MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR (MCP)
MOVIMENTO
DE CULTURA POPULAR (MCP)
Movimento de alfabetização de adultos e de educação de base
constituído em maio de 1960 em Recife por estudantes universitários, artistas e
intelectuais, em ação conjunta com a prefeitura, à época ocupada por Miguel
Arrais. Foi extinto pelo movimento político-militar de 31 de março de 1964.
O MCP tinha por objetivo formar uma consciência política e
social nas massas trabalhadoras no intuito de prepará-las para uma efetiva
participação na vida do país.
Entre setembro de 1961 e fevereiro de 1964, o movimento
realizou uma experiência através do rádio, transmitindo programas de
alfabetização e de educação de base com recepção organizada em escolas
experimentais. Paralelamente, procurou diversificar suas atividades, criando
“parques” e “praças de cultura”. Os primeiros destinavam-se a melhorar as
condições do lazer popular, estimulando a prática de esportes, e a apreciação
crítica de filmes, peças teatrais e música. As praças de cultura consistiam em
centros de recreação e de educação cuja finalidade era despertar a comunidade
de cada bairro para seus problemas. Os centros, recreativos passíveis de serem
transformados em praças eram chamados de “núcleos de cultura”.
Em seus quase quatro anos de existência, o MCP teve uma
atuação importante na área da educação. Um de seus primeiros colaboradores, o
professor Paulo Freire, formulou um método próprio de alfabetização de adultos,
que a partir de 1962 passou a ser regularmente aplicado em Pernambuco. Além do
MCP, o Movimento de Educação de Base (MEB), programa nacional de educação
instituído em 1961, adotou o método Paulo Freire, difundindo-o em todo o país.
Devido ao alto custo de suas atividades e à conseqüente
necessidade de apoio oficial, o MCP restringiu-se de início a Recife. Apenas a
Prefeitura de Natal pôs em prática um programa semelhante, instituindo em 1961
a campanha “De pé no chão também se aprende a ler”. A partir de 1963, nos estados
do Amazonas e da Guanabara desenvolveram-se também movimentos de cultura
popular.
O
espírito que animou todos esses movimentos era bastante próximo das propostas
dos centros populares de cultura (CPCs), organizados a partir de 1962 junto às
entidades estudantis.
Mônica Kornis
FONTE:
PAIVA, V. Educação.