HECK, Sílvio
*militar; min. Mar. 1961.
Sílvio de Azevedo Heck nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 30 de outubro de 1905, filho do
vice-almirante Conrado Heck, ministro da Marinha entre dezembro de 1930 e junho
de 1931, e de Cecília Avelar de Azevedo Heck.
Ingressou
na Escola Naval em março de 1923, saindo guarda-marinha em janeiro de 1927. Em
setembro deste último ano, foi promovido ao posto de segundo-tenente,
embarcando em outubro no encouraçado São Paulo.
Promovido a primeiro-tenente em outubro de 1929, foi
transferido nesse mesmo mês para a Flotilha de Contratorpedeiros, sendo
indicado para servir no Paraíba. Logo após a Revolução de 1930,
em janeiro de 1931, ocupando seu pai o cargo de ministro da Marinha, foi
designado ajudante-de-ordens do contra-almirante Augusto César Burlamaqui,
comandante-em-chefe da Esquadra. Durante os meses de agosto e setembro de 1932,
participou das operações navais realizadas no litoral paulista, ligadas à
repressão à Revolução Constitucionalista de São Paulo, movimento armado que
combatia o Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas. Ainda em setembro,
foi promovido a capitão-tenente. No início de dezembro foi nomeado
ajudante-de-ordens do chefe do Estado-Maior da Armada (EMA), contra-almirante
Hugo de Roure Mariz.
Em
abril de 1934, Heck iniciou o curso de aperfeiçoamento de oficiais em submarinos
a bordo do tênder Ceará, concluindo-o em janeiro do ano seguinte.
Em fevereiro de 1935 foi destacado para o submarino Humaitá, onde
exerceu as funções de ajudante do encarregado dos motores. Em fevereiro de
1936, retornou ao São Paulo, onde permaneceu, nessa oportunidade,
até abril de 1937. Nesse mesmo mês, assumiu o cargo de ajudante-de-ordens do
ministro da Marinha, vice-almirante Aristides Guilhem. Em dezembro de 1939,
voltou a servir a bordo, sendo designado imediato do submarino Timbira,
função que exerceu até dezembro de 1942. No final desse mês foi
promovido a capitão-de-corveta. Em outubro de 1943, recebeu o comando do Timbira,
ocasião em que tomou parte — sob a chefia do contra-almirante Jonas Howard
Ingram, comandante da 4ª Esquadra norte-americana — em operações navais
destinadas a guarnecer o Atlântico Sul das incursões dos submarinos alemães
durante a Segunda Guerra Mundial.
Com o término do conflito, Heck foi dispensado do comando do Timbira
em novembro de 1945, passando nesse mesmo mês a assistente da Flotilha de
Submarinos. Em janeiro de 1946 foi destacado para o Escritório de Compras da
Marinha, em Washington. Em outubro, recebeu a patente de capitão-de-fragata. De
volta ao Brasil em abril de 1948, ingressou na Escola de Guerra Naval.
Concluindo o curso em outubro de 1949, foi indicado ainda nesse mês para
comandar a base Almirante Castro e Silva, na ilha de Mocanguê, em Niterói, onde
permaneceria até agosto de 1950, afastando-se apenas durante o mês de março
para exercer interinamente o comando da Flotilha de Submarinos. Em seguida
recebeu o comando do contratorpedeiro Araguaia. Deixou essa
função em maio de 1951 e em julho foi empossado na chefia da Capitania dos
Portos do Estado da Bahia e no cargo de delegado do Trabalho Marítimo do
estado.
Promovido a capitão-de-mar-e-guerra em setembro de 1952, Heck
foi logo a seguir designado para o EMA.
O Movimento do 11 de Novembro de 1955
A instabilidade político-militar que marcava a vida
brasileira desde o suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de
1954, agravou-se no decorrer do ano seguinte em virtude da aproximação das
eleições presidenciais previstas para 3 de outubro. Os setores antigetulistas
das forças armadas, a União Democrática Nacional (UDN) — segundo maior partido
do país — e os principais jornais nacionais combateram intensamente a chapa
formada por Juscelino Kubitschek e João Goulart, lançada pela coligação do
Partido Social Democrático (PSD) com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
por julgá-los herdeiros políticos do getulismo e comprometidos com os
comunistas.
