REIS,
Anfilóquio
*militar; ch. EMA 1935-1938; min. STM 1938-1941.
Anfilóquio Reis nasceu
no povoado de Córrego da Prata, distrito de Carmo (RJ), no dia 29 de dezembro
de 1877, filho de João Crisóstomo dos Reis e de Elisa Ferreira Reis.
Fez seus estudos secundários no Colégio Militar do Rio de
Janeiro, formando-se na primeira turma saída desse estabelecimento, fundado em
1889. Em junho de 1895 ingressou na Escola Naval, saindo guarda-marinha em 1898.
Em novembro deste ano foi promovido a segundo-tenente e no mesmo mês do ano
seguinte a primeiro-tenente. Desempenhou em seguida várias comissões, no
cruzador Barroso, no navio-escola Benjamim Constant e no couraçado Deodoro,
integrando nessa época a divisão naval que acompanhou o presidente da República
Manuel Ferraz de Campos Sales (1898-1902) na visita à Argentina. Ao tempo em
que era ainda primeiro-tenente, introduziu na Marinha a telegrafia ótica e os
sinais luminosos a grande distância.
Promovido a capitão-tenente em janeiro de 1903, tornou-se
instrutor de navegação de guardas-marinha no cruzador Barroso, em viagem ao
Chile, Argentina e Uruguai. De volta ao Brasil, seguiu para a Flotilha do
Amazonas, como instrutor no contratorpedeiro Timbira, assumindo a seguir o
comando desse navio. No navio-escola Benjamim Constant fez uma viagem de
instrução, visitando diversos portos europeus. Regressando ao Brasil, foi
designado ajudante do Batalhão Naval, e, a seguir, nomeado para a comissão de
fiscalização do couraçado Minas Gerais, adquirido pelo Brasil na Inglaterra, do
qual se tornou imediato ao voltar de uma viagem que fez logo depois à América
do Norte.
Chegando
ao posto de capitão-de-corveta em abril de 1913, comandou o Batalhão Naval, a
Reserva Naval, os contratorpedeiros Paraíba e Paraná, passando a imediato do
navio-escola Benjamim Constant em viagem pela costa brasileira. Após a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), comandou o tênder Belmonte em viagem pela Europa,
transportando gêneros alimentícios para o Mediterrâneo, a costa norte da África
e o sul da Europa. Promovido a capitão-de-fragata em junho de 1920, voltou para
o Brasil trazendo munição de guerra recebida em portos europeus, e comandou as
escolas profissionais, a de grumetes, o navio de transporte Carlos Gomes, o
navio-escola Benjamim Constant em viagem de instrução, e a Flotilha de Mato
Grosso. Ainda com esta patente ocupou a chefia do Estado-Maior da Esquadra.
Em
janeiro de 1926, quando exercia as funções de comandante do couraçado São
Paulo, posto que ocupou por quatro anos, chegou a capitão-de-mar-e-guerra e
passou a comandar a Flotilha de Submarinos. Em seguida, foi designado capitão
dos Portos do Rio Grande do Sul. Transferido para o comando da Capitania dos
Portos do Rio de Janeiro, foi nomeado diretor da Escola Naval, recebendo em
1932 a patente de contra-almirante. Exerceu ainda nesse período os cargos de
diretor-geral de Ensino, diretor de Fazenda e diretor de Navegação.
Em
novembro de 1935 assumiu a chefia do Estado-Maior da Armada (EMA), recebendo a
patente de vice-almirante em fevereiro de 1936. Nesse ano, ao ser feita a
revisão do contrato da Itabira Iron Ore Company, relacionado com a instalação
de uma indústria siderúrgica no país, a Comissão de Segurança Nacional da
Câmara dos Deputados solicitou às forças armadas que se pronunciassem sobre a
matéria. Como chefe do EMA, Anfilóquio Reis assinou o parecer do seu setor, que
analisou somente as cláusulas que diziam respeito diretamente aos serviços do
EMA e as que eram prejudiciais à segurança nacional, concluindo que seria mais
conveniente que o governo tomasse a si a resolução do problema da siderurgia.
Por sua sugestão, o ministro da Marinha, vice-almirante Henrique Aristides
Guilhem, ouviu o Conselho do Almirantado, que impugnou o projeto do
contrato em curso no Legislativo qualificando-o de contrário aos interesses da
defesa nacional.
Deixando a chefia do EMA em fevereiro de 1938, assumiu logo
em seguida o cargo de ministro do Supremo — atual Superior — Tribunal Militar,
que exerceu até agosto de 1941, quando foi aposentado.
Faleceu no dia 8 de setembro de 1941.
Foi co-autor de Manual de timoneiro (1909) e publicou ainda
Cerimonial marítimo, Ginástica a corpo livre, Manual para as embarcações miúdas
e Dicionário técnico.
FONTES: CORRESP.
SERV. DOC. GER. MAR.; CORRESP. SUP. TRIB. MILITAR; Grande encic. Delta; Jornal
do Brasil (28/12/77); LAGO, L. Conselheiros; MIN. MAR. Almanaque (1940); VELHO
SOBRINHO, J. Dic.