RIBAS
JÚNIOR, Emílio Rodrigues
*militar; comte. IV Ex. 1960-1961; ch. EME 1961-1962;
interv. GO 1965-1966.
Emílio Rodrigues Ribas Júnior nasceu no estado do Amazonas no dia 7 de janeiro de 1897,
filho de Emílio Rodrigues Ribas.
Sentou praça na Escola Militar do Realengo, no Rio de
Janeiro, então Distrito Federal, em abril de 1916, saindo aspirante-a-oficial
em dezembro de 1918. Um ano depois foi promovido a segundo-tenente,
permanecendo na escola até janeiro de 1920.
Em março desse ano foi transferido, ainda no Rio de Janeiro,
para o 11º Regimento de Artilharia Montada (11º RAM), onde comandou algumas das
baterias. Em setembro ingressou na Escola de Aviação Militar. Em janeiro de
1921 foi promovido a primeiro-tenente e deixou o 11º RAM, sendo transferido em
maio para o 8º RAM, em Pouso Alegre (MG). Ali permaneceu até maio de 1922,
tendo exercido o comando de várias baterias.
Nomeado
adjunto do 4º Grupo, serviu na Fábrica de Pólvora sem Fumaça, em Piquete (SP),
de junho de 1922 a setembro de 1923. Em seguida, permaneceu adido na Escola de
Aviação Militar até maio de 1924 e ali fez, então, o curso de observadores,
encerrado em julho.
Deixou
a escola em setembro, para servir no 1º Grupo de Artilharia Costeira (1º GAC),
em Niterói. Em outubro foi promovido a capitão, sendo transferido em janeiro de
1925 para o 3º GAC, no Distrito Federal, onde serviu até março. Daí a dezembro
cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), ingressando em janeiro
de 1926 na Escola de Estado-Maior (EEM), ambas na capital da República.
Em
outubro de 1928 passou a servir no Curso Preparatório de Oficiais da Reserva
(CPOR), desligando-se da EEM em dezembro. Em fevereiro de 1929, entretanto,
retornou à escola como instrutor de artilharia. No mês seguinte deixou o CPOR,
onde igualmente voltaria a servir, em maio, como instrutor de artilharia e,
depois, durante todo o ano de 1930. De janeiro de 1931 a abril de 1932 foi
novamente instrutor da EEM, exercendo em seguida as funções de auxiliar de
ensino e adjunto de tática geral.
Foi promovido a major em agosto de 1933 e permaneceu na EEM
até janeiro de 1934, quando foi designado oficial-de-gabinete do ministro da
Guerra, general Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1934-1935), passando então a
servir no Estado-Maior do Exército (EME) junto à 3ª Região Militar (3ª RM), em
Porto Alegre. Assumiu a subdireção de ensino do EME em junho de 1935, e em
julho foi sorteado para a Comissão Permanente de Justiça. Exerceu as funções de
subdiretor de ensino do EME até janeiro de 1936, quando assumiu o comando do 1º
Grupo no 1º RAM, onde permaneceu até janeiro de 1937.
Retornou
à EEM em janeiro de 1937, na qualidade de professor de tática de artilharia.
Acompanhou a Missão Militar Francesa a São Paulo em junho de 1937 e em outubro
tornou-se adjunto de gabinete da EEM. Em janeiro de 1938, passou a adjunto de
gabinete do EME. Exerceu interinamente a chefia do gabinete do EME,
cumulativamente com suas funções normais, de fevereiro a abril de 1938.
Tornou-se ainda professor de tática geral em julho de 1938. Exerceu
interinamente a chefia de gabinete do ministro da Guerra, então o general
Eurico Gaspar Dutra (1936-1945), em agosto e setembro de 1938.
Deixou o gabinete do EME em dezembro de 1938, sendo designado
adido militar e aeronáutico junto à embaixada do Brasil em Buenos Aires. Foi
promovido a tenente-coronel em dezembro de 1939, retornando ao Brasil em maio
de 1941. No início desse mês estagiou na 2ª Seção do EME e em seguida passou a
responder pela chefia da sua 1ª Subseção, que exerceu até junho de 1941. Foi
então transferido para o 2ª Regimento de Artilharia Mista, em São Leopoldo
(RS), onde exerceu o comando do grupo e em diversas ocasiões o comando da
guarnição. Permaneceu nessa unidade até a entrada do Brasil na Segunda Guerra
Mundial, em agosto de 1942, quando foi transferido para a Inspetoria Geral do
2º Grupo de Regiões Militares, em São Paulo. Ali chefiou as 1ª e 2ª seções e,
interinamente, de janeiro a fevereiro de 1943, o Estado-Maior. Em maio deixou a
inspetoria e foi promovido a coronel, sendo imediatamente transferido para a
Artilharia Divisionária/14 (AD/14) e assumindo o comando da guarnição de Natal,
ponto estratégico de defesa do continente durante o conflito mundial.
