ROLLEMBERG, Francisco
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dep. fed. SE 1971-1987; const. 1987-1988; sen. SE 1987-1995.
Francisco
Guimarães Rollemberg nasceu em Laranjeiras (SE) no dia 7 de
abril de 1935, filho de Antônio Valença Rollemberg e de Maria das Dores
Guimarães Rollemberg. Muitos parentes seguiram a carreira política, entre os
quais Arnaldo Rollemberg Garcez, governador do estado de 1951 a 1955 e deputado
federal de 1958 a 1971; Carlos Valdemar Acióli Rollemberg, deputado por
Sergipe de 1947 a 1951; Armando Leite Rollemberg, deputado federal de 1955 a
1963 e ministro do Tribunal Federal de Recursos (TFR); e João Machado Rolemberg
Mendonça, deputado federal de 1963 a 1969, constituinte de 1987 a 1988 e
deputado federal de 1987 a 1989 e de 1990 a 1991.
Fez seus estudos
primários e secundários na Escola Laranjeirense, no Colégio Tobias Barreto, no
Ateneu Sergipense e no Colégio Estadual da Bahia. Em 1959 formou-se pela
Faculdade de Medicina da Bahia, especializando-se em ginecologia pela
Universidade de São Paulo (USP).
Em 1960 tornou-se
médico da Saúde Pública de Aracaju. Em 1961 assumiu a função de
cirurgião-chefe do departamento de cirurgia do Hospital Santa Isabel. Foi
cirurgião do pronto-socorro do Hospital das Clínicas Dr. Augusto Leite e do
Hospital São José e médico do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de
Ladrilhos e no pronto-socorro Municipal de Aracaju. Também foi cirurgião do
setor de triagem cirúrgica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI). Ainda em 1961 tornou-se médico do Instituto de
Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE) e do Serviço de
Alimentação da Previdência Social (SAPS). Em 1964 participou da I Reunião
Extraordinária do Capítulo Brasileiro da World Association for Ginecological
Cancer Prevention, na Bahia. Dois anos depois organizou o I Congresso Médico
de Sergipe e participou do I Congresso Médico de Confraternização do Hospital
do Câncer, no Rio de Janeiro. Em 1967 participou do X Congresso Brasileiro de
Cirurgia promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Em
1968 participou do Congresso Comemorativo do 30o aniversário do
Serviço Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, e do V Congresso da Associação
Médica Brasileira, em Caxambu (MG).Assumiu nesse ano a presidência do Centro de
Estudos Dr.Carlos Firpo, do Hospital Santa Isabel de Aracaju, e se filiou à
Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que dava sustentação política ao
período militar instaurado no Brasil em abril de 1964. Elegeu-se deputado
federal em novembro de 1970 como o candidato mais votado de Sergipe, com 19 mil
votos. Assumiu sua cadeira na Câmara dos Deputados em janeiro de 1971, ano em
que ingressou no curso de direito do Centro Universitário de Brasília e
participou do XXVII Congresso Brasileiro de Cardiologia realizado no Distrito
Federal como representante da Comissão de Saúde da Câmara. Em 1972 organizou
um seminário sobre aborto.
Em
setembro do ano seguinte participou da convenção nacional da Arena que indicou
o general Ernesto Geisel para a presidência da República e o general Adalberto
Pereira dos Santos para a vice-presidência, para o período de 1974 a 1979.
Ainda em 1973 fez o curso da Escola Superior de Guerra (ESG) e foi à Europa em
viagem de estudos. Nessa legislatura foi vice-presidente das comissões de Saúde
e Especial da Bacia do São Francisco, membro da Comissão Coordenadora de
Estudos do Nordeste e suplente das comissões de Redação e do Polígono das
Secas da Câmara dos Deputados.
Reelegeu-se
em novembro de 1974 e dois anos depois bacharelou-se em ciências jurídicas e
sociais pela Universidade de Uberlândia (MG). Em outubro do ano seguinte,
articulado com deputados como Jorge Arbage (PA), Eduardo Galil (RJ), Sinval
Boaventura (MG), Daso Coimbra (RJ), Ivair Garcia (SP) e José Bonifácio (MG),
defendeu a candidatura do Ministro do Exército, Sílvio Frota, à presidência da
República. A direção nacional da Arena advertiu os "frotistas" da
inoportunidade da manifestação, mas a candidatura continuou sendo promovida,
com novas adesões no Congresso e nos meios militares. A insistência dos
"frotistas" em lançar o debate sucessório naquele momento gerou uma
crise entre eles e o grupo que seguia as orientações políticas do presidente
Ernesto Geisel e do ministro Golberi do Couto e Silva. Em outubro de 1977 a crise
foi resolvida com a exoneração do general Sílvio Frota.
Em
janeiro de 1978 lançou, junto com os deputados, Jorge Arbage, Carlos Alberto de
Oliveira (PE) e outros parlamentares do grupo "frotista", uma nota
em apoio à candidatura presidencial do general João Batista Figueiredo, então
chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). Essa candidatura era
patrocinada por Geisel, "visando a harmonia do seu partido e a
normalização da vida democrática do país".
Três
meses depois teve sua eleição a uma das vice-presidências da Comissão da Bacia
do São Francisco anulada pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Marco
Antônio Maciel, a pedido do líder arenista José Bonifácio, que não se
conformara com a derrota do candidato por ele indicado para esse cargo. Marco
Maciel determinou a realização de nova eleição alegando que Francisco
Rollemberg, por ser apenas suplente daquela comissão, não poderia ter sido
eleito para a sua vice-presidência. Nessa legislatura foi ainda
vice-presidente da Comissão de Saúde e suplente das comissões do Polígono das
Secas, de Redação e de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados.
