CORREIO DA BAHIA
Jornal matutino, fundado em Salvador em janeiro de 1979.
Parte integrante do grupo empresarial — que inclui ainda a TV Bahia, a Bahia
Vídeo, a Gráfica Santa Helena, a Rádio Globo FM, a Bahia News, a Bahiasat e a
Santa Helena S.A., abrangendo, assim, as principais áreas da comunicação e
entretenimento —, o jornal tem como maior acionista Antônio Carlos Magalhães
(ACM), governador da Bahia em três oportunidades e senador desde 1995. O
diretor-superintendente do grupo é Antônio Carlos Magalhães Júnior, filho e
suplente de ACM na Câmara Alta. A diretoria do jornal é presidida por Wilson
Maron, cunhado do senador e tem cinco membros, entre os quais Marco Antônio Leal C. Sousa, diretor-executivo, e Demóstenes Lima Teixeira, diretor de redação. No final da década de 1990, o Correio da Bahia (CB) era o segundo jornal em tiragem no estado.
Criação
e linha editorial
Antes de fundar o Correio da Bahia, ACM havia tentado comprar o Jornal da Bahia, periódico de tendência esquerdista, que lhe havia feito ferrenha
oposição, no seu primeiro período governamental (1971-1975), e denunciado a
censura do regime militar, com grandes espaços em branco nas suas páginas. As
negociações estavam quase concluídas, quando João Falcão, o proprietário,
recuou, face a pressões de companheiros da oposição.
O CB foi criado numa conjuntura de abertura democrática. Os atos
institucionais, freqüentes no regime militar, haviam cessado; o habeas-corpus havia sido restabelecido; a censura, suspensa; as garantias
da magistratura e a imunidade parlamentar, restabelecidas. Em agosto de 1979,
foi promulgada a Lei de Anistia e, em seguida, partidos políticos foram sendo
reorganizados ou criados, assinalando o fim do regime militar estabelecido em
1964.
O primeiro número do CB circulou no dia 15 de janeiro de 1979, pouco antes do início
do segundo mandato governamental de ACM, inaugurado dois meses depois. As
matérias abordavam os principais problemas da Bahia, com destaque para a saúde,
o transporte e o abastecimento. Denunciou a situação alarmante em que se
encontrava o estado, e afirmou “que a partir de 15 de março a Bahia ingressa
numa fase de trabalho intenso e produtivo”, pois ACM superaria eventuais
dificuldades administrativas, dado o “prestígio indiscutível” que gozava junto
ao também recém-empossado presidente João Figueiredo (1979-1985). Não exagerava. Da Bahia havia saído a maior votação nacional da Aliança Renovadora Nacional
(Arena), posto que os principais líderes políticos do estado (Luís Viana Filho,
Roberto Santos, Lomanto Jr. e Jutaí Magalhães), além do próprio ACM, estavam
filiados ao partido governista.
O editorial do primeiro número, escrito por Mino Carta
(recém-saído da revista Veja), previne o leitor em relação à prática política agressiva
de ACM. Diz que, embora pretenda ser um jornal objetivo, suas páginas serão
marcadas “pela presença de ACM, dos seus propósitos políticos e das suas
grandes emoções (...) e ninguém se espante se muitas vezes os sentimentos
aflorarem mais veementes, nas colunas deste jornal”. Sem dúvida, a posição do
jornal, face a problemas nacionais, regionais ou locais, coincide com a do seu
dono. O CB surgiu como um veículo de sustentação de ACM, de estímulo ao
crescimento do seu grupo político e assim tem-se mantido.
