SILVA,
Aderbal Ramos da
*const. 1946;
dep. fed. SC 1946-1947; gov. SC 1947-1948 e 1950-1951; dep. fed. SC
1955-1959.
Aderbal Ramos da Silva nasceu em Florianópolis no dia 18 de janeiro de 1911, filho
do desembargador João Pedro da Silva e de Raquel Ramos da Silva. Sua mãe era a
filha mais velha de Vidal José de Oliveira Ramos, patriarca da família Ramos, deputado
provincial no Império, governador de Santa Catarina de 1902 a 1905 e de 1910 a 1914 e deputado federal e senador por esse estado. Seu tio Nereu Ramos foi
deputado federal e senador por Santa Catarina, governador e interventor federal
no estado de 1935 a 1945, vice-presidente da República de 1946 a 1951 e presidente de 1955 a 1956. Seu outro tio, Joaquim Ramos, foi deputado federal de 1947 a 1971, e Celso Ramos, também seu tio, governou Santa Catarina de 1961 a 1966 e foi senador por esse estado de 1967 a 1975. Seu primo Hugo Ramos Filho, foi senador
pelo Rio de Janeiro de 1978 a 1983. Três outros membros de sua família também
se destacaram na política catarinense: Saulo Ramos cumpriu mandato na Câmara
Federal de 1951 a 1955 e foi eleito senador para o período de 1955 a 1963; Aristiliano Ramos foi interventor no estado entre 1933 e 1935; e Cândido de Oliveira
Ramos foi interventor em 1932, senador em 1935 e deputado federal entre 1935 e
1937.
Aderbal Ramos da Silva concluiu o curso de humanidades no
Ginásio Catarinense, dirigido por jesuítas, em Florianópolis, bacharelando-se
em março de 1932 em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da
Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal.
Voltando
a Santa Catarina, ingressou na política, levado por Nereu Ramos, como diretor
do diário República, órgão doutrinário do Partido Liberal Catarinense (PLC).
Tornou-se militante destacado do partido, elegendo-se presidente do seu
diretório municipal em Florianópolis. Em 1933 foi nomeado pelo presidente
Getúlio Vargas primeiro inspetor federal de ensino junto à Faculdade de Direito
de Santa Catarina, cargo que também exerceu no Ginásio Catarinense. Em outubro
de 1934 foi eleito deputado à Assembléia Constituinte de Santa Catarina na
legenda do PLC, assumindo o mandato em maio de 1935. Participou dos trabalhos
constituintes e, após a promulgação da nova Carta estadual, em agosto de 1935,
passou a exercer o mandato ordinário, tornando-se segundo-secretário do
Legislativo catarinense. Permaneceu na Assembléia até o dia 10 de novembro de
1937, quando o advento do Estado Novo (1937-1945) suprimiu todos os órgãos
legislativos do país. Nereu Ramos, que havia sido eleito governador em 1935,
passou a interventor federal no estado e, em 1942, Aderbal Ramos da Silva
ingressou na firma Carlos Hoepcke.
Com a redemocratização do país e o fim do Estado Novo,
elegeu-se no pleito de dezembro de 1945 deputado à Assembléia Nacional
Constituinte por Santa Catarina, na legenda do Partido Social Democrático
(PSD). Empossado em fevereiro de 1946, participou dos trabalhos constituintes
e, após a promulgação da nova Constituição, em 18 de setembro de 1946, passou a
exercer o mandato ordinário. Em janeiro de 1947 foi eleito governador de Santa
Catarina, com 95.740 votos, pela coligação formada pelo PSD e o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), derrotando o candidato udenista Irineu
Bornhausen, que obteve 81.313 votos. Empossado em março de 1947, após deixar a
Câmara Federal, licenciou-se do cargo de abril de 1948 a janeiro de 1950, sendo substituído pelo presidente da Assembléia Legislativa, José Boabaid,
pois ainda não havia sido criado o cargo de vice-governador.
Durante
seu governo foram realizadas duas reuniões econômico-agrícolas: a primeira em
maio de 1947, em Florianópolis, e a segunda em março de 1949, durante seu
período de licença, em Lajes. Com base nas deliberações dessas reuniões apoiou
as recomendações técnicas sobre o cultivo do trigo, garantiu e estimulou o
funcionamento do curso de aperfeiçoamento Teixeira de Freitas, que preparava
estatísticos auxiliares, e criou o Serviço Florestal de Santa Catarina. Dedicou
especial atenção ao ensino público, consolidando a reforma da escola primária
iniciada por Nereu Ramos, principalmente no aspecto relacionado à
nacionalização do ensino, e incentivou o produtor rural a se interessar pelo
desenvolvimento tecnológico existente. Terminou seu mandato em janeiro de 1951,
sendo substituído por Irineu Bornhausen, eleito em outubro de 1950, e passando
a se dedicar integralmente às atividades empresariais.
Em
outubro de 1954 foi eleito deputado federal por Santa Catarina na legenda da
Aliança Social Trabalhista, coligação formada pelo PSD e o PTB, assumindo o
mandato em fevereiro do ano seguinte. Com o fim de seu mandato em 31 de janeiro
de 1959, deixou a Câmara Federal, não mais se candidatando a cargos públicos.
A
partir de então, passou a desenvolver intenso trabalho de bastidores na
política catarinense. No pleito de novembro de 1982 apoiou o candidato do
Partido Democrático Social (PDS) ao governador de Santa Catarina, Esperidião
Amin, finalmente eleito. Apoiou também a candidatura de Paulo Maluf à
presidência da República no pleito indireto de janeiro de 1985, vencido por
Tancredo Neves.
Um
dos mais destacados banqueiros do sul do país, foi diretor-presidente do Banco
Paraná-Santa Catarina e da firma Carlos Hoepcke, detentora do maior parque
industrial de Florianópolis. Foi, também, sócio-fundador da Companhia Cacique
de Café Solúvel, da qual tornou-se vice-presidente. Foi, também proprietário do
jornal O Estado, diário mais antigo de Santa Catarina, e da Rádio Guarujá, de
Florianópolis.
Faleceu em Florianópolis no dia 13 de fevereiro de 1985.
Era casado com Rute Hoepcke, com quem teve duas filhas.
FONTES: CABRAL, O. Breve;
CABRAL, O. Era; CABRAL, O. História; CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Relação dos dep.; Constituinte; Encic. Mirador; Grande
encic. Delta; JAMUNDÁ, T. Catarinenses; Jornal do Brasil
(5/2/76 e 14/2/85); RICHARD NETO, G. Homens; SILVA, G. Constituintes;
SOARES, E. Instituições; Veja (20/2/85).