INSTITUTO LIBERAL
Instituto
fundado pelo empresário Donald Stewart Jr. em janeiro de 1983, no Rio de
Janeiro. Constituído como uma sociedade sem fins lucrativos, o Instituto
Liberal (IL) tem sido mantido por doações e patrocínios de pessoas físicas e
jurídicas. Seus estatutos estabeleceram um conselho de mantenedores como órgão
supremo e não permitiram qualquer vinculação político-partidária de seus
associados.
O
Instituto Liberal foi criado com a finalidade de promover a pesquisa, a
produção e a divulgação de idéias, teorias e conceitos relativos ao
liberalismo. As idéias liberais podem ser sintetizadas nos seguintes
princípios: crença nas vantagens de uma sociedade baseada na democracia
representativa, na economia de mercado e na máxima descentralização do poder.
Para os liberais, a sociedade deve ser estruturada de acordo com os princípios
da livre iniciativa, da propriedade privada, do lucro e da responsabilidade
individual.
Para
divulgar as idéias liberais, o IL traduziu e publicou obras referentes ao assunto,
até então raras no país. Suas duas primeiras publicações foram as traduções de O
caminho da servidão e Direito, legislação e liberdade, de Friedrich
Hayek (Prêmio Nobel de Economia em 1974).
Nos
primeiros anos de funcionamento, constatou-se que era preciso regionalizar a
ação para ampliar o número de mantenedores e diversificar as formas de atuação.
Desse modo, foram criados Institutos Liberais nos estados do Rio Grande do Sul,
São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Ceará e em Brasília.
A
partir da criação de institutos estaduais foi estabelecido um conselho nacional
dos Institutos Liberais. Ficou acordado que todos teriam o mesmo nome –
Instituto Liberal – e o mesmo estatuto.
Os
Institutos Liberais estaduais são financiados por mantenedores locais,
desenvolvendo atividades como publicações de livros e jornais, programas de
rádio e televisão, e cursos de aperfeiçoamento de professores.
Entre
os diversos mantenedores estão empresas como: Amil Assistência Médica
Internacional, Arno, Banco Bamerindus, Banco Bozano Simonsen, Banco Fenícia,
Bombril, Bradesco, Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, Companhia
Antártica Paulista, Citibank, Companhia Nestlé Indústria e Comércio,
Construtora Noberto Odebrecht, Eucatex Indústria e Comércio, Indústrias
Gradiente, Rhodia, Indústrias Votorantim, White Martins, TV Globo, Unibanco
Corretora de Seguros, Varig, Vasp e Xerox do Brasil.
O
IL atraiu inicialmente empresários de vários estados que encontraram afinidades
com o liberalismo, tais como Jorge Gerdau Johannpeter (RS), Jorge Simeira Jacob
(SP), Roberto Bornhausen (SP), João Pedro Gouvêa Vieira Filho (RJ), Sérgio
Andrade de Carvalho, Winston Ling (RS), entre outros. No entanto, o Instituto
Liberal não ficou restrito a um grupo de empresários. O pensamento liberal
atraiu pessoas com profissões variadas, incluindo economistas, advogados,
professores, jornalistas, médicos, estudantes, que se associaram ao IL.
A
partir de 1989, o Instituto Liberal passou a oferecer cursos de economia e
filosofia política, de extensão cultural, além de palestras e seminários sobre
a situação econômica, social e política contemporânea. Nesse mesmo ano, o IL de
São Paulo, com o apoio das empresas do Grupo Fenícia, criou o Prêmio Fenícia de
Imprensa para trabalhos jornalísticos que divulgassem os princípios da economia
de mercado e da democracia representativa.
Em
1990, o IL lançou a publicação mensal Notas, que tem procurado analisar
projetos de lei e dispositivos constitucionais sob o prisma do liberalismo. A
publicação é enviada a deputados e senadores, visando acompanhar as discussões
em pauta dos congressistas. Nesse sentido, Notas já dedicou alguns de
seus números aos seguintes assuntos: a Constituição brasileira e o estado de
direito, lei de diretrizes e bases da educação nacional, propostas de emendas
constitucionais, reforma fiscal, a revisão constitucional, o monopólio da
Petrobrás, entre outros.
No
ano seguinte, em 1991, o Instituto Liberal deu início à série Políticas
alternativas, com um trabalho sobre a previdência social. Posteriormente,
foram publicados trabalhos sobre educação, saúde, capital estrangeiro, política
industrial, energia elétrica, Mercosul, entre outros. A série foi elaborada
como uma edição anual de quatro documentos, procurando desenvolver estudos
referentes a problemas brasileiros em diferentes áreas.
Ainda
em 1991, entrou no ar a Rádio livre, programa de rádio veiculado por 49
emissoras do interior de São Paulo e de vários estados do país.
Entre
1990 e 1992, o Instituto Liberal do Rio Grande do Sul passou a apresentar para
todo o estado o programa de televisão O Rio Grande questiona. O programa
entrevistou lideranças empresariais, políticas, sindicais e governamentais e as
questões debatidas buscavam uma solução de cunho liberal.
Em
1993, o Instituto Liberal de São Paulo promoveu a Semana da Cidadania, no
parque Ibirapuera. O projeto contou com a participação de 114 entidades civis
de trabalho voluntário, grupos culturais e órgãos governamentais. A programação
reuniu estandes para a prestação de serviços, apresentações culturais e
palestras proferidas no “Fórum da cidadania”. Foram publicadas sete “cartilhas
da cidadania”, distribuídas durante o evento. Após a realização do projeto foi
constituído o Fórum Permanente da Cidadania.
Nos
últimos dez anos, foram proferidos com o patrocínio do Instituto Liberal mais
de quinhentas conferências e seminários em todo o país. Entre os palestrantes
estiveram políticos e economistas, tais como: Antônio Delfim Neto, Francisco
Dornelles, Gustavo Krause, Maílson da Nobrega, Marcílio Marques Moreira, Márcio
Moreira Alves, Osíris Silva, Nelson Jobim, Roberto Campos, James Buchanan
(Prêmio Nobel de Economia em 1986), Israel Kirzner e Jesus Huerta de Soto
(ambos da chamada escola austríaca de economia).
Ao
longo desses anos, o Instituto Liberal do Rio de Janeiro reuniu inúmeras obras
e publicações, formando a biblioteca Ludwig von Mises especializada em
literatura liberal. Até 1997, o IL contava com mais de setenta publicações
próprias, entre traduções e trabalhos especializados referentes ao liberalismo.
Márcia
de Paiva
FONTES:
ENTREV. ARTUR CHAGAS DINIS; INST. LIBERAL. Instituto;