Fez
estágio na Escola de Artilharia de Fort Sill, nos Estados Unidos, de julho a
outubro de 1943, para tomar conhecimento de novas táticas e armas de guerra. De
volta ao Brasil, reassumiu o comando da AD/14, acumulando-o com o posto de
comandante substituto da 14ª Divisão de Infantaria, em João Pessoa. Deixou o
comando da AD/14 em janeiro de 1944. No mês seguinte, foi designado para ocupar
a chefia do estado-maior da AD da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE),
que ficaria conhecida como Força Expedicionária Brasileira (FEB). Em julho
passou a comandar a AD da 1ª DIE, acumulando a partir de setembro com a chefia
do estado-maior do grupamento do general Osvaldo Cordeiro de Farias. Nesse mês
embarcou para o teatro de operações da Itália. Retornou à chefia do
estado-maior da AD da 1ª DIE em novembro de 1944, exercendo-a até dezembro do
ano seguinte.
De
volta ao Brasil, permaneceu adido ao EME de março de 1946 a janeiro de 1947,
quando foi posto à disposição do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), ao qual
esteve ligado até junho. Em seguida, ficou novamente adido ao EME até dezembro
de 1947. Em fevereiro e março de 1948 esteve em Goiás a serviço da Justiça. Em
julho desse ano foi transferido para a Seção de Tropas Aeroterrestres, cuja
chefia exerceu até junho de 1949, acumulada, a partir de janeiro, com o comando
do Grupamento de Unidades-Escola. Continuou nesse comando até setembro do mesmo
ano, mês em que foi promovido a general-de-brigada.
Em
outubro de 1949 foi designado para comandar a 2ª Divisão de Cavalaria (2ª DC),
em Uruguaiana (RS). Em 1950 concorreu à vice-presidência do Clube Militar na
chapa do general Osvaldo Cordeiro de Farias. As eleições foram particularmente
acirradas devido ao debate em torno do monopólio estatal do petróleo, que era
defendido pela chapa adversária, conhecida como nacionalista e encabeçada por
Newton Estillac Leal e Francisco Horta Barbosa. Segundo Nélson Werneck Sodré,
em História militar do Brasil, a chapa Cordeiro Ribas Júnior representava o
apoio à participação do capital estrangeiro na exploração do petróleo
brasileiro. As eleições realizadas em maio de 1950 deram a vitória à chapa
nacionalista, cujas teses acabariam prevalecendo quando da criação da
Petrobras, em 1953.
Designado
diretor de Armas do Exército em abril de 1951, Ribas Júnior foi promovido em
dezembro a general-de-divisão. Deixou aquela diretoria em março de 1953 e no
ano seguinte estagiou na Escola Superior de Guerra (ESG), de março a dezembro,
quando assumiu a subchefia do Exército junto ao Estado-Maior das Forças Armadas
(EMFA). Aí permaneceu até setembro de 1955. Em seguida comandou a 3ª RM,
sediada em Porto Alegre, de outubro a dezembro de 1955, sendo então transferido
para a Zona de Comando Sul, que chefiou de março de 1956 a março de 1960,
quando foi promovido a general-de-exército.
Assumiu o comando do IV Exército, sediado em Recife, no mês
seguinte, em substituição ao general Honorato Pradel. Permaneceu nesse comando
até abril de 1961, quando foi substituído pelo general Alberto Ribeiro
Sallaberry. Tornou-se, então, chefe do EME, substituindo o general Floriano de
Lima Brayner.
Com as discussões que surgiram após a concessão, em agosto de
1961, de uma alta condecoração brasileira ao ministro cubano Ernesto “Che”
Guevara pelo presidente Jânio Quadros, entrou em contato com Carlos Lacerda,
então governador do estado da Guanabara, que se colocara contra a entrega da
comenda. Em conseqüência, foi repreendido pelo ministro da Guerra, marechal
Odílio Denis (1960-1961), por ter dado a impressão ao público, à imprensa e ao
Congresso de interferência das forças armadas na área política.
Como
chefe do EME, Ribas Júnior representou o Brasil nas conferências de
desarmamento promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra,
Suíça, de março a junho e de agosto a setembro de 1961. Permaneceu na chefia do
EME até setembro de 1962, sendo substituído pelo general José Machado Lopes. Em
fevereiro de 1963 foi promovido a marechal e passou para a reserva.
Após
a vitória do movimento político-militar de 31 de março de 1964, que
depôs o presidente João Goulart, desencadeou-se uma crise política em Goiás
devido à cassação do mandato do governador Mauro Borges (1961-1964) pelo novo
regime e a subseqüente decretação de intervenção federal no estado. Em janeiro
de 1965, Ribas Júnior foi nomeado para substituir na interventoria o coronel
Carlos Meira Matos, permanecendo à frente do Executivo goiano até janeiro de
1966, quando foi substituído por Otávio Laje de Siqueira, governador eleito
pela Assembléia Legislativa.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 17 de maio de 1973.
Foi casado com Regina Silveira Ribas, com quem teve
uma filha, e, em segundas núpcias, com Guiomar Vieira Moura Ribas.
FONTES: ARQ. MIN.
EXÉRC.; BRAYNER, F. Verdade; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.; Grande encic. Delta;
HIPÓLITO, L. Campanha; Jornal do Brasil (18/5/73); SODRÉ, N. História militar;
SODRÉ, N. Memórias; VÍTOR, M. Cinco.