A fundação do jornal seguiu-se ao sucesso da Construtora
Santa Helena, que lhe proveu o capital necessário. Em seguida, com a
organização da Gráfica Santa Helena, a inauguração, em março de 1985, da TV
Bahia e demais empresas do grupo, ACM reuniu em suas mãos o comando dos
principais veículos de comunicação no estado. Concomitantemente, tratou de
aumentar o seu poder político nos 415 municípios baianos e, nesse processo, o CB desempenhou importante papel. Sempre com muitas fotos, o
matutino divulgava as ações do governador, destacando o seu prestígio junto ao
governo federal. Assim, falou da sua luta em prol do desenvolvimento da região
cacaueira, do título de “Amigo do Cacau” e da medalha de ouro que, em
reconhecimento, havia recebido. Quando a seca de 1981 se tornou alarmante,
informou que, além das tradicionais medidas de emergência, o ministro Mário
Andreazza havia aceito o projeto de construção de habitações, que lhe fora
apresentado por ACM.
No
que diz respeito a manifestações populares, o jornal revela a ideologia
dominante, que busca agradar as massas, mas condena mobilizações de caráter
político. Assim, no dia 6 de janeiro de 1981, informou, com entusiasmo, que o
“Carnaval da Bahia agora é de cinco dias” e que o decreto havia sido assinado
em palanque armado, defronte do palácio da Aclamação, em presença de “21
entidades carnavalescas, dois trios elétricos e uma multidão estimada em dez
mil pessoas”. Em contraste, na edição de 21 de janeiro, o editorial “A grande
diferença” defendia o não partidarismo político nos sindicatos, ao tempo em que
criticava a atuação política de Luís Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos
Trabalhadores (PT). Procedeu de modo semelhante em relação a duas crises
estaduais, ocorridas nesse mesmo ano e que tiveram repercussão nacional: a
greve da Polícia Militar por melhores salários e condições de trabalho, e o
quebra-quebra de ônibus, provocado pelo aumento de tarifas, concedido pela
prefeitura. Ambas foram debeladas pela força das armas. A repressão à greve
resultou na morte de um tenente e no ferimento de vários oficiais. Em 14 de
março, o jornal condenou a “insensatez da PM” e informou que as forças armadas
“assumiram o policiamento ostensivo da cidade” e que “os responsáveis pelo
movimento grevista foram processados pela autoridade militar competente”.
Poucos dias após, anunciou o fracasso da greve dos médicos de instituições
estaduais, também por melhores salários e condições de trabalho. Notícias
curtas, apenas informando. Em contraste, em meados de abril, toda uma página
foi dedicada ao general Prates, que chegava a Salvador para substituir o
general Gustavo Morais Rego, no comando da 6ª Região Militar. Antes de deixar o
posto, o Morais Rego foi condecorado pelo governador com a medalha de Grande
Oficial da Ordem do Mérito da Bahia e recebeu o título de Cidadão de Salvador.
Em
relação ao atentado à bomba no Riocentro, ocorrido no dia 29 de abril de 1981,
no Rio de Janeiro, o editorial de 5 de maio, intitulado “Terrorismo”, registrou
que “a Nação está revoltada”, mas colocou o atentado no contexto mundial,
atenuando a responsabilidade dos que haviam agido no Brasil. No dia seguinte,
enquanto o presidente Figueiredo dizia, em Brasilia, que “nem 20 mil bombas
abalarão a minha decisão de fazer deste país uma democracia”, em Salvador ACM apoiava a união das oposições em torno do presidente e reafirmava o pensamento
oficial, dizendo que “a abertura política é mais forte que as bombas”. No que
dizia respeito a ações terroristas, o CB,
de modo geral, conferiu mais destaque à violência praticada em outras partes do
mundo, na Irlanda em especial, do que à que ocorria no Brasil. Ressaltou
denúncia do ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas em torno da
“infiltração comunista em todos os setores da sociedade brasileira” (7 de
maio), ainda que tenha publicado protesto do deputado Ulisses Guimarães contra
a impunidade dos autores do atentado no Riocentro. Encerrou comentários em
torno desse episódio, contemporizando, garantindo que “tudo está sendo feito
para o esclarecimento do terrível atentado, com a responsabilidade de
autoridades do mais alto nível” (13 de maio).