Apesar das pressões, o pleito foi realizado na data
prefixada, e Juscelino e Goulart sagraram-se vencedores. Com o triunfo dos
candidatos da aliança PSD-PTB, seus adversários passaram a se bater pelo
impedimento da posse dos eleitos, chegando mesmo a advogar a implantação no
Brasil de um regime de exceção, liderado por um chefe militar.
Intimamente
comprometido com o esquema político-militar antigetulista, o capitão-de-mar-e-guerra
Sílvio Heck, depois de quase três anos de serviço no EMA, foi designado em
outubro de 1955 comandante do cruzador Tamandaré. Seu superior
hierárquico, o vice-almirante Carlos Pena Boto, comandante-em-chefe da Esquadra
e comandante da Força de Cruzadores, era um dos mais destacados opositores de
Juscelino e Goulart dentro dos círculos militares.
A tensão reinante entre partidários e adversários da
investidura de Juscelino e Goulart se precipitou num conflito aberto na
madrugada de 11 de novembro. Na ocasião, o general Henrique Lott, ministro da
Guerra demissionário, auxiliado pelo general Odílio Denis, comandante da Zona
Militar Leste (atual I Exército), depôs o presidente em exercício Carlos Luz, sob a acusação de envolvimento numa trama que pretendia impedir a posse
dos eleitos. Em pouco tempo, unidades do Exército ocuparam todos os principais
edifícios governamentais, estações de rádio e jornais do Rio, dando a Lott o
controle total da situação na capital federal.
Preocupado com o desenrolar dos acontecimentos, Pena Boto pôs
os navios da Esquadra de prontidão. Heck recebeu ordens de colocar o Tamandaré
em condições de zarpar, caso fosse necessário. Nas primeiras horas da manhã
do dia 11, o comandante-em-chefe da Esquadra sugeriu a Carlos Luz a
transferência do governo para Santos (SP), com base em informações de que o
governador de São Paulo, Jânio Quadros, estaria disposto a apoiá-lo. Aceita a
sugestão, às nove horas da manhã Heck deu ordem de partida ao Tamandaré,
tomando o rumo daquele porto paulista. O cruzador — que escapou ileso do
fogo das baterias assentadas na entrada da barra da baía de Guanabara —
transportava, além do presidente deposto e de Pena Boto, o ministro da Justiça,
José Eduardo Prado Kelly, o ministro da Agricultura, Bento Munhoz da Rocha, e o
chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, coronel José Canavarro
Pereira, entre outros membros do governo. Também se encontravam a bordo Carlos
Lacerda — jornalista, deputado federal pela UDN do Distrito Federal e principal
articulador civil da conspiração contra os candidatos eleitos — e o coronel
Jurandir Bizarria Mamede, que desempenhara papel semelhante no meio militar.
No
plano político, o quadro também não era favorável a Carlos Luz e seus
seguidores. Procurando legitimar o movimento militar, Lott entrou rapidamente
em contato com as lideranças do Congresso. Carlos Luz foi declarado impedido
para o exercício da presidência, sendo designado para o cargo o vice-presidente
do Senado Nereu Ramos, o seguinte na linha sucessória definida pela
Constituição. Nereu foi empossado ainda no dia 11. A notícia do impedimento de Carlos Luz pelo Congresso trouxe grande desapontamento aos
passageiros do Tamandaré, que sentiram sua posição ainda mais
enfraquecida. Na madrugada do dia 12, quando o navio estava a cem milhas de
Santos, chegou a informação de que os aviões da base aérea da cidade poderiam
bombardear o cruzador. Além disso, o porto estava ocupado por tropas fiéis a
Lott, visando a impedir que o Tamandaré atracasse. Vendo a situação
perdida, Carlos Luz ordenou que o navio retornasse ao Rio, onde aportou na
manhã do dia 13.
Conspirando contra Juscelino
Embora
tenha tomado parte ativa no 11 de novembro ao lado da facção derrotada, Heck
continuou no comando do Tamandaré até o início de fevereiro de 1956,
logo após a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República. Em maio,
foi nomeado chefe de seção do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), cargo no
qual permaneceu até final de junho.
