REIS NETO, Malvino
*militar; rev.
1922.
Malvino Reis Neto nasceu no
Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 30 de abril de 1904, filho de
Malvino da Silva Reis Júnior e de Rita de Cássia Castro Reis.
Ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
em junho de 1922. Nessa condição, participou da revolta de julho desse ano,
deflagrada no Rio e em Mato Grosso em protesto contra a eleição de Artur
Bernardes para a presidência da República e as punições impostas aos militares
pelo governo de Epitácio Pessoa. Com a derrota do movimento, foi afastado da
Escola Militar.
Após
a vitória da Revolução de 1930, em novembro desse ano foi anistiado e
reincorporado ao Exército na qualidade de primeiro-tenente comissionado.
Designado no mês seguinte para servir junto ao 2º Batalhão de Caçadores (2º
BC), no Rio de Janeiro, em março de 1931 matriculou-se no curso da Escola
Militar Provisória. Foi membro do Clube 3 de Outubro, organização criada em
maio de 1931 congregando as correntes tenentistas partidárias da manutenção e
do aprofundamento das reformas instituídas pela Revolução de 1930.
Durante
a Revolução Constitucionalista, deflagrada em julho de 1932 em São Paulo, permaneceu à disposição do coronel Cristóvão Barcelos na Brigada Fonseca, em
operação contra os constitucionalistas a partir de 2 de agosto daquele ano. O
movimento foi debelado em outubro seguinte. Em abril de 1934 passou a
primeiro-tenente, transferindo-se em junho do mesmo ano para o 24º BC, sediado
em Socorro (PE). Promovido a capitão em outubro de 1934, tornou-se no mês seguinte
comandante de companhia no 29º BC.
Colocado
em julho de 1935 à disposição do governo de Pernambuco, chefiado por Carlos de
Lima Cavalcanti (1930-1937), foi nomeado secretário de Segurança e chefe de
polícia. No exercício dessas funções participou da repressão à greve dos
funcionários da Rede Ferroviária do Nordeste, que paralisou todos os estados da
região. A greve foi organizada pelo comando revolucionário da Aliança Nacional
Libertadora (ANL), organização que constituía uma frente política com um programa
nacionalista e antifascista e que, nesse período, se achava na ilegalidade,
preparando um movimento de insurreição armada. Segundo o líder comunista
Gregório Bezerra em suas Memórias, durante uma tentativa
dos grevistas em Socorro para impedir, deitando-se nos trilhos, que os trens
circulassem conduzidos por “fura-greves”, Malvino Reis, ordenou que a
locomotiva prosseguisse, sendo impedido por seus próprios soldados, que se
revoltaram. Já segundo Hélio Silva, sua presença em Socorro relacionava-se à
possibilidade de entendimentos com os grevistas.
Em
24 de novembro daquele ano iniciou-se em Natal o levante armado promovido pelo
Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), em nome
da ANL, logo seguido pela eclosão do movimento em Pernambuco, com a rebelião do
29º BC. Na qualidade de secretário de Segurança, Malvino Reis coordenou a
repressão ao movimento insurrecional juntamente com o comando da 7ª Região
Militar (7ª RM), com a qual ficou em contato. O 20º BC, de Maceió, e o 22º BC, da Paraíba, foram deslocados para sufocar o levante em Pernambuco. Após o desbaratamento das forças sublevadas que se encontravam na região de Afogados
e a fuga destas para o sertão, a Secretaria de Segurança autorizou a volta dos
contingentes policiais que estavam em busca dos cangaceiros e que prenderam
pelas estradas os revoltosos em retirada.
Malvino
Reis mobilizou então toda a Guarda Civil, os inspetores de trânsito e cerca de
60 operários que se apresentaram como voluntários para, juntamente com a
Brigada Militar e as forças legalistas do Exército, atacarem as posições dos
rebeldes em Recife e Olinda, que foram ocupadas após quatro dias de luta.
