FRENTE
DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (FLN)
Movimento
constituído em 25 de outubro de 1961 em Goiânia por políticos nacionalistas
entre os quais se incluíam Mauro Borges, governador de Goiás, e Leonel Brizola,
governador do Rio Grande do Sul. Desarticulou-se após as eleições legislativas
realizadas em outubro de 1962 e para o governo de 11 estados.
O grupo fundador da FLN havia lutado pouco antes pela posse
do vice-presidente João Goulart na presidência da República, efetivamente
ocorrida em 8 de setembro de 1961. Empenhados na defesa das liberdades
democráticas e da independência política e econômica do país, esses políticos
lançaram um manifesto denominado Declaração de Goiânia divulgando
os objetivos da frente e conclamando os diferentes setores da sociedade a
aderir ao movimento. Entre as medidas defendidas constavam a nacionalização das
companhias estrangeiras e a regulamentação da Lei de Remessa de Lucros e da
Reforma Agrária. A intromissão norte-americana ou soviética na política interna
ou externa brasileira era condenada. Ainda segundo o documento, todos os
objetivos da FLN poderiam ser atingidos desde que as “forças nacionalistas”
vencessem as eleições de 1962.
Em artigo sobre a criação da FLN, o semanário comunista Novos
Rumos manifestou-se favorável ao movimento, “base para uma sólida frente
unida nacionalista e democrática”. Na opinião do jornal, à medida que a FLN se
organizasse nas zonas urbanas e rural, os deputados nacionalistas obteriam
maior número de votos nas próximas eleições.
Em encontro realizado algumas semanas após a formação da FLN,
Leonel Brizola salientou o caráter democrático do movimento, “aberto a todos os
patriotas”, e onde os comunistas não seriam considerados “ovelhas negras”. Na
ocasião, ficou decidido que uma junta executiva provisória coordenaria e
dirigiria nacionalmente a frente, até que fosse instalada uma convenção nacional.
Seriam ainda organizadas juntas executivas provisórias nos estados e municípios
a partir de entidades nacionalistas já existentes.
A
junta executiva provisória da FLN, tendo à frente Leonel Brizola (presidente) e
Mauro Borges (secretário-geral), foi integrada ainda por Miguel Arrais, então
prefeito de Recife, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho e Bento Gonçalves
Filho, ambos deputados federais e membros da Frente Parlamentar Nacionalista, o
coronel Oscar Gonçalves Bastos, secretário-geral do Movimento Nacionalista
Brasileiro (MNB), Aldo Arantes, presidente da União Nacional dos Estudantes
(UNE), e um representante operário indicado pelas organizações sindicais.
Ainda no mês de novembro de 1961 foi anunciada a organização
da FLN no estado da Guanabara. A junta executiva foi aí formada por
representantes da União Metropolitana dos Estudantes, do Sindicato dos
Marceneiros e do MNB. Foram também constituídos núcleos do movimento nas
cidades paulistas de Ribeirão Preto, Campinas e São Caetano.
A partir de agosto de 1962, os dirigentes da FLN
intensificaram suas atividades visando à campanha eleitoral. Ainda nesse mês,
durante o Congresso de Libertação Nacional, em São Paulo, os comunistas ressaltaram a importância da frente como expressão de uma aliança
entre trabalhadores urbanos e rurais, estudantes e “outras correntes
nacionalistas e progressistas, incluindo setores da burguesia” contrários ao
imperialismo e ao latifúndio.
Realizadas finalmente as eleições de outubro, Leonel Brizola
elegeu-se deputado federal pela Guanabara, pelo Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), enquanto Miguel Arrais foi eleito governador de Pernambuco.
Entretanto, em conseqüência do confronto entre diferentes
orientações políticas e das constantes divergências daí advindas, a FLN começou
a se desarticular, sobrevivendo apenas na Guanabara. Nos primeiros dias de
novembro de 1963, a frente carioca enviou um telegrama a Goulart e ao conselho
administrativo da Petrobras insistindo na nacionalização da refinaria de
Capuava, em São Paulo.
Mônica
Kornis
FONTES: BASBAUM, L.
História; BORGES, M. Golpe; CHASZAR, E. Students; Jornal do
Brasil (22/11/61); Novos Rumos (17 a 23/11, 1 a 7/12/61); YOUNG, J. Brasil.