DIÁRIO TRABALHISTA
DIÁRIO
TRABALHISTA
Jornal carioca diário fundado em 15 de janeiro de 1946 e
extinto em 1961.
O Diário Trabalhista foi fundado por Eurico de
Oliveira, que, por não contar com recursos suficientes, se associou a Antônio
Vieira de Melo, Mauro Renault Leite (genro do presidente Eurico Dutra) e José
Pedroso Teixeira da Silva. Enquanto os dois primeiros se responsabilizaram pelo
funcionamento do jornal, os dois últimos forneceram o capital.
Exibindo uma orientação política de caráter trabalhista, o
jornal visava na verdade garantir um respaldo popular para o governo do
presidente Eurico Dutra, com o qual possuía ligações. Embora Eurico de Oliveira
tivesse realmente compromissos com o trabalhismo, chegando a candidatar-se
deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o jornal fazia, no
fundo, restrições às posições petebistas, preocupando-se basicamente em defender
o governo. O fim do mandato de Dutra na presidência foi de fato acompanhado da
saída de Mário Renault Leite e de José Pedroso Teixeira da Silva do jornal.
Dessa
forma, em 1950, o controle acionário do Diário Trabalhista passou a
Pedro Moa- cir Rodrigues Barbosa. Daí em diante, a linha política do jornal
tornou-se mais definida, caracterizando-se por posições abertamente
trabalhistas e comprometidas com o governo de Getúlio Vargas.
A
morte de Vargas em 1954 deixaria entretanto o jornal numa situação difícil.
Durante grande parte de sua existência, o Diário Trabalhista enfrentara
sérios problemas de ordem financeira devido à dificuldade em obter publicidade.
Os poucos anunciantes que possuía eram produto de ligações políticas, e a
mudança de governo veio apenas piorar o quadro.
Ainda em 1954, Pedro Moacir deixou o jornal, passando-o às
mãos de Paulo Matos Peixoto. Com o agravamento dos problemas, porém, o
Diário Trabalhista foi obrigado a suspender temporariamente suas
atividades.
Em 1955, na tentativa de reorganizar o jornal, Matos Peixoto
entrou em acordo com o coronel Geraldo de Meneses Cortes e com um grupo a ele
ligado. Esse grupo, no entanto, decidiu apenas utilizar as instalações do
Diário Trabalhista para editar um novo periódico, intitulado Folha da
Semana. Ao contrário de seu antecessor, o novo jornal passou a apoiar a
União Democrática Nacional (UDN).
Alguns
anos mais tarde, em 1958, Meneses Cortes afastou-se, deixando Paulo Matos
Peixoto sem condições financeiras para editar um periódico. Nesse momento, Elsa
Soares Ribeiro, antiga acionista e avalista de vários títulos da empresa,
decidiu assumir seu controle administrativo. Durante algum tempo foi mantida a
edição da Folha da Semana, agora com nova orientação, apoiando a
candidatura do general Henrique Teixeira Lott à presidência da República.
Pouco depois foi relançado o Diário Trabalhista, como
órgão de cobertura da campanha de Lott. Todavia as dificuldades financeiras do
jornal prosseguiram e, com a eleição de Jânio Quadros, tornou-se inevitável seu
fechamento definitivo.
Marieta
de Morais Ferreira
FONTES:
Diário Trabalhista (1947-1958); ENTREV. RIBEIRO, E.; SKIDMORE, T. Brasil.