SANTOS,
Adalberto Pereira dos
*militar; comte. I
Ex. 1965-1968; ch. EME 1968-1969; min. STM 1969-1973; vice-pres. Rep.
1974-1979.
Adalberto Pereira dos Santos nasceu em Taquara (RS) no dia 11 de abril de 1905, filho de
Urbano Alves dos Santos e de Otília Pereira dos Santos.
Cursou o Colégio Militar de Porto Alegre. Em abril de 1924
sentou praça, ingressando na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal. Declarado aspirante da arma de cavalaria em janeiro de
1927, foi promovido a segundo-tenente em julho desse mesmo ano e a primeiro-tenente
em julho de 1929. Participou da Revolução de 1930 e do combate à Revolução
Constitucionalista de 1932, irrompida em São Paulo. Foi promovido a capitão em fevereiro de 1933 e a major em dezembro de 1941.
Cursou
a Escola de Estado-Maior do Exército e, durante a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), a Escola de Infantaria de Fort Benning e a Escola de Blindados de
Fort Knox, nos Estados Unidos. Participou da guerra integrando a Força
Expedicionária Brasileira (FEB) durante sua campanha na Itália, onde serviu
como oficial de ligação na 1ª Divisão de Blindados do Exército norte-americano.
Em junho de 1945, terminado o conflito, foi promovido a tenente-coronel,
assumindo o comando da Escola de Motomecanização em 1946. Promovido a coronel
em julho de 1951, no ano seguinte passou a comandar o Centro de Preparação de
Oficiais da Reserva (CPOR) de Porto Alegre.
Em fevereiro de 1954 assinou, junto a mais 81 coronéis e
tenentes-coronéis, o documento dirigido à alta hierarquia militar em protesto
contra a exigüidade dos recursos destinados ao Exército e a elevação do salário
mínimo em 100%, documento esse que ficou conhecido como Manifesto dos coronéis.
O manifesto, advertindo para a ameaça comunista, provocou as demissões dos
ministros da Guerra, general Ciro do Espírito Santo Cardoso, e do Trabalho,
João Goulart.
No Rio de Janeiro, cursou a Escola Superior de Guerra e
comandou o CPOR e o Colégio Militar. Promovido em dezembro de 1958 a general-de-brigada, comandou a 2ª Divisão de Cavalaria, em Uruguaiana (RS), e a Academia
Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Integrou em 1960, como
representante do Exército, a delegação brasileira às comemorações do
sesquicentenário da Revolução de Maio, em Buenos Aires, na Argentina. Promovido a general-de-divisão em novembro de 1963, foi nomeado
no ano seguinte comandante da 6ª Divisão de Infantaria (6ª DI), sediada em Porto Alegre.
Em março de 1964, Adalberto Pereira dos Santos, identificado
com as forças contrárias ao governo, criticou as diretrizes do presidente João
Goulart manifestas no comício do dia 13 do mesmo mês, considerando que estas
levariam à “comunização do país”. Tais críticas repercutiram junto ao governo,
o que determinou que fosse exonerado do comando da 6ª DI. Com a eclosão do
movimento político-militar de 31 de março de 1964, o governo do estado do Rio
Grande do Sul, chefiado por Ildo Meneghetti, que se opunha a Goulart,
transferiu-se para Passo Fundo, onde se organizou um foco de resistência ao
governo federal, cujos adeptos dominavam Porto Alegre. Adalberto Pereira dos
Santos, que não havia deixado o estado, dirigiu-se para Cruz Alta (RS) e
comandou as unidades sublevadas, impedindo a saída das forças governistas do
estado. Com a vitória do movimento, reassumiu o comando da 6ª DI.
Ainda em 1964 integrou a delegação brasileira enviada às
solenidades de posse de Eduardo Frei, presidente do Chile, como embaixador em
missão especial, representando as forças armadas. Em seguida comandou a 1ª DI e
a Guarnição da Vila Militar, ambas no Rio de Janeiro. Foi chefe da delegação do
Exército brasileiro e presidente da III Conferência dos Chefes de Serviços de
Informações dos Exércitos Sul-Americanos, realizada no Rio de Janeiro em 1965.
Em novembro desse mesmo ano foi promovido a general-de-exército e assumiu o
comando do I Exército, no Rio de Janeiro, em substituição ao general Otacílio
Terra Ururaí.
Em
maio de 1968, no governo do general Artur da Costa e Silva, transmitiu esse
importante comando ao general Siseno Sarmento e assumiu a chefia do
Estado-Maior do Exército (EME), sucedendo ao general Orlando Geisel. Em agosto
de 1968 representou o Brasil, como embaixador extraordinário e ministro
plenipotenciário, nas solenidades comemorativas de mais um período presidencial
do general Alfredo Stroessner, do Paraguai. Na época em que esteve à frente do
EME foi editado o Ato Institucional nº 5 (13/12/1968). Deixou a chefia do EME
em abril de 1969 para se tornar ministro do Superior Tribunal Militar (STM), na
vaga aberta pelo general Peri Bevilacqua, aposentado por força daquele ato. No
EME foi substituído pelo general Antônio Carlos Murici.
Foi ministro do STM de 1969 a 1973, período em que o tribunal se pronunciou sobre um grande número de processos políticos. Em 15 de março de
1973 foi eleito presidente do STM para o biênio 1973-1974. Em junho seguinte,
entretanto, deixou o tribunal, pois teve seu nome indicado pelo então
presidente da República general Emílio Garrastazu Médici à Aliança Renovadora
Nacional (Arena), como candidato à vice-presidência da República. Sua
candidatura foi homologada por unanimidade, juntamente com a candidatura à
presidência do general Ernesto Geisel, na convenção da Arena realizada no dia
14 de setembro de 1973. Quatro meses depois, em 15 de janeiro de 1974, foi
eleito vice-presidente da República pelo Colégio Eleitoral. Juntamente com o
presidente Geisel, assumiu o cargo em 15 de março do mesmo ano.
Adalberto
Pereira dos Santos assumiu a presidência durante as viagens de Geisel à França,
à Inglaterra e ao Japão, em 1976. Em setembro de 1977 viajou a Washington para
participar da reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), representando
o governo brasileiro na assinatura do novo tratado do canal do Panamá. Com o
fim do mandato, em março de 1979, Geisel transferiu o governo ao general João
Batista Figueiredo e Pereira dos Santos deixou a vice-presidência, abandonando
a vida pública para se dedicar à família.
Numa das raras manifestações públicas que fez opinando sobre
a situação política do país, o general Adalberto em entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo no final de 1981, defendeu a normalização democrática do
país e classificou como “muito salutar” a posse do vice-presidente Aureliano
Chaves na presidência da República durante a enfermidade do presidente João
Figueiredo. Na oportunidade, disse ainda, que “foi uma substituição normal,
mostrando que não [se precisa] mais ter preocupações nesse sentido”.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 2 de abril de 1984.
Foi casado e não teve filhos.
FONTES: CORRESP.
SECRET. GER. EXÉRC.; CORRESP. SUP. TRIB. MILITAR; Estado de S. Paulo
(18/12/81 e 3/4/84); Globo (3/4/84); Grande encic. Delta; Jornal
do Brasil (16/1/74, 7/9/77 e 3/4/84); MAGALHÃES, I. Segundo; Perfil (1974);
SILVA, H. 1964; Veja (11/4/84).