Crítico
severo do governo Kubitschek, Heck envolveu-se em várias conspirações contra o
presidente, o que lhe trouxe sérios prejuízos na escala de promoções. Em
janeiro de 1957, ao lado de alguns oficiais da Armada, planejou prender o
presidente a bordo do cruzador Barroso, durante viagem que
Juscelino faria do Rio a Santos, e em cujo transcurso seria homenageado pela
Marinha. No entanto, a falta de apoio de outros oficiais contratados — entre os
quais o próprio comandante do Barroso — levou a trama ao fracasso. A
viagem presidencial, realizada em 29 de janeiro, transcorreu sem incidentes.
Inconformado, Heck lançou um manifesto à nação no qual responsabilizava aqueles
que se recusaram a participar da conspiração pelo “triste espetáculo” da
homenagem a Kubitschek. Depois dessas declarações, foi punido pelo governo com
cinco dias de prisão a bordo de um navio.
Em
março de 1957, assumiu o cargo de capitão dos Portos de Pernambuco, nele
permanecendo até fevereiro de 1958. Sem função entre fevereiro e setembro de
1958, apenas no final deste último mês foi designado encarregado da Divisão de
Legislação do EMA. Segundo Maria Vitória Benevides, Heck tentou sublevar a
Marinha em Pernambuco durante o ano de 1958, mas a iniciativa fracassou por não
ter encontrado receptividade entre a oficialidade.
Tendo
pedido passagem para a reserva, ao deixar a ativa Heck foi duplamente promovido
a contra-almirante e a vice-almirante em fevereiro de 1959. Em setembro, foi
punido com dez dias de prisão por declarações contrárias ao governo. Segundo
Glauco Carneiro, Heck esteve indiretamente implicado na Revolta de Aragarças,
movimento contrário ao governo Juscelino liderado pelo tenente-coronel-aviador
João Paulo Burnier e deflagrado no início de dezembro de 1959. Heck assegurou a
adesão de setores ponderáveis da Marinha ao levante, caso os revoltosos
desistissem de bombardear os palácios presidenciais do Catete e das
Laranjeiras, no Rio, conforme estava previsto originalmente. O bombardeio foi
suspenso, mas o apoio prometido não se efetivou.
1961: Ministério da Marinha e junta militar
Sílvio Heck foi o titular do Ministério da Marinha durante os
sete meses em que Jânio Quadros foi presidente da República, de janeiro a
agosto de 1961. Com a renúncia de Quadros em 25 de agosto, Heck e os ministros
da Guerra, marechal Odílio Denis, e da Aeronáutica, brigadeiro Gabriel Grün
Moss, formaram uma junta militar que, contando com o respaldo de parcela das
forças armadas, vetou a investidura do vice-presidente João Goulart sob a
alegação de que ela arrastaria o país à guerra civil. Essa decisão provocou o
agravamento da crise político-militar em curso. Como Goulart encontrava-se no exterior em missão oficial a presidência foi
automaticamente confiada, em caráter provisório, a Pascoal Ranieri Mazzilli,
presidente da Câmara dos Deputados. Os setores civis e militares que defendiam
a posse do vice-presidente articularam então um movimento em defesa da
legalidade, que teve no Rio Grande do Sul seu principal ponto de apoio. Esse
estado era governado por Leonel Brizola, cunhado de Goulart.
A junta pretendia proibir que Goulart pisasse de volta o
território brasileiro, o que tornaria necessária a realização de eleições a fim
de se escolher um novo presidente. Nesse intervalo, Ranieri Mazzilli
permaneceria na presidência. Contudo, para que essa posição se impusesse era
imprescindível a mais completa unidade no interior das forças armadas, sobretudo
do Exército, o que acabou não ocorrendo. O general José Machado Lopes,
comandante do III Exército, sediado em Porto Alegre, e o brigadeiro João Arelano dos Passos, comandante da V Zona Aérea também com sede na capital gaúcha,
aderiram ao movimento legalista liderado por Brizola. A dissenção no Rio Grande
do Sul colocou o país sob a ameaça de guerra civil. Denis mobilizou tropas do I
e do II exércitos para um eventual confronto com efetivos do III Exército e
Heck enviou uma força naval para bloquear os portos gaúchos.
Paralelamente, o Congresso procurava solucionar o impasse.