No
ano eleitoral de 1982, o CB
dedicou-se, com grande empenho, à promoção política do professor Cleriston
Andrade, ex-presidente do Banco do Estado da Bahia (Baneb) e candidato
escolhido por ACM para substituí-lo na chefia do governo nas eleições de 15 de
novembro daquele ano. A campanha eleitoral foi interrompida pela trágica queda
do helicóptero que transportava o candidato e os oito membros de sua comitiva
política, na qual morreram todos os passageiros. O CB
descreveu pormenorizadamente a tragédia; muitas fotos foram publicadas,
inclusive a do governador, chorando sobre o caixão mortuário do candidato. Para
o enterro, compareceram, entre outras autoridades, o ministro-chefe do Gabinete
Civil, João Leitão de Abreu. Como circulavam rumores de que Leitão de Abreu
teria vindo à Bahia com o propósito de interferir na escolha do
candidato-substituto, o CB
(3 de outubro) estampou categórica afirmação de ACM: “A sucessão será definida
a meu comando”. Cinco dias após, o Partido Democrático Social (PDS), agremiação
que dera continuidade à linha governista da Arena após a extinção do
bipartidarismo, confirmou como candidato oficial o nome de João Durval
Carneiro, deputado federal e ex-secretário de Saneamento no governo ACM. Seu
opositor era o ex-governador Roberto Santos, o maior inimigo político de ACM,
que se filiara ao PMDB.
Os poucos dias que afastavam o novo candidato das eleições
foram compensados pela intensificação da campanha, conforme atestam sucessivas
edições do CB. João Durval percorreu muitos dos municípios baianos, sempre
acompanhado de ACM, que inaugurava obras públicas. Esse périplo eleitoral foi
encerrado às vésperas das eleições, quando o presidente Figueiredo e três
ministros foram à Bahia inaugurar a barragem de Pedra do Cavalo, que garantiria
o suprimento de água a Salvador. Um caderno especial de 12 páginas do CB foi dedicado a essa obra. Antes de retornar a Brasília, o
presidente visitou a viúva de Cleriston Andrade, de modo a reavivar a imagem do
candidato falecido, que foi usada, durante o resto do período pré-eleitoral,
para reforçar a candidatura de João Durval, então com pouca expressão política.
Com o editorial “Avalanche de votos soterra a oposição” (23 de novembro), o
jornal proclamou a vitória do candidato governista, por mais de quinhentos mil
votos.
Consoante com a sua linha ideológica, o CB manifestou-se contra a campanha pelas Diretas Já, que
mobilizou o país no ano de 1984, enfatizando o clima de tensão criado pela
campanha. “Diretas: Planalto certo da rejeição”, “Diretas, aumenta a tensão”,
“Tensão no país” foram algumas das manchetes que conduziram ao final desejado:
“Rejeitada a Emenda” (26 de abril). Como em outros momentos decisivos na vida
do país, o CB propagava o pensamento de ACM, que afirmara estar certo da
rejeição da emenda Dante de Oliveira e da vitória eleitoral do PDS.
Com
a derrota do ministro do Interior, Mário Andreazza, para Paulo Maluf, na
convenção do PDS que escolheu o seu candidato à presidência da República, o CB
passou a manifestar simpatia pelo candidato da Aliança Democrática, Tancredo
Neves. No dia da eleição pelo Colégio Eleitoral (15 de janeiro de 1985),
Tancredo recebeu a visita do governador João Durval, de ACM e do filho deste,
Luís Eduardo Magalhães, presidente da Assembléia Legislativa da Bahia e um dos
delegados estaduais à reunião do Colégio Eleitoral. O jornal deu destaque ao
agradecimento de Tancredo pelo apoio do PDS baiano e lembrou que ACM havia sido
o primeiro a empunhar a bandeira contra Maluf. A partir de meados de março, o CB
acompanhou, otimista, a luta do presidente eleito, pela vida. A edição de 21 de
abril, com a manchete “O Brasil chora, morre Tancredo”, é toda dedicada ao
presidente eleito, mas não empossado.
