ESQUERDA, A
ESQUERDA,
A
Jornal carioca diário fundado por Pedro Mota Lima em 6 de
julho de 1927 e extinto em agosto de 1933. Embora não fosse um porta-voz
oficial do Partido Comunista Brasileiro (PCB), expressava seus princípios.
Para fazer frente às despesas com a fundação do jornal e aos
problemas financeiros subseqüentes, Pedro Mota Lima recorreu ao bicheiro João
Pallut, a quem interessava encobrir sua atividade no jogo do bicho. Mota Lima
se justificava, declarando aceitar as subvenções de Pallut na medida em que
estas vinham em favor da causa comunista.
A Esquerda apresentou-se
como um jornal nacionalista, preocupado principalmente com a defesa do
operariado. Ao longo do ano de 1928, o jornal publicou amplo noticiário sobre
os movimentos grevistas nacionais e internacionais e criticou o governo do
presidente Washington Luís por recusar a anistia aos integrantes da Coluna
Prestes, internados há um ano na Bolívia. Publicou igualmente uma entrevista de
Luís Carlos Prestes a Astrogildo Pereira, representante do PCB, da qual
resultaria o ingresso de Prestes no partido. Além disso, o jornal denunciou a exploração
do país pelo capital estrangeiro, criticou as condições de vida das camadas
mais pobres da sociedade, combateu a corrupção parlamentar e defendeu o voto
feminino.
Em 1929, A Esquerda acabou por encampar os
princípios da Aliança Liberal, apoiando a candidatura de Getúlio Vargas à
presidência da República. Nessa época, a repressão governamental aos comunistas
esvaziou politicamente o jornal.
No final de 1930, Mota Lima retirou-se da redação, passando a
propriedade do jornal a João Pallut. Com isso, A Esquerda perdeu grande
parte de seu prestígio.
Embora tivesse aplaudido a Revolução de 1930, o jornal
combateu o Governo Provisório, denunciando as arbitrariedades dos interventores
e clamando pela reconstitucionalização. Em 1931 foi publicado um artigo de Raul
Pilla em defesa da convocação de uma constituinte. Em 1932, entretanto, A
Esquerda se opôs a Revolução Constitucionalista.
Em 1933, sempre ligado aos princípios da esquerda, o jornal
denotava grande preocupação com o operariado, defendia Luís Carlos Prestes e
mostrava-se anticlerical. Seu objetivo era uma “ditadura construtora”, dirigida
por um líder sem compromissos com os partidos vigentes e as oligarquias.
Em
agosto de 1933, dificuldades financeiras determinaram o fechamento de A
Esquerda.
FONTES: ENTREV.
BARATA, J.; ENTREV. BRITO, E.; ENTREV. LIMA, P.; SILVA, H. 1930.