MURAD,
Ricardo
*
dep. fed. MA 1991-1995.
Ricardo
Jorge Murad nasceu em São Luís no dia 12 de abril de
1956, filho de Jorge Francisco Murad e de Maria Teresa Duailibe Murad. Seu
irmão, Jorge Murad, casou-se com Roseana Sarney, que foi deputada federal pelo
Maranhão de 1991 a 1995 e governadora do estado a partir de 1995, filha de José
Sarney, presidente da República (1985 a 1990) e senador pelo Amapá a partir de
1991.
Bacharel em direito pela Universidade Federal do
Maranhão, em São Luís, Ricardo Murad ingressou na política filiando-se ao
Partido Democrático Social (PDS), em cuja legenda elegeu-se deputado estadual
no Maranhão no pleito de novembro de 1982. Assumindo sua cadeira na Assembléia
Legislativa em fevereiro do ano seguinte, tornou-se líder do seu partido na
casa e foi vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça e da Comissão
Municipal. Com o surgimento do Partido da Frente Liberal (PFL), em conseqüência
de uma dissidência do PDS, a Frente Liberal, que apoiou a candidatura vitoriosa
de Tancredo Neves e José Sarney à presidência da República no Colégio Eleitoral
em janeiro de 1985, filiou-se nesse mesmo ano a essa nova agremiação. A doença
de Tancredo na véspera de sua posse permitiu ao vice assumir o poder no dia 15
de março desse ano e ser efetivado no mês seguinte, após a morte do titular.
Nas
eleições de novembro de 1986, reelegeu-se deputado estadual em sua nova
legenda, desta feita com poderes de constituinte. Iniciando novo período
legislativo em fevereiro de 1987, foi eleito presidente da mesa diretora da
Assembléia maranhense, função que exerceu até janeiro de 1989. No mês seguinte,
instalou-se a Constituinte estadual.
No
pleito de outubro de 1990 elegeu-se deputado federal pelo Maranhão na legenda
do PFL. Concluindo seu mandato no Legislativo estadual em janeiro de 1991,
assumiu sua cadeira na Câmara dos Deputados em fevereiro seguinte. Juntamente
com outros deputados do Maranhão, compôs o grupo parlamentar chamado de
“sarneista”, em alusão à liderança exercida pelo ex-presidente José Sarney,
eleito no mesmo pleito senador pelo Amapá na legenda do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB). Tornou-se membro titular da Comissão de
Educação, Cultura e Desporto, e suplente da Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática. Ocupou a vice-liderança do bloco parlamentar
composto, além do PFL, pelo partidos da Reconstrução Nacional (PRN), da
Mobilização Nacional (PMN), Social Cristão (PSC) e Social Trabalhista (PST).
As
denúncias de irregularidades no governo de Fernando Collor (1990-1992)
veiculadas na imprensa ao longo de 1991 atingiram o clímax em maio do ano
seguinte, quando a revista Veja publicou uma entrevista de Pedro Collor,
irmão do presidente, na qual acusava a existência de um esquema de corrupção
sob o comando de Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha
presidencial. Essa denúncia levou o Congresso a instalar uma comissão
parlamentar de inquérito (CPI) em junho desse ano. As conclusões dessa comissão
levaram ao envolvimento do presidente e foi pedido o seu afastamento. Na sessão
da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de 1992, Ricardo Murad votou a favor
da abertura do processo de impeachment, que afastou Fernando Collor da
presidência da República e levaria ao seu afastamento definitivo e à cassação
dos seus direitos políticos no julgamento do Senado que seria realizado em
dezembro desse ano, bem como à efetivação do vice Itamar Franco na presidência,
que já exercia interinamente o cargo desde 2 de outubro.
Nas eleições municipais de outubro de 1992,
elegeu-se prefeito de Coroatá (MA). Como não renunciou ao mandato de deputado
federal e não foi diplomado pela Justiça Eleitoral, quem assumiu a chefia do
Executivo municipal em janeiro de 1993 foi a vice-prefeita Maria Teresa Trovão
Murad, sua esposa, e, mesmo sem renunciar formalmente ao cargo de prefeito, já
que a questão estava entregue à Justiça, Ricardo Murad permaneceu na Câmara
dos Deputados. Somente em outubro de 1993, o procurador-geral da Câmara, Vital
do Rego, do Partido Democrático Trabalhista (PDT-PB), entregou um parecer à
Comissão de Constituição e Justiça afirmando que Murad desrespeitara o artigo
54 da Constituição, que impede a acumulação de dois cargos eletivos. Como na
prática ele só estava exercendo um, continuou suas atividades na Câmara.
Transferindo-se para o Partido Social Democrático (PSD), tentou se candidatar
ao governo do estado nessa legenda, mas, diante de uma série de questões da
política local e, sobretudo, do predomínio político da família do ex-presidente
José Sarney, Murad teve sua candidatura inviabilizada e, conseqüentemente, não
conseguiu registrá-la.
Diante
disso, não concorreu à reeleição no pleito de outubro de 1994, deixando a
Câmara dos Deputados em janeiro de 1995, quando se encerraram o seu mandato e a
legislatura.
Rompido politicamente com a cunhada desde 1994, em
novembro de 1997 entrou com ação declaratória na Justiça Eleitoral, para
esclarecer que o segundo casamento de Roseana com Jorge Murad, previsto para o
final daquele mês, mas que só viria a acontecer algum tempo depois, tinha como
intenção prejudicá-lo politicamente. Como cunhado de Roseana, ele não poderia
ser candidato a qualquer cargo eletivo, contrariando suas expectativas de
concorrer a vice-governador do Maranhão na chapa adversária da governadora no
pleito de outubro de 1998. Como essa questão percorreu várias instâncias da
Justiça até chegar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também não conseguiu
registrar sua candidatura ao Senado, nesta oportunidade já na legenda do PDT.
Nesse pleito, sua mulher concorreu a uma cadeira na Assembléia Legislativa e
foi eleita deputada estadual também nessa legenda.
Do seu casamento com Maria Teresa Trovão Murad teve
três filhas.
Gustavo
Lopes/Alan Carneiro
FONTES:
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1991-1995); Folha de São
Paulo (10/3/91); Globo (30/9/92 e 21/1/93); Jornal do Brasil
(10/8/93); Veja (3/12/97);
TRIB.REG.ELEIT.MA Relação (1998);
TRIB.SUP.ELEIT. Resultado (1998).