EMANCIPAÇÃO
EMANCIPAÇÃO
Jornal carioca lançado em 2 de fevereiro de 1949 pelo Centro
de Estudos e Defesa do Petróleo, mais tarde chamado Centro de Estudos e Defesa
do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN). Inicialmente semanal, passou em
seguida a ter periodicidade irregular. Foi fechado em dezembro de 1956.
A
Campanha do Petróleo — ou seja, o movimento nacionalista em defesa da
exploração do petróleo pelo monopólio estatal — foi desencadeada durante o
governo do general Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), servindo de base para a
criação do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo. O centro tinha grande
dificuldade em divulgar seu noticiário, pois a chamada grande imprensa do Rio
de Janeiro e de São Paulo achava-se comprometida com grupos estrangeiros,
contrários às teses nacionalistas popularizadas através do slogan “O
petróleo é nosso!”. Convencida da necessidade de criar um órgão de divulgação
próprio, a diretoria da entidade encarregou seu secretário-geral, Henrique de
Miranda, de organizar um periódico.
A
direção coletiva de Emancipação foi integrada por elementos que também
participavam da direção do centro do petróleo, como Artur Carnaúba, os coronéis
Hildebrando Pelágio Rodrigues Pereira e Felicíssimo Cardoso, o engenheiro
Fernando Luís Lobo Carneiro e o capitão J. L. Pessoa de Andrade. O novo jornal,
além de funcionar como um elemento mobilizador para a ampliação dos núcleos do
centro, passou a atuar como um veículo de esclarecimento e orientação nas
grandes questões que ameaçavam a economia brasileira. Representou também uma
fonte de material e de informação para os parlamentares e outras autoridades
empenhadas na defesa dos recursos do país.
Embora se tenha mantido permanentemente ligado ao CEDPEN, Emancipação,
segundo Henrique de Miranda, não foi apenas o porta-voz oficial da
entidade. O jornal gozava de grande autonomia, estendendo seu raio de ação à
defesa de todos os políticos e organizações que apresentassem uma postura
nacionalista na discussão dos grandes temas nacionais. Assim, em 1950, o jornal
participou ativamente da campanha eleitoral e, em 1954, defendeu as posições da
Liga de Emancipação Nacional (LEN).
Emancipação promoveu
ainda outras campanhas, publicando matérias que tratavam desde os problemas
agrários até a política externa do país, passando por questões como a
industrialização e o problema indígena. Outros temas que mereceram atenção
foram o Congresso Nacional de Defesa dos Minérios, o Movimento de Defesa da
Amazônia e o Congresso de Salvação do Nordeste.
No decorrer de 1956, começaram a se esboçar os primeiros
problemas do jornal. O fechamento da LEN por decreto do presidente Juscelino
Kubitschek provocou o primeiro grande esvaziamento do periódico. Além disso,
acirraram-se os conflitos no interior dos setores nacionalistas, incluindo o
CEDPEN. Segundo Henrique de Miranda, de um lado colocavam-se as correntes que
defendiam a adoção de “soluções positivas”, ou seja, que mantinham uma atitude
conciliatória, evitando as denúncias e acusações contra o governo. Os grupos
contrários a essa posição pretendiam igualmente fazer valer seu ponto de vista
tanto no centro como no jornal. Em conseqüência dessas divergências internas,
vários colaboradores se afastaram, e Emancipação deixou de circular em
dezembro de 1956.
Marieta
de Morais Ferreira
FONTES: BENEVIDES, M. Governo
Kubitschek; ENTREV. MIRANDA, H.; PEREIRA, O. Ferro; RAMOS, P. Brasil;
SKIDMORE, T. Brasil.