INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA (IBS)
Sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 31 de maio de
1963 na cidade de São Paulo. Em julho de 1967, a secretaria geral do instituto foi transferida para o Rio de Janeiro. Em julho de 1969, a sede passou a ser oficialmente na cidade do Rio de Janeiro e nesse mesmo mês, através do
Decreto nº 64.984, foi declarado de utilidade pública. Em 2009 alterou a sua
denominação e passou a ser chamar Instituto Aço Brasil.
Foi o professor Robert Franklin Mehl, membro da Comissão
Brasil-Estados Unidos, quem primeiro sugeriu a criação de uma instituição nos
moldes do American Iron and Steel Institute. Em 1959, criou-se o Instituto
Latinoamericano del Fierro y del Acero (ILAFA), cujo primeiro presidente foi um
brasileiro, o general Edmundo de Macedo Soares e Silva. Em 1961, as empresas
brasileiras desligam-se do ILAFA em represália à escolha da cidade de Santiago
do Chile como sede do instituto. Ao mesmo tempo, organiza-se no Brasil um
comitê executivo para estudar a criação de uma associação siderúrgica, que veio
a ser o IBS. Em abril de 1964, o IBS contava com 37 associados entre membros
titulares e afiliados.
O objetivo do IBS é congregar e representar as empresas
siderúrgicas brasileiras, defender seus interesses e promover seu
desenvolvimento. No cumprimento dessas atribuições o IBS realiza estudos e
pesquisas relacionados a produção, equipamentos e tecnologia, matérias-primas e
energia, meio ambiente, tendências de mercado, novas aplicações do aço e
relações industriais; coleta dados, prepara e divulga estatísticas; coordena a
normalização de produtos; desenvolve programas e políticas definidos pelo
setor; atua como representante setorial junto a órgãos e entidades públicas e
privadas no país e no exterior; realiza atividades de relações públicas e
mantém contato com entidades afins no exterior.
A primeira diretoria do instituto, eleita em 1963, teve como
presidente o almirante Lúcio Meira, como vice-presidente o general Edmundo de
Macedo Soares e Silva, como primeiro-secretário Roberto Nami Jafet, como
segundo-secretário Cássio Humberto Lanari, como primeiro-tesoureiro Luís Dumont
Vilares e, como segundo-tesoureiro, Paulo Silveira Martins Leão. De acordo com
os estatutos de 1966, a diretoria passou a ser constituída de cinco diretores
sem designação especial além do presidente e do vice-presidente.
Embora o estatuto do IBS coloque como uma de suas diretrizes
o princípio da livre iniciativa, desde sua criação até 1993 o instituto
congregou empresas siderúrgicas estatais e privadas e dividiu suas diretorias
entre representantes dos dois setores. Também é notável a grande continuidade
nas suas diretorias, existindo inclusive a prática de ascender ao cargo de
presidente o vice-presidente da gestão anterior.
No
governo Geisel o IBS se destacou como porta-voz do setor siderúrgico, sobretudo
das empresas privadas, criticando algumas das diretrizes estipuladas pelo
Consider para orientar os planos de expansão da produção siderúrgica. Em 1981,
as empresas siderúrgicas privadas resolveram criar uma associação exclusiva
para melhor defender seus interesses, a Associação de Siderurgia Privada (ASP).
Apesar da criação da ASP as empresas privadas não se afastam do IBS. Com o
término do programa de privatização das empresas siderúrgicas estatais em 1993,
essa divisão perdeu o sentido e ocorreu, então, a fusão da ASP e do IBS,
mantendo-se a sigla mais tradicional.
nas
últimas décadas, acompanhando a concentração que se tem verificado no setor
siderúrgico nacional o IBS vem passando por uma redução no número de empresas
associadas. Em 1997 o Instituto tinha 20 empresas associadas, no ano de 2009
são 13, mas essa redução não significava perda de importância econômica e
política, já que as 13 associadas representavam grandes grupos que comandam as principais
usinas siderúrgicas do país.
Entre
as atividades de destaque do IBS ao longo de sua história, destacam-se a
elaboração das normas técnicas na área da siderurgia, em convênio com a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e com a Associação Brasileira
para o Desenvolvimento das Indústrias de Base (ABDIB); e os serviços de
assessoria à Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil e à
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), visando a assegurar a proteção à
indústria nacional e os seus interesses no comércio exterior. No mesmo sentido,
o IBS participou de convênios com os países-membros do Mercosul e da Associação
Latino-Americana de Desenvolvimento e Intercâmbio (ALADI).
Em
2008 o IBS entrou na justiça federal contra o projeto de construção da usina da
Ceará Steel, uma parceria entre a coreana Dongkuk, a Petrobrás e o governo do
estado do Ceará. A nova usina usaria o gás natural fornecido pela Petrobrás
como combustível. Segundo o IBS o fornecimento subsidiado do combustível poderia
levar o Brasil a ser denunciado na OMC, especialmente porque a usina do Ceará
estaria voltada principalmente para as exportações. Por esta posição, alguns
políticos do Ceará acusaram o instituto de estar trabalhando contra o
desenvolvimento regional e a favor dos oligopólios siderúrgicos instalados no
país. O projeto da Usina de Pacém, no Ceará foi reformulado, a usina projetada
utilizaria carvão mineral, a mudança pacificou a divergência e a partir daí o
IBS passou a apoiar a iniciativa.
O
IBS compila e divulga informações estatísticas sobre o setor siderúrgico,
através do Centro de Informações Siderúrgicas, constituindo-se em fonte oficial
para órgãos públicos, como os ministérios do Planejamento, da Fazenda, o BNDE e
o Banco do Brasil. Suas estatísticas também são utilizadas pela imprensa
especializada e por pesquisadores. Para divulgar essas informações, o IBS edita
uma série de publicações, como o Anuário
estatístico da indústria siderúrgica, Siderurgia
em números, Mercado
brasileiro de aço, Estatísticas
da siderurgia, Investimentos
na siderurgia, A
siderurgia brasileira, Siderurgia
do amanhã e
Informe da siderurgia.
Em 2009, o instituto era presidido por Flávio Roberto Silva
de Azevedo, tendo como vice-presidente André Bier Gerdau Johannpeter. No mesmo
ano o instituto mudou sua denominação e passou a ser chamar Instituto Aço
Brasil.
Alzira Alves de
Abreu/Sydenham Lourenço Neto
FONTES:
LOURENÇO NETO, S. Estado;
MEIRELES, H. 25; Rev.
Inst. Bras. Siderurgia (1971-1975);
Siderurgia, SP
(5/71, 4/72, 3/73 e 4/74).