Durante o levante, o secretário de Segurança ordenou a prisão do secretário de
Justiça, acusado de envolvimento, e em seguida do secretário de Fazenda, que se
recusava a liberar verbas enquanto seu colega estivesse preso.
Nos
depoimentos prestados após o levante na 7ª RM foram denunciados fuzilamentos
sumários dos revoltosos, sendo Malvino Reis apontado como um dos principais
responsáveis. Ainda segundo Gregório Bezerra, a partir da prisão de Luís Carlos
Prestes, líder do PCB e presidente de honra da ANL, em fevereiro de 1936 no Rio
de Janeiro, a situação dos presos políticos no Recife começou a deteriorar. O
próprio Gregório foi torturado durante interrogatório na Secretaria de
Segurança, com a participação e a supervisão de Malvino Reis, o que se repetiu
em outras ocasiões no mês de março. Gregório afirma também que Malvino Reis foi
exonerado da Secretaria de Segurança por haver-se desentendido com o comandante
da 7ª RM, general Mílton Cavalcanti de Albuquerque, sendo ali substituído pelo
capitão Jurandir Mamede.
Transferido
para o Rio de Janeiro, foi lotado no Departamento de pessoal do Exército em
maio de 1936, permanecendo como adido ao 7º Regimento de Infantaria (7º RI) a
partir de outubro do mesmo ano. Em novembro seguinte foi designado para servir
junto à 5ª Brigada de Infantaria, também no Rio de Janeiro, da qual foi
removido para a Diretoria de Aviação em 21 de dezembro de 1937, aí servindo
como adjunto de gabinete. Em abril do ano seguinte assumiu o comando da
Companhia Independente de Guarda e, em abril de 1939, passou a exercer
cumulativamente com essa função a de ajudante do 2º Batalhão do 14º RI, em São Gonçalo (RJ).
Matriculado
no curso de infantaria da Escola de Armas em março de 1941, a partir de novembro desse ano serviu como oficial adjunto do estado-maior da 8ª RM. Em 9 de
fevereiro de 1942, durante a interventoria de José Carneiro da Gama Malcher
(1937-1943), foi nomeado instrutor da Força Policial do Estado do Pará. Em janeiro
do ano seguinte tornou-se comandante de companhia do 3º RI, atuando como
adjunto da 3ª Divisão da Diretoria de Armas a partir de junho desse mesmo ano.
Com
a decisão do governo brasileiro de intervir na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) contra as potências do Eixo, viajou aos EUA ainda em 1943 para
estagiar no exército desse país. Em janeiro do ano seguinte passou a servir
como adjunto na 2ª seção do quartel-general da 1ª Divisão de Infantaria
Expedicionária, que ficou conhecida como Força Expedicionária Brasileira (FEB),
criada para combater na Europa junto aos exércitos aliados. Em junho de 1944
embarcou para a Itália, onde, a partir de 17 de julho do mesmo ano, atuou como
oficial de ligação da 2ª seção do estado-maior do quartel-general da FEB. Promovido
a major em outubro de 1944, retornou ao Rio de Janeiro após o término do
conflito, em julho do ano seguinte. Desligado do estado-maior do
quartel-general da 1ª Divisão de Infantaria, foi transferido para a reserva por
decreto de 2 de julho de 1946.
Industrial, ocupou também o cargo de
diretor-superintendente-geral da Companhia Telefônica Brasileira em Minas Gerais.
Casou-se com Isaura Medeiros Reis, com quem teve uma filha.
FONTES: ARQ. CLUBE 3 DE
OUTUBRO; ARQ. GETÚLIO VARGAS; BEZERRA, G. Memórias; CARNEIRO, G. História;
DULLES, J. Anarquistas; LEVINE, R. Vargas; MIN. GUERRA. Almanaque
(1944); MONTEIRO, F. Discurso; Movimento de 5; SILVA, H. 1935; SOC.
BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem.