REIS,
Artur César Ferreira
*jornalista; gov. AM 1964-1967.
Artur César Ferreira Reis nasceu em Manaus no dia 8
de janeiro de 1906, filho do jornalista e teatrólogo Vicente Torres da Silva
Reis e de Emília Ferreira Reis.
Fez
o curso primário no Grupo Escolar Saldanha Marinho e o secundário no Ginásio
Amazonense, em sua cidade natal. Em 1923 iniciou seus estudos jurídicos na
Faculdade de Direito de Belém e, no ano seguinte, transferiu-se para o Rio de
Janeiro, então Distrito Federal. Bacharelou-se em 1927 pela Faculdade de
Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
Voltou a Manaus em 1928, tornando-se redator-chefe do Jornal
do Comércio da capital amazonense, de propriedade de seu pai. Iniciou suas
atividades no magistério como professor de história do Brasil no Colégio Dom
Bosco e na Escola Normal do Amazonas, também na capital. Participou ativamente
dos desdobramentos da Revolução de 1930 em seu estado e, após a deposição do
governador Dorval Pires Porto, auxiliou a junta governativa revolucionária que
assumiu o governo, como chefe de gabinete. Prosseguiu sua carreira no
magistério lecionando na Escola de Comércio Solon de Lucena e na Faculdade de
Direito do Amazonas. Em 1938, já após a instauração do Estado Novo
(10/11/1937), deixou o Jornal do Comércio, mudando-se no ano seguinte
para Belém, onde foi colaborador dos jornais O Estado do Pará e Folha
do Norte e professor dos colégios Paraense, Nossa Senhora do Carmo
e Moderno.
Em
1946, já no governo de Eurico Dutra (1946-1951), assumiu a chefia da Divisão de
Expansão Econômica do Departamento Nacional de Indústria e Comércio do
Ministério do Trabalho. No ano seguinte chefiou a delegação brasileira à
Conferência do Comércio e Emprego, realizada em Havana, Cuba, sob o patrocínio
da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1948 foi diretor-geral do
Departamento Estadual do Trabalho de São Paulo no governo de Ademar de Barros e
desse ano a 1949 integrou a Comissão de Mão-de-obra da Comissão Mista
Brasileiro-Americana de Estudos Econômicos. Secretariou ainda a comissão
técnica que, por determinação do presidente Getúlio Vargas (1951-1954), estudou
em 1951 os programas de trabalho a serem executados na Amazônia visando sua
valorização.
Após a promoção de uma conferência administrativa sobre os
problemas da região pela assessoria da presidência, foi criada a
Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA). Para
presidir esse órgão Vargas cogitou primeiramente o nome de Juarez Távora, cuja
saúde no entanto não lhe permitiu aceitar o encargo. Em seguida nomeou Artur
César Ferreira Reis, que assumiu a superintendência em 1953, quando deixou a
chefia da Divisão de Expansão Econômica do Departamento Nacional de Indústria e
Comércio do Ministério do Trabalho. Ferreira Reis permaneceu à frente da
SPVEA até 1955 e, em junho do ano seguinte, tornou-se diretor do Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia, cargo que desempenhou até junho de 1958. Em
1961 dirigiu o Departamento de História e Divulgação do estado da Guanabara, no
governo de Carlos Lacerda (1960-1965). Foi diretor-geral do Departamento
Nacional da Indústria em 1963 e delegado do Brasil à Conferência de Comércio e
Desenvolvimento da ONU, realizada em Genebra, na Suíça, em 1964.
No governo do Amazonas
Ainda
em 1964, logo após o movimento político-militar de 31 de março, que depôs o
presidente João Goulart (1961-1964), e em decorrência do afastamento do
governador Plínio Ramos Coelho (1963-1964) sob acusação de corrupção
administrativa, Artur César Ferreira Reis teve seu nome indicado pelo
presidente Humberto Castelo Branco (1964-1967) para o governo do Amazonas,
sendo eleito pela Assembléia Legislativa em 27 de junho.