Embora conferisse apoio ao governo de José Sarney
(1985-1990), inclusive ao plano de estabilização econômica conhecido como Plano
Cruzado, o CB esteve, nesse período, mais voltado para a política
estadual. Defendeu o nome do senador Josafá Marinho, candidato apoiado por ACM à
sucessão de João Durval. As eleições de 15 de novembro de 1986 apontariam, além
de novos governadores, os membros do Congresso Nacional que escreveriam a
Constituição a ser promulgada em 1988. Contudo, unida e alimentada pela
campanha das Diretas Já, a oposição venceu o pleito governamental, na Bahia,
tendo o seu candidato, Valdir Pires, obtido mais de um milhão de votos sobre o
candidato oficial.
No
plano nacional, a eleição presidencial em dois turnos (novembro e dezembro de
1989) disputada por Fernando Collor e Lula, conferiu a vitória ao primeiro, que
contou com o apoio do CB.
No dia de sua posse, em 15 de março de 1990, um enorme retrato do presidente
eleito e a manchete “O Brasil às portas do futuro” cobriram toda a primeira
página do jornal. ACM conclamou partidos e políticos a apoiarem as primeiras
medidas do governo Collor, garantindo que elas iriam “moralizar, modernizar a
economia e reconstruir o país”.
Na Bahia, o governador Valdir Pires havia renunciado ao
mandato, a fim de concorrer à vice-presidencia na chapa Ulisses Guimarães; foi
substituído, na gestão do estado, pelo vice Nilo Coelho, cuja administração —
que se estendeu de maio de 1989 a março de 1991 — de pronto se afigurou
desastrosa. Sem trégua, o CB revelou atos de improbidade administrativa por ele
praticados e, ao assumir o governo do estado pela terceira vez, em março de
1991, ACM moveu-lhe dois processos, a partir de provas por ele mesmo levadas à
Procuradoria Geral da República. Nilo Coelho teve de responder a processo, no
Superior Tribunal de Justiça, pelos crimes de peculato e de falsidade
ideológica. No ano de 1992, até a renúncia do presidente Color, o jornal se
ocupou, principalmente, da “incompetência, negligência e desonestidade” do
ex-governador; em segundo plano, noticiou as acusações de corrupção que foram
minando o governo Collor. Até maio, a posição de ACM (ou do CB) foi de apoio ao presidente, com ele aparecendo abraçado,
num encontro de governadores (21 de maio); em fins de maio, o jornal publicou
grande foto de Pedro Collor, com a mulher, apresentando laudo médico que
comprovava a sua sanidade mental. Respondendo a pergunta sobre a sua posição em
relação ao impeachment, ACM disse: “qualquer que seja o resultado, a Bahia vai
prestar algum serviço ao país. Em vez de depender da presidência, é a
presidência que vai depender da Bahia” (26 de setembro). Tão logo o pedido de
abertura do processo de impeachment foi aprovado na Câmara dos Deputados, na sessão de 29 de
setembro, o CB comunicou que ACM havia aceito o resultado “sem qualquer
preconceito”.
Para fazer com que sua voz fosse ouvida no governo federal,
tratou de fortalecer a sua base política, voltando-se, corpo e alma, para a
vitória do seu grupo político, nas eleições municipais marcadas para 3 de
outubro de 1992. Garantiu que elegeria 80% dos prefeitos. Percorreu o estado,
inaugurando obras públicas e disseminando a Cesta do Povo, programa que havia
criado, colocando os produtos da cesta básica de alimentação ao alcance das
familias carentes. Ganhou as eleições em 340 dos 415 municípios da Bahia (82%);
obteve vitória em 13 dos 20 principais municípios (nas eleições de 1988, havia
eleito apenas quatro prefeitos). Salvador, no entanto, recuperou sua posição de
reduto da oposição, elegendo Lídice da Mata.
