VENTURA
FILHO, Altino
* pres. Eletrobrás 2002-2003.
Altino Ventura Filho nasceu em Recife (PE) no dia 20 de novembro de 1942, filho
do médico oftalmologista Altino Rafael Torres Ventura e de Maria de Lourdes
Carvalho Ventura. Seus pais foram sócio-fundadores da Fundação Altino Ventura,
entidade filantrópica responsável pelo desenvolvimento de projetos de prevenção
à cegueira e reabilitação visual em Recife e em diversos municípios
pernambucanos. Seu primo, Luís Rafael Mayer, foi ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) de 1978 a 1989, tendo exercido o cargo de presidente do tribunal
no biênio 1987-1989.
Etudou no Colégio Marista, em Recife,
e no Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Nova Friburgo
(RJ). Formou-se em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) em 1965. Admitido como professor da UFPE em 1964, integrou seu quadro
docente até 1970. Nesse período, fez os cursos de pós-graduação em energia
nuclear na Universidade de São Paulo (USP), e os de especialização em
administração na UFPE e em hidreletricidade na New Japan Engineering
Consultants (Newjec), em Osaka, Japão. Posteriormente, fez os cursos de
pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
de especialização em administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e na USP, e
de especialização em planejamento energético no Institut National des Sciences
et Techniques de Saclay, em Paris.
Entre 1968 e 1970, atuou como
engenheiro do Departamento de Energia da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene). Participou de levantamento do mercado consumidor de energia
elétrica nos estados nordestinos e coordenou estudo sobre a instalação de uma
usina hidrelétrica reversível nas proximidades de Recife, em função do qual recebeu
bolsa do governo japonês para o curso de especialização da Newjec.
Em agosto de 1970, ainda como
engenheiro da Sudene, transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro,
incorporando-se à equipe técnica do Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos
da Região Nordeste (Enenorde). Sob a orientação do engenheiro Leo Amaral Pena,
diretor da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás) e presidente do
Enenorde, participou do grupo de trabalho de estudo de mercado, cuidando em
especial dos levantamentos que resultaram na divisão da região Nordeste em
zonas elétricas e de um estudo sobre iluminação pública.
Ingressou
na Eletrobrás em abril de 1972, desempenhando funções de crescente importância
na área de planejamento da empresa. Participou da elaboração dos principais
programas e planos de expansão dos sistemas elétricos formulados na década de
1970, notadamente o Plano 90, abrangendo os sistemas elétricos das regiões Sul
e Sudeste, e o Plano 95, que contemplou todas as regiões do país. Em 1981
assumiu a chefia da Divisão de Planejamento da Geração e, em 1983, a chefia do
Departamento de Geração, pertencentes à Diretoria de Planejamento e Engenharia
(DPE) da Eletrobrás. Em 1983, tornou-se também coordenador do Comitê Técnico
para Estudos Energéticos do Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas
Elétricos (GCPS), organismo dirigido pela holding federal e composto
pelas principais empresas de energia elétrica do país. Participou da elaboração
dos programas decenais de geração formulados pelo GCPS e dos planos 2000 e
2010, que estabeleceram diretrizes de longo prazo para a expansão dos sistemas
elétricos do país. Atuou também como coordenador do grupo de trabalho
brasileiro-argentino encarregado de analisar o dimensionamento da estação
conversora de frequência associada à usina de Garabi.
Em
março de 1991, após uma experiência de dois anos como chefe do Departamento de
Estudos Energéticos, foi nomeado assistente da DPE e secretário- executivo do
GCPS. Nessa condição, exerceu a função de coordenador-adjunto do Plano 2015,
divulgado pela Eletrobrás em 1993. O plano considerou as restrições
socioambientais e incertezas associadas ao aproveitamento do potencial
hidrelétrico da Amazônia, bem como várias opções de intercâmbios energéticos
com países vizinhos. Na mesma época, exerceu o cargo de coordenador técnico
internacional do Subcomitê de Planejamento de Sistemas Elétricos da Comissão de
Integração Elétrica Regional (Cier).