Durante seu governo projetou-se pelos combates contra as
tentativas de internacionalização da Amazônia e a favor da canalização para
essa região de diversos benefícios concedidos pelo governo federal a outras
regiões do país. Denunciou a proposta da Academia Nacional de Ciências dos
Estados Unidos de formação de um Centro do Trópico Úmido, visando estudar
problemas científicos e tecnológicos da região, e, posteriormente, denunciou
também o projeto do Hudson Institute de Nova Iorque, nos Estados Unidos,
relativo à implantação de um grande lago amazônico, que deveria fazer submergir
uma superfície equivalente à do estado de São Paulo, no médio vale. Classificou
esses projetos como tentativas que possibilitavam a intromissão de um governo
estrangeiro em território nacional, escapando ao controle do governo
brasileiro, além de se sobreporem ao Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia, órgão dedicado à exploração científica na região.
No
plano econômico, buscou junto ao governo federal tornar extensivos à região os
incentivos fiscais e favores creditícios concedidos ao Nordeste. Em outubro de
1966 foi criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em
substituição à SPVEA. Criaram-se também incentivos fiscais e o Fundo de
Investimentos Privados da Amazônia (Fidam). Deixou o governo em 31 de janeiro
de 1967, no qual foi sucedido por Danilo Areosa.
Foi
um dos fundadores da Câmara de Ciências Humanas do Conselho Federal de Cultura,
órgão que presidiu de 1967 a 1968. Foi ainda vice-presidente do Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB) e professor de sociologia e política na Pontifícia
Universidade Católica (PUC) e de administração na Fundação Getulio Vargas,
ambas no Rio de Janeiro. Lecionou também no curso de pós-graduação em história
da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 6 de fevereiro de 1993.
Era casado com Graziela da Silva Reis, com quem teve cinco
filhos.
Publicou
História do Amazonas (1931), A explosão cívica de 1832
(1932), Manaus e outras vilas (1934), O ensino da
história do Amazonas na escola primária (1934), A questão do Acre
(1937), A política de Portugal no vale amazônico (1939),
Lobo D’Almada, um estadista colonial (1940), Paulistas na
Amazônia e outros ensaios (1941), Síntese da história do Pará
(1942), A conquista espiritual da Amazônia (1942), O
processo histórico da economia amazonense (1942), História de
Óbidos (1945), Limites e demarcações na Amazônia brasileira
(1947), Estadistas portugueses na Amazônia (1948), História da
imigração e colonização do continente americano (1948), Território do
Amapá, perfil histórico (1948), Monte Alegre, aspectos de sua
formação (1950), O seringal e o seringueiro, tentativa de
interpretação (1953), A Amazônia que os portugueses revelaram
(1957), Guia histórico dos municípios do Pará (1958), A expansão
portuguesa na Amazônia nos séculos XVII e XVIII (1959), A
Amazônia e a cobiça internacional (1960), Súmula de
história do Amazonas (1965), Rotina e dinâmica na vida brasileira
(1965), A autonomia do Amazonas (1965), Tempo e vida na
Amazônia (1965),A Amazônia e a independência do Brasil
(1966), Épocas e visões regionais do Brasil (1966),A Amazônia
e a integridade do Brasil (1966), Aspectos da experiência
portuguesa na amazônia (1966), Como governei o Amazonas (1967),
Amazônia e o mundo atual (1967), O impacto amazônico na
civilização brasileira (1972) e O ensino da história do Brasil.
FONTES: CACHAPUZ,
P. Cronologia; Cidadão (3); COUTINHO, A. Brasil; Folha de S. Paulo
(28/8/77); Grande encic. Delta; MENESES, R. Dic.; ROQUE, C.
Grande; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; VIANA FILHO, L. Governo;
Who’s who in Brazil.