Foi constituída uma comissão de deputados e senadores com a missão de estudar o
veto militar a Goulart. Em 29 de agosto, a comissão manifestou-se contrária à
pretensão da junta. Insatisfeitos com a decisão da comissão, Heck, Denis e Moss
lançaram no dia seguinte um manifesto no qual expunham suas razões para se
oporem à investidura de Goulart.
O documento acusava o vice-presidente de incentivar “agitações…
nos meios sindicais” e de entregar postos-chave nos sindicatos a “agentes do
comunismo internacional”, considerando-o, por conseguinte, uma verdadeira
ameaça à segurança nacional. Além disso, o texto ressaltava a admiração
manifesta por Goulart pelas comunas populares durante sua recente visita à
China Popular. Finalizando, o manifesto advertia que com Goulart na presidência
a hierarquia das forças armadas poderia ser abalada e que o país seria
“mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil”.
O
manifesto dos ministros militares causou grande impacto nos meios políticos. A
comissão propôs então uma solução conciliatória, que consistia na adoção do
regime parlamentarista de governo, reduzindo os poderes do presidente da
República. Aprovada pelo Congresso em 2 de setembro, a proposta foi
transformada na Emenda Constitucional nº 4, que instaurou no país o
parlamentarismo. Ficava pois garantida a posse de Goulart, que se encontrava em Porto Alegre desde 1º de setembro, aguardando o desenrolar dos acontecimentos. Em 5 de
setembro, depois de reunião dos ministros militares com Mazzilli, foi emitido
um comunicado no qual Denis, declarando-se credenciado por Heck e Moss, afirmou
que os militares acatavam a forma parlamentarista de governo e davam total
garantia ao desembarque de Goulart em Brasília e sua investidura na
presidência.
Finalmente,
em 7 de setembro João Goulart foi empossado e no dia seguinte os três ministros
militares foram exonerados por decreto presidencial. Sílvio Heck foi
substituído pelo contra-almirante Ângelo Nolasco de Almeida.
A oposição a Goulart e o movimento militar de março de
1964
Afastado da pasta da Marinha, Heck passou a desenvolver
cerrada oposição a Goulart, participando de encontros antigovernamentais na
casa do marechal Denis e mantendo contato com empresários de São Paulo e do
Rio, que viam com desconfiança o apoio que o presidente buscava nos sindicatos
e nas organizações populares. Em novembro de 1961, Heck presidiu uma reunião de
empresários cariocas e paulistas no edifício Avenida Central, no centro do Rio,
na qual, depois de se discutir que posição adotar perante Goulart, decidiu-se
“que sem manifestações inequívocas da opinião pública, as forças armadas não se
sentiriam autorizadas a intervir”. Esse grupo de homens de negócios fazia parte
do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPÊS), organização de combate ao
governo que, embora formalmente fundada em fevereiro de 1962, já atuava desde
1961.
Ainda no mês de novembro, Heck foi solidário com o general
Emílio Maurel Filho, comandante da 1ª Região Militar, com sede no Rio, que fora
demitido por seu superior hierárquico, general Osvino Ferreira Alves,
comandante do I Exército e íntimo colaborador do presidente. Heck considerou a
demissão de Maurel uma “aberta tentativa contra a segurança do Brasil” e
denunciou “a infiltração comunista nas forças armadas e a colocação de
elementos pró-comunistas nos serviços de segurança”. Essas declarações lhe
custaram 30 dias de prisão.
Em janeiro de 1963, após a realização do plebiscito que
aboliu o parlamentarismo e devolveu a Goulart plenos poderes constitucionais,
Heck criou a Frente Patriótica Civil-Militar. A frente atuava próximo ao Grupo
de Ação Patriótica, à Ação dos Vigilantes do Brasil e a outras organizações que
visavam à derrubada do governo federal.
Além de agir junto a grupos civis, Heck também estava
articulado a conspiradores militares, como o general Olímpio Mourão Filho, que
desde março de 1963 comandava a estratégica 2ª Região Militar (RM), sediada em São Paulo. Mourão, que um ano depois, no comando na 4ª RM, em Juiz de Fora, veio a se
constituir num dos principais artífices da queda de Goulart, tinha Heck em alta
conta. Em abril, anotou em seu diário que Heck poderia ser “o chefe geral da
revolução” pois “é o revolucionário número um... e tem a vantagem... de ter
sido ministro da Marinha de um governo respeitável como o de Jânio Quadros”.
