REIS,
Luís Leal Neto dos
*militar; comte. III ZA 1949-1950; comte. II ZA
1954-1955.
Luís Leal Neto dos Reis
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 21 de junho de 1896,
filho de Antônio Joaquim Neto dos Reis e de Ana Rosa Leal Neto dos Reis. Seu
avô Antônio Dias Coelho Neto dos Reis foi o conde de Carapebus.
Fez
os primeiros estudos em sua cidade natal, viajando posteriormente para os
Estados Unidos a fim de estudar engenharia no Union College, em Schenectady, no
estado de Nova Iorque. Prosseguiu os estudos na Alemanha, mas, com a
deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), interrompeu-os e retornou
ao Brasil, ingressando em 1914 na Escola Naval do Rio de Janeiro. Já como
oficial da Armada, participou da Divisão Naval em Operações de Guerra que o
Brasil enviou à África e à Europa em junho de 1918, no final do conflito.
Em
1920 ingressou na Aviação Naval, tornando-se no ano seguinte, no posto de
tenente, aviador diplomado com aperfeiçoamento realizado na França. Comandou a
Base de Aviação Naval de Porto Alegre de janeiro a agosto de 1933, engajando-se
no início de 1935 na campanha pela criação do Ministério da Aeronáutica. Por
essa época colaborou na capital gaúcha nos jornais O País, O Povo e O Jornal,
escrevendo uma coluna intitulada “Contato” sob o pseudônimo de Piloto. Ainda
com relação ao novo ministério a ser criado, publicou na revista Asas, em
janeiro de 1936, um artigo intitulado “Ministério da Aeronáutica”, bem como um
estudo no Boletim do Clube Naval.
De 1939 a 1941 voltou a comandar a Base de Aviação Naval de
Porto Alegre, sendo transferido neste último ano para a Força Aérea Brasileira
(FAB), então criada juntamente com o Ministério da Aeronáutica. Promovido a
tenente-coronel-aviador ainda em 1941, integrou o gabinete técnico do ministro
Joaquim Pedro Salgado Filho (1941-1945), que organizou o novo ministério e suas
diretorias, realizando ainda estudos sobre a fusão da Aeronáutica com a Aviação
Militar e a Aviação Naval.
Comandante
da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, de janeiro de 1942 a agosto do ano
seguinte, foi adido aeronáutico às embaixadas brasileiras no Uruguai, na
Argentina e no Paraguai, no período de agosto de 1943 a novembro de 1945. Em
1946 foi encarregado de organizar a Escola de Comando e Estado-Maior da
Aeronáutica (Ecemar) e, de janeiro a dezembro do ano seguinte, dirigiu o curso
de estado-maior da Aeronáutica na Praia Vermelha, no Rio. Ainda nesse ano
tornou-se o primeiro comandante da Ecemar, criada em dezembro, sendo promovido
a brigadeiro em 1948.
Em junho do ano seguinte deixou o comando da Ecemar para
tornar-se comandante da III Zona Aérea (III ZA), no Rio de Janeiro, em
substituição ao brigadeiro-do-ar Armando Araribóia. Aí permaneceu até outubro
de 1950, quando foi substituído pelo brigadeiro João Correia Dias da Costa.
Tornou-se, em seguida, adido aeronáutico às embaixadas do Brasil nos Estados
Unidos e no Canadá, exercendo essa função até outubro de 1952. No ano seguinte
ocupou o cargo de subchefe do Estado-Maior das Forças Armadas, nele
permanecendo até outubro de 1954, quando assumiu o comando da II ZA, com sede
em Recife. Promovido a major-brigadeiro em 1955, deixou o comando da II ZA em
julho desse ano.
Durante a crise político-militar gerada pela contestação dos
resultados do pleito presidencial de outubro de 1955, vencido por Juscelino
Kubitschek, manifestou-se publicamente, em 5 de novembro desse ano, em favor do
alheamento dos militares do episódio e da posse do candidato eleito. No dia
seguinte, os jornais noticiaram sua prisão por dez dias, determinada pelo
ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes. Em 1957 solicitou sua
transferência para a reserva, sendo pouco depois promovido a marechal-do-ar.
Assumiu em seguida a direção de várias empresas em São Paulo.
No pleito de outubro de 1962 candidatou-se a deputado estadual em São Paulo na
legenda da Aliança Partidária, constituída pelo Partido Social Democrático
(PSD) e o Partido Social Progressista (PSP). Recebeu também o apoio da Aliança
Eleitoral pela Família (Alef), associação civil de âmbito nacional criada em
1962 em substituição à Liga Eleitoral Católica (LEC) com o objetivo de
mobilizar o eleitorado católico para apoiar os candidatos comprometidos com os
princípios sociais da Igreja, como a defesa da propriedade privada e da
família, o combate ao divórcio, a crítica aos extremismos de esquerda e de
direita, além de várias sugestões relativas à política econômica, social e
cultural do país. Todavia, não conseguiu se eleger, não mais voltando a
disputar cargos eletivos.
Foi ainda comandante da IV ZA, sediada em São Paulo, e, por
sua iniciativa, foram criadas a Semana da Asa, a Ordem do Mérito Aeronáutico, o
Dia do Aviador e o Clube de Aeronáutica. Criou também a Federação dos
Aeroclubes do Estado de São Paulo e a Fundação Santos Dumont.
Colaborou
como jornalista em vários órgãos da imprensa brasileira, defendendo como
conferencista e historiador a primazia dos brasileiros no desenvolvimento da
Aeronáutica, a expansão da aviação comercial e civil e, por último, a criação
do Ministério da Defesa Nacional.
Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Relações
Públicas e conselheiro da Fundação Santos Dumont.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 12 de julho de 1981.
Com duas filhas do primeiro matrimônio, casou-se pela segunda
vez com Marguerite Kazauris dos Reis.
FONTES: CORRESP. II
COMDO. AÉREO REGIONAL; Estado de S. Paulo (23/9/62); MIN. GUERRA. Subsídios;
MORAIS, J. Memórias; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; SOUSA, J. Verdade;
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6); WANDERLEY, N. História.