No pleito de
novembro de 1978 reelegeu-se mais uma vez deputado federal por Sergipe na
legenda da Arena. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a
conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social
(PDS), agremiação sucessora da Arena. Nessa legislatura foi vice-presidente e
membro da Comissão de Redação; membro da Comissão de Trabalho e Legislação Social;
e suplente das Comissões de Saúde, de Relações Exteriores e de Defesa do
Consumidor.
Reelegeu-se
em novembro de 1982. Nessa legislatura foi vice-presidente e presidente da
Comissão de Segurança Nacional e membro da Comissão de Redação. Esteve ausente
na votação da emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para a
presidência da República já em 1984. A não aprovação da emenda definiu que o
sucessor do presidente João Figueiredo (1979-1985) seria eleito por via
indireta. Vários eram os postulantes à condição de candidato do partido
governista. A falta de consenso quanto à forma de escolha provocou uma cisão e
os dissidentes formaram a Frente Liberal. Na convenção do PDS, em agosto, o
então deputado Paulo Maluf, tendo como vice o deputado Flávio Marcílio,
derrotou o ministro do Interior Mário Andreazza, cujo vice era o deputado
alagoano Divaldo Suruagi
Para concorrer com os candidatos governistas os partidos de
oposição, liderados pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e a
Frente Liberal, reunidos na Aliança Democrática, lançaram Tancredo Neves,
governador de Minas Gerais, e o senador José Sarney respectivamente candidatos
à presidência e à vice-presidência da República. Na reunião do Colégio
Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, Francisco Rollemberg votou em Paulo Maluf,
derrotado pelo candidato da Aliança Democrática. Contudo, Tancredo Neves não
chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985.
Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo interinamente o
cargo desde 15 de março.
No
início do governo Sarney, Rollemberg filiou-se ao Partido da Frente Liberal
(PFL) e, no ano seguinte, migrou para o Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB), pelo qual elegeu-se senador constituinte para a legislatura
1987-1995. Na Assembléia Nacional Constituinte foi titular da Subcomissão de
Saúde, Seguridade e do Meio Ambiente, da Comissão da Ordem Social e suplente
da Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da
Comissão da Soberania, dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher.
Nas
questões mais polêmicas da Constituinte votou a favor da pena de morte, da
unicidade sindical, do presidencialismo e do mandato de cinco anos para Sarney.
Votou contra a legalização do aborto, a estabilidade no emprego, a jornada
semanal de 40 horas, a pluralidade sindical, o voto facultativo aos 16 anos de
idade e a estatização do sistema financeiro. No Senado foi 2º suplente da Mesa
Diretora (1987-1988); suplente da Comissão do Distrito Federal e titular da
Comissão de Relações Exteriores.
Após
a promulgação da nova Carta, em 5 de outubro de 1988, passou a exercer apenas o
mandato ordinário. Ao longo da legislatura, foi membro das comissões de
Distrito Federal; de Assuntos Sociais; de Constituição e Justiça; de Relações
Exteriores e de Infra-Estrutura. Como suplente ocupou as comissões de Educação
e de Assuntos Econômicos.
Em fevereiro de
1991 Francisco Rollemberg voltou ao PFL. No ano seguinte Pedro Collor, irmão do
chefe do Executivo federal, acusou o presidente de envolvimento com esquemas de
corrupção executados por seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. Com
a autorização da Câmara dos Deputados, foi instalada no dia 1º de junho uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou, no decorrer de três
meses, as atividades de PC Farias e suas possíveis ligações com o presidente da
República. Ao final deste período, no dia 26 de agosto, a CPI concluiu um
relatório, aprovado por ampla maioria no plenário da comissão, que sugeria o impeachment
de Collor.
No dia 29 de
setembro, a Câmara dos Deputados resolveu por 441 votos a 38 que era admissível
o processo de impeachment. Afastado do cargo, o presidente da República
foi substituído interinamente em 2 de outubro pelo vice Itamar Franco. Em 29 de
dezembro Collor foi julgado e condenado pelo Senado, apesar de sua renúncia, à
inelegibilidade e inabilitação por oito anos para o exercício de cargos
públicos. Quatro horas após a condenação, Itamar Franco foi efetivado na
presidência da República. Francisco Rollemberg votou a favor da condenação do
presidente.
Em
janeiro de 1994 desligou-se novamente do PFL para ingressar no Partido da
Mobilização Nacional, do qual seria líder no Senado. Deixou o Senado em 31 de
janeiro de 1995, ao final da legislatura. Afastando-se da vida pública,
retornou ao exercício da medicina.
Fez
o curso de segurança e desenvolvimento pela Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra (ADESG). Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da
ADESG e da Associação dos Médicos Residentes do Hospital das Clínicas da
Bahia, foi também membro correspondente da Tribuna Médica (setor
cirurgia e urologia), membro fundador da World Association for Ginecological
Cancer Prevention, da Sociedade Médica de Sergipe e de Brasília e da Associação
Sergipana de Imprensa.
Casou-se
com Elci Viana Rollemberg, com quem teve um filho.
Publicou
Gangrena de Fournier, tratamento cirúrgico com enxertos livres (1961); Lesão
cirúrgica do ureter (1969); Saneamento básico do Nordeste, Cocene,
estudo nº.1 (1971); A problemática de saúde do Nordeste, Cocene,
estudo nº.1 (1971); O potássio em Sergipe; Desenvolvimento e população e
Osvaldo Cruz _ centenário de nascimento.
/Moisés
Arioza
FONTES:
CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (7,
8, 9 e 10); COELHO, J & OLIVEIRA, A. Nova; Globo (23/11/86); Jornal
do Brasil (11/10/77; 28/1 e 11/4/78); NÉRI, S. 16;
Perfil (1972 e 1980); Súmulas; Veja (19/10/77).