SALMITO,
Valfrido
*superint. Sudene 1978-1984.
Valfrido Salmito Filho nasceu
em São Benedito (CE) no dia 24 de junho de 1934, filho de Valfrido Salmito de
Almeida e Maria Filizola Salmito.
Em 1955 iniciou o curso de filosofia no Seminário São
Francisco em Olinda (PE), concluindo-o no ano seguinte. Em seguida, ingressou
no curso de ciências jurídicas e sociais da Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1957. Durante o curso, participou do
Programa de Treinamento em Desenvolvimento Econômico (PTDE) no Instituto de Economia da UFC, em 1960. No ano seguinte bacharelou-se em direito.
Funcionário
do Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) entre 1959 e 1962, nesse último ano
fez o curso da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), na
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) de Recife. Ainda em
1962 foi admitido como analista de projetos têxteis desta autarquia. Dois anos
depois foi promovido a chefe da divisão de programas especiais, no programa de
recuperação da indústria têxtil do Nordeste.
Prosseguindo com seus estudos superiores, entre julho de 1965
e março de 1966, participou de um treinamento em programas de assistência à
pequena e média empresas, nos institutos de economia das cidades alemãs de
Hamburgo, Kiel e Berlim Ocidental. Ao regressar ao Brasil, assumiu a chefia da
divisão de pequena e média empresa do Departamento de Indústria da Sudene. Em
1967 foi transferido para a divisão de análise de projetos e ainda neste mesmo
ano foi promovido a diretor-adjunto do mesmo departamento. Em 1970, participou
de um treinamento em distritos industriais e assistência à pequena e médias
empresas na Índia (Nova Délhi, Bangalore e Hyderabad), no Japão (Tóquio) e na
Coréia do Sul (Seul).
Em
1972 tornou-se diretor do departamento de indústria da Sudene, cargo no qual
permaneceu até 1974. Nesse ano, afastou-se da autarquia, assumindo a diretoria
do departamento rural e cooperativo do BNB. Em 1978 tornou-se membro do
conselho de administração do BNB. Nesse mesmo ano retornou à Sudene, nomeado superintendente
do órgão, em substituição a José Lins de Albuquerque. A nomeação de Salmito —
que iniciara sua carreira na Sudene ainda nos tempos de Celso Furtado, o
fundador e primeiro superintendente da autarquia, nos anos de 1959 e 1960 —
quebrou um tabu que se instaurara desde a saída deste economista do órgão,
quando foi cassado pelo regime militar: a nomeação de militares e técnicos de
outras áreas, que evitassem a retomada das idéias de Furtado. No clima da
abertura política, o recém-empossado chegou inclusive a convidar o economista
para contribuir com suas idéias junto à equipe do órgão.
Ao ser empossado, Valfrido Salmito demonstrou preocupação com
o momento de abertura política e democrática que se instaurara no país e suas
repercussões no Nordeste. Ele temia “o surgimento de lideranças mal inspiradas
e que possam acirrar as massas desempregadas, levando-as a uma exacerbação de
descontentamento maior que a de antes da Revolução, uma vez que se identifique
um agravamento das disparidades entre os estágios de desenvolvimento em que
vivem o Centro-Sul e o Nordeste”. Com essa perspectiva, ao assumir o cargo,
defendeu uma reavaliação do papel da Sudene, através de um reposicionamento das
questões básicas da região e cobrar do governo federal uma atuação mais
profunda junto aos problemas do Nordeste.
Em
março de 1979 anunciou que a Sudene, numa ação conjunta com o Banco do
Nordeste, estava elaborando um programa especial para estimular a criação de
empregos na região. O projeto diferia dos anteriores por não estar vinculado à
criação de indústrias. Em junho seguinte, ao participar de um simpósio sobre a
Sudene na Câmara dos Deputados, conclamou os parlamentares a voltarem a
cooperar nas discussões sobre os problemas do nordeste e a lutarem por medidas
efetivas que possibilitassem o desenvolvimento da região. Segundo o
superintendente, “o Nordeste tem 25 anos de prioridade retórica que não se
transforma nunca em prioridade orçamentária”.
Em outubro de 1980 surgiram rumores de sua saída do órgão,
devido ao descontentamento de certos setores com sua política de inscrição de
trabalhadores rurais para o recebimento de assistência financeira, em virtude
da grande seca que assolou toda a região nordestina. Salmito foi obrigado a
cancelar 90 mil inscrições consideradas irregulares, o que teria desagradado
algumas lideranças locais. No entanto, deixou o cargo somente em outubro de
1984, sendo substituído por Marlos Jacob Tenório de Melo. Nessa ocasião,
tornou-se assessor do Ministério do Interior em programas de desenvolvimento do
Nordeste, aí permanecendo até maio de 1990.
Ao deixar o Ministério de Interior, retornou à Sudene como
superintendente adjunto. Aposentado em maio de 1991, foi em seguida reintegrado
aos quadros do BNB, na condição de assessor do gabinete do presidente da
instituição.
Foi conselheiro editorial do jornal O Povo, no Ceará, escrevendo
esporadicamente artigos para a imprensa.
Casou-se com Adeilda Rigaud Salmito, com quem teve três
filhos.
Publicou Agroindústria para o Nordeste (1977).
FONTES:
CURRIC. BIOG.; Globo (10/10/80); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (1,
7 e 13/7/78 e 4 e 13/1, 27/3 e 27/6/79); Veja (12/7/78); O Estado
(17/07/2009).