Em
outubro de 1963, mais uma vez Heck veio a público criticar o governo. Nessa
oportunidade, a alta hierarquia da Marinha lançou um manifesto protestando em
termos veementes contra a promoção do contra-almirante Cândido Aragão —
destacado partidário de Goulart e que começara sua carreira como marinheiro —
ao posto de vice-almirante. Heck, o primeiro a assinar o documento, passou o
Natal desse ano na prisão. Em fevereiro de 1964, tomou parte em uma
manifestação pública anticomunista, de repúdio ao governo, promovida em Belo Horizonte pela Mobilização Democrática Brasileira. No início de março, ele foi acusado
no Congresso pelo deputado Antônio Garcia Filho de treinar homens em fazendas
de Minas Gerais para promoverem ações isoladas de provocação. A denúncia foi
reiterada pouco depois, quando Garcia Filho acrescentou que organizações de
direita, lideradas por Heck, pretendiam deslocar grupos de homens de Corinto e
de outras cidades do interior mineiro para executarem ações provocativas
durante o grande comício marcado pelo governo para o dia 13 de março na estação
da Central do Brasil no Rio. Durante o comício, Goulart anunciaria uma série de
resoluções de grande impacto popular.
Goulart foi derrubado pelos militares em 31 de março de 1964.
No início de abril, Heck foi nomeado membro do Conselho do Almirantado, função
que exerceu até abril de 1965. Identificando-se desde os primeiros tempos do
regime militar com os integrantes da chamada “linha dura” — grupo de militares
favoráveis à radicalização das medidas de exceção —, Heck opôs-se à linha de
atuação do presidente, general Humberto Castelo Branco, considerada demasiado
tolerante com os partidários do governo deposto.
Georges-André Fiechter afirma que Heck aderiu a uma
conspiração para derrubar Castelo Branco, que começou a se organizar em outubro
de 1965, liderada pelo general Afonso de Albuquerque Lima, chefe do
Estado-Maior do I Exército. Em dezembro, ele lançou um manifesto contendo
críticas à orientação do presidente.
Durante a presidência do general Emílio Garrastazu Médici
(1969-1974), Heck foi encarregado pelo governo de estudar a questão do mar
territorial brasileiro, manifestando-se a favor da ampliação da soberania
nacional sobre a plataforma continental de 12 para duzentas milhas. Em março de
1971, Médici assinou o Decreto nº 1.098, que significou a vitória do seu ponto
de vista.
Em outubro de 1977, Heck declarou à imprensa que apoiava o
nome do general João Batista Figueiredo para substituir o presidente Ernesto
Geisel, afirmando que o candidato reunia todas as condições para “conduzir a
evolução do processo revolucionário”.
Em
31 de março de 1981, por ocasião do 17º aniversário do movimento militar de
1964, Heck lançou uma nota no jornal O Estado de S. Paulo, intitulada
“Aos brasileiros”. Nela, o vice-almirante advertia sobre os “perigos que a
tranqüilidade nacional corre”, devido ao processo de abertura política,
afirmando não ter ilusões de que “os adversários, de exigência em exigência,
chegarão naquela mais ousada, a Constituinte, outrora com Lênin e, na época própria,
com algum Kerensky brasileiro disponível”.
Sílvio Heck foi embaixador especial e plenipotenciário do
Brasil na Nicarágua.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de julho de 1988.
Era casado com Lígia Trompowsky, filha do brigadeiro Armando
Trompowsky, ministro da Aeronáutica dos presidentes José Linhares (1945-1946) e
Eurico Dutra (1946-1951). Teve dois filhos.
Escreveu O mar de 200 milhas.
Sérgio
Lamarão
FONTES: CARNEIRO,
G. História; CASTELO BRANCO, C. Introdução; CONSULT. MAGALHÃES,
B.; Correio do Povo (5/12/65); CORRESP. SERV. DOC. GER. MAR.; DULLES, J.
Unrest; Estado de S. Paulo (31/3/81); FIECHTER, G. Regime;
HECK, S. Mar; Jornal do Brasil (1/10/77); MIN. GUERRA.
Subsídios; MIN. MAR. Almanaque; SERV. DOC. GER. MARINHA;
SILVA, H. 1964.