Certo de que havia solidificado a sua influência política,
ACM declarou, nas páginas do CB que, em relação ao governo Itamar Franco, a sua posição
seria “de independência, e não de oposição cega”. Quando o presidente o recebeu
no seu gabinete (3 de agosto de 1993), acompanhado de Ciro Gomes e Fernando
Henrique Cardoso, o jornal informou que ele havia cobrado do presidente
“medidas duras para combater a inflação”, e criticado a composição do
ministério, observando que “o Itamar precisa ter mais coragem”. Com isso queria
dizer que o ministério deveria ser alterado, de modo a excluir o seu inimigo
político Jutaí Magalhães Jr., do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
da pasta do Bem-Estar Social. Não demorou muito para que o ministério fosse
reformado e o neto de Juraci Magalhães fosse substituído. Sem dificuldade, ACM
foi eleito senador e fez do seu vice-governador, Paulo Souto, governador da
Bahia, nas eleições de outubro de 1994. Este assumiu o posto, prometendo
“continuar o trabalho de ACM, no sentido de moralizar a administração e retomar
o processo de desenvolvimento do estado”.
O CB tem concedido pouco espaço para problemas (saúde, educação,
desemprego) que abalam a sociedade brasileira, e a baiana em particular, no
atual processo de globalização da economia. Por outro lado, tem-se constituído
em veículo de expressão dos anseios de setores conservadores da sociedade.
Nesse sentido, por exemplo, conclamou os empresários a se unirem para exigir do
governo a implantação da chamada Lei dos Portos, que pôs fim ao monopólio dos
sindicatos portuários; conferiu grande destaque à luta de ACM para que o banco
Excel-Econômico (substituiu o antigo Banco Econômico da Bahia) fosse reaberto
na Bahia. Cerca de um ano após cerrada campanha, o CB (3 de maio 1996) anunciou que o “Excel-Econômico reabre em
clima de festa”. Estampou uma grande foto de ACM exibindo o talão de cheques,
ao lado do governador Paulo Souto.
Em
contraste, a questão agrária — que, desde os anos 1980, com o fim do “milagre
econômico” vem sacudindo o país — não tem merecido do jornal destaque
equiparável. Apenas em abril de 1995, quando integrantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram a sede do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em São Paulo, e foram massacrados, no Pará, chocando o país e o mundo, o jornal voltou-se para o problema fundiário.
Procurou minimizar as invasões e os conflitos de terra ocorridos na Bahia,
embora outros jornais locais continuassem a dar grande destaque a esse problema
estrutural. Somente no dia 6 de novembro de 1996, o CB
informou que mais de oitocentos sem-terra, armados de facas, foices, paus e
pedras tentaram invadir a sede do INCRA, em Salvador; foram impedidos pela
Polícia Militar (PM). Do confronto saíram feridos três trabalhadores e 12 PMs.
Em meados de abril do ano seguinte, informou que o MST havia acampado em frente
da sede do INCRA e feito oito reféns, entre os quais o superintendente do
órgão. Só foram libertados depois de garantirem-lhes que suas reinvindiciações
seriam atendidas — além do assentamento de milhares de famílias, pediam
assistência técnica e gerencial para os assentados.
