SCHULMAN,
Maurício
*pres. BNH 1974-1979;
pres. Eletrobrás 1979-1980.
Maurício Schulman nasceu em Curitiba no dia 21 de janeiro de 1932, filho do
comerciante Bernardino Schulman e de Regina Schulman. Bernardo Schulman, seu avô, publicou Em legítima defesa: a voz de um judeu brasileiro (1937). Leão Schulman, seu
tio, foi diretor da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) na década de 1950. Roberto Leite Schulman, seu primo, foi
diretor de Suprimentos (1977-1978) e de Operação e Planejamento (1979-1984) da
Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul), destacando-se também como
diretor técnico da Itaipu Binacional (1985-1990).
Maurício Schulman fez os primeiros estudos na cidade natal e formou-se em
engenharia civil pela Universidade do Paraná, em 1954. Dois anos depois,
trabalhando na Copel, integrou-se ao Grupo Especial de Energia Elétrica,
vinculado ao Plano Estadual de Desenvolvimento Econômico. Em maio de 1958, assumiu a chefia da Divisão de Estudos Contratados, e em
1960 estagiou em empresas de eletricidade na França. De volta ao Brasil, em
março de 1961, assumiu o departamento de Engenharia da Copel, passando a
superintendente-técnico em outubro. Em dezembro, foi nomeado pelo governador Nei Braga (1961-1964) diretor do
Departamento de Águas e Energia Elétrica. Na condição de diretor-administrativo da Companhia de Desenvolvimento Econômico do
Paraná, representou o estado a partir de maio de 1962 no conselho
consultivo e coordenador das Centrais Elétricas de Urubupungá. No mesmo ano, foi eleito diretor-técnico da Copel para o triênio de 1962 a
1965.
Em novembro de 1963, passou a integrar o conselho de administração da Central
Elétrica Capivari-Cachoeira e o conselho deliberativo do Instituto de
Engenharia do Paraná. Assessor do ministro do Planejamento e Coordenação
Econômica, Roberto Campos (1964-1967), até 1966, e reeleito
diretor-técnico da Copel para o triênio de 1966 a 1969, dirigiu as Centrais
Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) de 1967 a 1971, quando se tornou secretário
de Fazenda do Paraná, no governo de Parigot de Sousa (1971-1973).
Mantido
à frente da pasta durante o governo de Emílio Gomes (1973-1975), em 1974
assumiu a presidência do Banco Nacional da Habitação (BNH), em substituição a
Rubem Vaz da Costa, permanecendo no cargo do início ao fim do governo do
presidente Ernesto Geisel. Nesse período,
fez parte do Conselho Monetário Nacional
(CMN), do conselho
de administração
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), da junta de administração
da Agência Especial de Financiamento (Finame), vinculada ao BNDE, e do conselho
diretor do Banco Interamericano de Poupança e Empréstimo, com sede em Caracas,
Venezuela.
Em
janeiro de 1979,
teve seu nome indicado para a presidência da Eletrobrás pelo futuro ministro
das Minas e Energia, César Cals, já escolhido pelo general João Batista
Figueiredo, presidente da República eleito pelo Congresso e empossado em março.
Deixando o BNH, onde foi substituído por José Lopes de Oliveira, assumiu o novo
cargo, sucedendo a Arnaldo Barbalho.
À frente da Eletrobrás, promoveu de
imediato a revisão do programa de investimentos de curto prazo da empresa,
tendo em conta as medidas de ajustamento econômico adotadas pelo governo
federal em decorrência do segundo choque do petróleo. Preocupou-se também com a
revisão do planejamento de longo prazo do setor de energia elétrica,
coordenando a elaboração do relatório conhecido como Plano 95. Divulgado em
setembro de 1979, o plano recomendou extenso programa de obras e de estudos
para o atendimento do mercado de energia elétrica dos sistemas elétricos
interligados e isolados do país no horizonte de 15 anos. Na mesma altura, a
Eletrobrás e as maiores empresas do setor firmaram convênio para a implantação
do Sistema Nacional de Supervisão e Coordenação da Operação Interligada (Sinsc),
com o objetivo de viabilizar a supervisão em tempo real da operação dos
sistemas interligados.