Em dezembro de 1996, foi designado
diretor técnico da Itaipu Binacional. Tornou-se responsável pelas áreas de
operação, manutenção, engenharia e obra da empresa binacional, cuidando em
especial do processo de licitação das duas unidades geradoras adicionais de 700
MW da hidrelétrica. Cumulativamente ao cargo de diretor técnico, respondeu em
caráter interino pela diretoria geral da Itaipu Binacional entre junho e
outubro de 1998, em substituição a Euclides Scalco. Tendo solicitado exoneração
do comando da empresa para coordenar a campanha para a reeleição do presidente
Fernando Henrique Cardoso, Scalco foi reconduzido ao posto logo após a vitória
do presidente no primeiro turno das eleições de 1998.
Em maio de 2001, foi nomeado membro da
Comissão de Análise do Sistema Hidrotérmico de Energia Elétrica (Cashee),
criada pelo presidente Fernando Henrique com a missão de identificar as causas
estruturais e conjunturais da crise energética que obrigaria a imposição do
racionamento de eletricidade em grande parte do país a partir do mês seguinte.
Coordenada pelo engenheiro Jerson Kelman, diretor da Agência Nacional de Águas
(ANA), a comissão concluiu seu trabalho em dois meses e apontou a insuficiência
de investimentos e o atraso de obras de geração e transmissão como fatores
determinantes do racionamento. Em janeiro de 2002, por designação da Câmara de
Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), coordenou o grupo de trabalho
encarregado de avaliar as causas do blecaute de energia elétrica ocorrido
naquele mês nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Em abril de 2002, deixou a diretoria
técnica da Itaipu Binacional para assumir a presidência da Eletrobrás.
Substituiu nessa ocasião o economista Nereu Ramos Neto, que vinha exercendo o
cargo em caráter interino desde a exoneração do engenheiro Cláudio Ávila da
Silva no mês anterior.
Durante sua gestão, a Eletrobrás
garantiu o aporte de recursos para diversos empreendimentos de suas empresas
controladas, notadamente a ampliação da hidrelétrica de Tucuruí, a implantação
do ciclo combinado na termelétrica de Santa Cruz, a ampliação da termelétrica
de Camaçari e a conclusão da interligação Acre-Rondônia e das linhas de
transmissão Bateias-Ibiúna, Presidente Dutra-Teresina e Coxipó-Jauru. Com
relação a novos empreendimentos de geração, foi estabelecida parceria com a
Centrais Elétricas do Rio Jordão (Elejor), sociedade de propósito específico
controlada pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), tendo em vista a
implantação dos aproveitamentos hidrelétricos do Complexo Energético Fundão, no
estado do Paraná.
Ainda em 2002, a holding
federal iniciou estudos para a implementação do Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), criado no mês de abril pela Lei nº
10.438. A mesma lei atribuiu à empresa a responsabilidade pela aquisição, no
Brasil, da totalidade dos serviços de eletricidade da Itaipu Binacional,
confirmando ainda seu papel de gestora dos recursos da Reserva Global de
Reversão (RGR).
Integrou o grupo de trabalho criado
pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em março de 2002 com o
objetivo de estudar o aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu.
Em janeiro de 2003, no início do governo Luís Inácio Lula da Silva, deixou a
presidência da Eletrobrás, transmitindo o cargo ao físico Luiz Pinguelli Rosa.
Atuou em seguida como membro do
Conselho de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan) e consultor no campo do planejamento da expansão dos sistemas
elétricos brasileiros. Em 2005, tornou-se consultor do Centro de Pesquisas de
Energia Elétrica (Cepel) e do Projeto de Assistência Técnica ao Setor
Energético (Estal), instituído pelo Ministério de Minas e Energia (MME) com
apoio do Banco Mundial. Também colaborou com a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE) no processo de elaboração dos novos planos de expansão de energia, entre os
quais o Plano Nacional de Energia 2030 e o Plano Decenal de Expansão de Energia
Elétrica 2006/2015. Em março de 2008, assumiu o cargo de Secretário de
Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, por designação do ministro
Edson Lobão.
Casou-se com Elisabeth Maria Pinto Guimarães Ventura,
com quem teve dois filhos.
Paulo Brandi
FONTES:
BALBI, S. Dicionário; CACHAPUZ, P.B. História da operação do Sistema
Interligado Nacional; CACHAPUZ, P.B. Panorama;
CACHAPUZ, P.B. O planejamento da expansão do setor de energia elétrica;
CURRIC. BIOG.; Portal Fundação Altino Ventura. Disponível em : <http://www.fundacaoaltinoventura.org.br/frme-top-fav-apr.
html>; Portal Supremo Tribunal Federal. Ministros. Disponível em
: <http://www.stf.gov.
br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=14>.