STENZEL, Clóvis
*dep. fed. RS 1967-1975.
Clóvis Stenzel nasceu
em Osório (RS) no dia 7 de outubro de 1923, filho de Leopoldo Stenzel e de
Julieta Martins Stenzel.
Ingressando na Faculdade de Direito da
Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
fundou em 1947 um movimento de combate aos "esquerdistas" nos meios
universitários.
No pleito de outubro de 1950, ainda
estudante, elegeu-se deputado à Assembléia Legislativa do Espírito Santo, na
legenda do Partido de Representação Popular (PRP), assumindo o mandato em
fevereiro de 1951. Nesse mesmo ano bacharelou-se em direito. Foi reeleito em
outubro de 1954, dessa vez na legenda do Partido Social Progressista (PSP).
Em 1956 deixou a Assembléia para assumir a Secretaria do Interior e Justiça do
estado do Espírito Santo, durante o governo de Francisco Lacerda de Aguiar
(1954-1958).
Elegeu-se suplente de deputado
estadual no pleito de outubro de 1958, na legenda do PSP, não chegando a
assumir o mandato. De volta ao Rio Grande do Sul, foi secretário de Produção e
Abastecimento de Porto Alegre e ministro do Tribunal de Contas de seu estado.
De 1962 a 1964 produziu um programa na
televisão gaúcha, no qual combatia o governo do presidente João Goulart
(1961-1964). Já depois da deposição de Goulart pelo movimento
político-militar de 31 de março de 1964, diplomou-se em 1965 em psicologia pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Com a extinção dos partidos políticos pelo
Ato Institucional n° 2 em outubro de 1965 e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de
sustentação do regime militar.
No ano seguinte, tornou-se professor de
psicologia social da Universidade de Brasília (UnB), cargo que ocuparia até
1971. Eleito primeiro suplente de deputado federal pela Arena no pleito de
novembro de 1966, assumiu uma cadeira na Câmara em março de 1967, ano que foi
um dos fundadores do Centro Universitário de Brasília (CEUB), instituição da
qual também seria professor por 11 anos.
Como deputado federal, apoiou a
edição do Ato Institucional n° 5 (AI-5) de dezembro de 1968, que decretou o
recesso do Congresso Nacional e determinou a cassação do mandato de vários
parlamentares. Indicado vice-líder da Arena na Câmara em maio de 1970,
foi eleito deputado federal por seu estado no pleito de novembro seguinte.
Durante seu novo mandato, iniciado em fevereiro de 1971, participou da
Comissão de Segurança Nacional e foi suplente da Comissão Especial para Integração
dos Povos da Comunidade de Língua Portuguesa.
Também jornalista e professor de
direito, Stenzel justificou a supremacia dos militares após 1964 como resultado
da incapacidade dos civis e dos partidos políticos de agirem em termos
nacionais, o que abriria campo à subversão. Defensor da limitação da liberdade
individual pelo Estado, considerava o liberalismo fonte de anarquia social e de
corrupção.
Ainda no início dos anos 1970,
participou da fundação do Conselho Federal de Psicologia, por delegação do
Ministério do Trabalho. Deixou a Câmara em janeiro de 1975, ao final da
legislatura.
Com a extinção do bipartidarismo em 21
de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao
Partido Popular (PP). Secretário-geral da executiva regional do PP gaúcho,
renunciou ao cargo em dezembro de 1981, para manifestar posição contrária à
incorporação de sua agremiação ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), proposta pela direção dos dois partidos como forma de enfrentar a
situação política decorrente da aprovação, por decurso de prazo, em dezembro
de 1981, do "pacote" de reformas da legislação eleitoral proposto
pelo presidente João Figueiredo para dificultar a vitória da oposição nas
eleições previstas para 15 de novembro de 1982.
Líder dos dissidentes da incorporação
no seu estado, Stenzel pediu em janeiro de 1982 ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) a impugnação da convenção conjunta do PP e PMDB, que seria realizada em
fevereiro, e a invalidação da convenção nacional do PP, realizada em dezembro
do ano anterior, que decidiu pela incorporação. Rejeitado o pedido pelo TSE,
a incorporação veio finalmente a se concretizar em fevereiro de 1982.
Com base no Manifesto de
resistência, que continha os principais pontos programáticos defendidos
pelos ex-integrantes do PP gaúcho, Clóvis Stenzel buscou contatos com os demais
partidos. Em março de 1982, a convite do ministro da Previdência e
Assistência Social, Jair Soares, e do presidente da seção gaúcha do Partido
Democrático Social (PDS) - agremiação que sucedeu a Arena -, deputado Vítor
Faccione, ingressou naquele partido e reivindicou a ampliação do prazo de
filiação partidária aos descontentes que, segundo ele, seriam muitos e tomariam
a mesma medida.
No pleito de novembro de 1982 concorreu a
uma cadeira na Câmara dos Deputados na legenda do PDS gaúcho, conseguindo
apenas uma suplência. Na gestão de Jair Soares (1983-1987) no governo gaúcho,
ocupou a presidência da TV Educativa do estado (TVE/RS). Professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), deixou a instituição em 1991.
Concomitantemente à carreira política,
Stenzel também exerceu a profissão de psicólogo, atividade à qual continuou a
dedicar-se após ter deixado a vida pública.
Divorciado de Maria Aparecida
Baldanza, com quem teve quatro filhos, casou-se posteriormente, em segundas
núpcias, com Marina Kanan Marques Stenzel, com quem teve mais três filhos.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1967-1971 e 1971-1975); CÂM. DEP. Relação
nominal dos senhores; Estado de São Paulo (16/12/81; 22/1 e 4/3/
82); Globo (6/3/82); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (17/12/81;
23/1, 4 e 5/3/82); NÉRI, S. 16; Perfil (1972); Veja (8/1 e
24/9/69 e 20/9/78).