MALHO,
O
Revista ilustrada de sátira política, que circulou no Rio de
Janeiro por mais de meio século entre os anos de 1902 e 1954.
A revista O Malho, publicada semanalmente, ficou
famosa por suas charges e caricaturas que ironizavam a política nacional. Seu
surgimento deveu-se ao caricaturista Crispim do Amaral, fundador e
diretor artístico da revista. Crispim chegou ao Brasil logo após ter sido
expulso de sua terra natal, por haver publicado um desenho em que a rainha
Vitória, da Inglaterra, recebia chineladas do general francês Paul Kringer —
mais tarde soube-se que a obra era do artista Villete e Crispim apenas havia
dado-lhe sua autoria. Ao lado de Crispim, esteve Luís Bartolomeu de Sousa e
Silva, diretor da revista desde sua fundação e que já tinha sob seu comando o
jornal carioca A Tribuna.
Na capa do primeiro número de O Malho, publicado em 20
de setembro de 1902 — data que comemorava o aniversário do início da unificação
italiana, quando as forças de Garibaldi tomaram a Porta Pia —, Crispim colocou
o seu auto-retrato representando o ato de martelar sobre uma bigorna várias
brochuras, que significavam as diferentes áreas da política nacional, e já
avisava que o “que passar a sua frente será a bigorna”. Seu alvo em potencial
era a Câmara e explicava: “...desde que resolvemos fundar O Malho,
deixar de colocar uma bigorna na Câmara seria falta de consideração ao Poder
Legislativo...”
Inicialmente, O Malho foi, sobretudo, uma revista de
crônica e crítica política ilustrada, inaugurando a fase de predominância da
caricatura, em substituição à era do desenho humorístico, representada pela
Revista Ilustrada. Em 1904, a revista incorporou a sua equipe de articulistas
importantes nomes ligados ao grupo de literatos do Rio de Janeiro conhecido
como “geração boêmia”, como Olavo Bilac, Guimarães Passos, Pedro Rabelo, Renato
de Castro, Emílio de Meneses e Bastos Tigre.
Em 1910, já propriedade do deputado Antônio Azeredo, motivou
por meio de seus ataques séria crise na Câmara, o que resultou na demissão do
presidente da instituição, Sabino Barroso. Durante as eleições presidenciais
desse mesmo ano, O Malho combateu sistematicamente a candidatura de Rui
Barbosa, colocando-se ao lado do candidato que tornou-se vitorioso, Hermes da
Fonseca.
A partir de 1918, passou a ser dirigida por Álvaro Moreira e
J. Carlos, mantendo-se como uma das mais prestigiosas revistas de crítica do
país. Em 1929, O Malho colocou-se em oposição à Aliança Liberal, o que
resultou, após a vitória da Revolução de 1930, em seu empastelamento. Sua
redação foi incendiada e fechada. Após alguns meses sem ser editada, a revista
retornou, porém sem o mesmo vigor em suas críticas, atravessando dessa forma a
censura do Estado Novo. Em janeiro de 1954, deixou de circular.
O Malho reuniu em suas
páginas o maior número de desenhistas da época. Além de J. Carlos, que participou
de sua direção, desenharam para a revista Calixto Cordeiro, Raul, Gil (Carlos
Leoni), J. Ramos Lobão, Alfredo Storni, Yantok, Cícero Valadares, Ângelo
Agostini, Seth, Alfredo Cândido, Vasco Lima, Augusto Rocha, Ariosto, Loureiro,
Luís Peixoto, Nássara, Téo, Enrique Figueiroa, Del Pino, Andres, Guevara. Entre
os colaboradores podem ser ainda citados João do Rio, Lindolfo Collor, Batista
Jor, Miranda Rosa, Elói Pontes, Hildebrando Martins, Claudinei Martins e Raul
de Azevedo.
FONTES: Encic.
Larrouse Cultural; Grande encic. Delta; Malho (1902 e 1952);
SODRÉ, N. História.