O CB tem apoiado o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e,
como o presidente, condena a “baderna” das invasões dos sem-terra e os saques a
armazéns e caminhões carregados de generos alimentícios, destinados a
flagelados da seca. Em maio de 1997, o jornal deu destaque ao jantar de gala
com que os empresários homenagearam ACM na Associação Comercial da Bahia e à
medalha de mérito que lhe fora conferida pelo Ministério Público. No mês
seguinte, garantiu que a “Reeleição [de FHC] já está na Constituição” e
anunciou que o deputado federal Luís Eduardo Magalhães havia aceito convite do
presidente para ser o líder do seu governo, na Câmara Federal. Depois de
exercer com êxito esta função, Luís Eduardo desincompatibilizou-se para
candidatar-se ao governo da Bahia, nas eleições de outubro de 1998 — estágio
necessário para, de acordo com os projetos políticos de ACM, concorrer, no
futuro, à presidência da República. Assim não quis o destino. No dia 21 de
abril de 1998 (mesmo dia e mês em que Tancredo Neves havia falecido), Luís Eduardo morreu repentinamente, causando comoção nacional. O presidente FHC que se
encontrava na Espanha, em visita oficial, rompeu o protocolo e retornou às
pressas ao Brasil. Luís Eduardo foi sepultado com honras de chefe de Estado.
Toda a edição do CB do dia 23 de abril (32 páginas) foi dedicada ao
acontecimento e a suas repercussões.
No dia 15 de maio, com uma foto de ACM conversando
amistosamente com FHC, o CB informou que ACM assumiria, no dia seguinte, a presidência da
República e que atuaria “com discrição no cargo”. Efetivamente, a primeira
páginas do dia 16 deu mais destaque à morte do cantor Frank Sinatra do que ao
fato de ACM assumir, interinamente, a presidência. Em seguida, informou que,
antes de dirigir-se a Brasília e despachar no palácio do Planalto, ACM havia
participado, em Salvador, de homenagens prestadas ao ex-deputado Luís Eduardo e
que, acompanhado do cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, dom Eugênio Sales,
havia visitado o túmulo do filho morto.
Evolução
técnica
Em comemoração à sua criação, o primeiro número do CB saiu com 92 páginas, muitas fotos e anúncios. As edições
seguintes estabilizaram-se em cerca de 20-28 páginas (2/3 no primeiro caderno,
que trata de política local, nacional e internacional, e 1/3 no segundo, mais
voltado para atividades culturais).
Na década de 1990, o CB passou por duas grandes reformas. A primeira teve lugar em
1992, quando o jornal passou a investir mais na conquista de novos leitores,
realizando parcerias com outras empresas, entre elas o Bradesco, a Folha de S. Paulo, a Editora Globo, lançando produtos/serviços que valorizam o
exemplar. O Atlas
geográfico, por exemplo, vendeu mais de 80 mil fascículos. Essas novas
medidas, aliadas à implantação do telemarketing, à oferta gratuita do jornal (durante sete dias) em áreas
nobres e à conquista de novos assinantes elevaram a tiragem diária do CB de cinco mil exemplares (1992) para 30 mil. Quando da
publicação de encartes (fascículos, vídeos), a tiragem sobe para cerca de 48
mil exemplares.
No dia 11 de novembro de 1996, o CB fez uma grande festa, com a presença de ACM, do governador
Paulo Souto e de autoridades políticas e empresariais, para a inauguração de um
prédio anexo, que recebeu o nome de Ana Lúcia Magalhães, ex-diretora do jornal
e filha (falecida) do senador ACM. Novas instalações e equipamentos gráficos
marcam essa nova fase do jornal.
Seguindo a tendência mundial — diagramação leve, fotografias
coloridas e texto curto — o CB encontra-se hoje totalmente informatizado, da redação à
pré-impressão e atendimento ao público. Atualmente, está dividido em cadernos
que cobrem temas específicos (turismo, veículos, esportes, economia etc.). As
notícias nacionais e internacionais, em geral, são oriundas de parcerias com
agências de notícias e jornais nacionais. O Bahia News, filiado à Nutecnet, é o
provedor de acesso à Internet do Correio da Bahia.
Consuelo Novais Sampaio
colaboração
especial
FONTES: Correio da Bahia (diversos
números); ENTREV. Demóstenes Lima Teixeira.