reconhecidos.
FONTES: CÂM. DEP. Anais;
Folha de S. Paulo (19/6/90); Globo (19/6/90); Jornal do Brasil
(2/5/79 e 19/6/90); TRIB. SUP. ELEIT. Dados (8 e 9).