Durante
sua permanência na Eletrobrás, teve crescentes dificuldades de relacionamento
com o ministro César Cals. Um dos pontos de divergência dizia respeito à
ambiciosa política de expansão do parque termelétrico a carvão, traçada pelo
ministério, com o objetivo de acelerar a substituição do petróleo por outras
fontes de energia. Schulman também se manifestou contrário à política de
contenção tarifária e aos novos cortes de investimentos das empresas de energia
elétrica anunciados pelo governo federal após a demissão do ministro da
Fazenda, Carlos Rischbieter, em janeiro de 1980. Suas relações com César Cals
ficaram definitivamente comprometidas quando o ministro determinou a exoneração
de dois diretores da Eletrobrás, após a divulgação de um relatório da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
que acusava jornalistas, cientistas e técnicos da área governamental como inimigos
do programa nuclear brasileiro.
Renunciou
à presidência da holding
federal em setembro de 1980, sendo substituído pelo general José Costa
Cavalcanti, então presidente da Itaipu Binacional, que passou a acumular o
comando das duas empresas. Durante sua gestão na Eletrobrás, presidiu os
conselhos de administração da Companhia Hidrelétrica
do São Francisco (CHESF) e da Light Serviços de Eletricidade. Também participou,
no mesmo período,
do Conselho Superior de Energia (CSE), dirigido pelo vice-presidente da
República, Aureliano Chaves. Entre 1979 e 1981, presidiu a Comissão de
Integração Elétrica Regional (CIER).
Não obstante sua saída da Eletrobrás, permaneceu no conselho
de administração
da Itaipu Binacional até 1989.
Em
outubro de 1980, Maurício Schulman assumiu o cargo de diretor-coordenador de
quatro empresas da área de crédito imobiliário do grupo Bamerindus, passando a
responder pela diretoria financeira do banco em 1982. No início dos anos 1980,
ocupou ainda a vice-presidência da Associação Brasileira das Entidades de
Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP).
Em 1990, integrou o conselho de administração do Bamerindus, então um
dos maiores bancos privados do país, assumindo em seguida a sua presidência.
Eleito em outubro de 1991 para a diretoria-executiva da Federação Brasileira de Associação de Bancos
(Febraban) e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), das quais já era
conselheiro desde março do ano anterior, em abril de 1993 tornou-se o primeiro
presidente do conselho de administração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
após a sua privatização, cargo que deixou em outubro de 1995, substituído pelo
empresário Benjamim Steinbruch, representante do grupo Vicunha.
Membro da Academia Nacional de Engenharia, em 1994, e do
Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp),
de 1994 a 1997, em dezembro de 1994 foi eleito presidente da Febraban e da
Fenaban, com mandato de três anos, participando do conselho da Confederação
Nacional de Instituições Financeiras e do Conselho Superior do Trabalho, órgão
do Ministério do Trabalho. Na sua gestão, o setor bancário atravessou um processo de acentuada
reestruturação em decorrência da abertura do mercado aos bancos estrangeiros e
da estabilização monetária que se seguiu à implantação do Plano Real, em julho
de 1993.
Em 26 de março de 1997, o Bamerindus sofreu intervenção do Banco Central, sendo
posteriormente vendido ao banco Hongkong and Shangai Banking Corporation (HSBC), dando origem ao HSBC-Bamerindus. Afastado dos cargos
que ocupava, Schulman tornou-se consultor de empresas.
No período em que dirigiu empresas públicas e presidiu a
Febraban, participou de várias missões de negociação junto a
organismos internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional, o Banco
Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Aliança para o Progresso.
Casado com Marta Schulman, teve dois filhos.
FONTES: BERNARDINO
Schulman, a memória que se foi. Disponível em www.millarch.org/artigo/bernardino-schulman-memoria-que-se-foi; Centro
da Memória da Eletricidade no Brasil. Planejamento; Centro
da Memória da Eletricidade no Brasil. Dicionário
biográfico; CURRIC.
BIOG.; Estado de S. Paulo (18
e 19/9/80, 23/2/95, 7/4, 20/6 e 1/7/96); Folha
de S. Paulo (24/2,
27/4, 14/5 e 25/6/95, 27 e 28/6/96); Globo
(18 e 20/9/80, 8/6 e 28/11/95); INF. BIOG.; Jornal
do Brasil
(23/3/74, 30/5/76, 21/3, 13/4 e 11/12/77, 20/1/78, 26/1 e 20/3/79, 17 e 18/9 e
8/10/80, 30/6/96); Perfil
(1974); SCHULMAN,
as memórias da comunidade israelita. Disponível em www.millarch.org/artigo/schulman-memorias-da-comunidade-israelita; Veja (2/8/95);
Who’s who
in Brazil.