PAÍS, O
PAÍS,
O
Jornal carioca diário fundado em 1º de outubro de 1884 por
João José dos Reis Júnior. Teve sua circulação interrompida entre 24 de outubro
de 1930 e 22 de novembro de 1933, e encerrou definitivamente suas atividades em
18 de novembro de 1934. Apresentava em seu título o grafia O Paiz.
Durante os últimos anos da Monarquia, O País destacou-se
por sua participação nas campanhas abolicionista e republicana. O primeiro
redator-chefe do jornal foi Rui Barbosa, logo substituído por Quintino
Bocaiúva. Este último dirigiria o periódico até o ano de 1901, e mesmo após
essa data continuaria a exercer influência sobre a linha editorial.
Defensor
dos militares na Questão Militar iniciada em 1884, O País combateu a prisão do
tenente-coronel Sena Madureira, apoiando seu artigo “Arbítrio e inépcia”,
publicado no jornal gaúcho A Federação com a simpatia do marechal Deodoro da
Fonseca. A partir de 1888, o jornal passou a publicar artigos veementes contra
a Monarquia, escritos por Silva Jardim com o apoio de Quintino Bocaiúva. Com a
proclamação da República, O País atingiu sua fase de maior influência na vida
política brasileira, tornando-se um dos periódicos mais vendidos na capital
federal. Nesse momento, ocorreu também a primeira mudança de proprietários: em
decorrência da crise desencadeada pela prisão de seu filho José Elísio dos Reis
Júnior, o fundador do jornal vendeu a folha ao conselheiro Francisco de Paula
Mayrink.
Durante o segundo governo republicano, vendo diante de si
grandes oportunidades eleitorais, Quintino Bocaiúva se utilizou de O País para
defender a realização de eleições, opondo-se à prorrogação do mandato de
Floriano Peixoto. Em 1895, entretanto, a orientação do jornal mudou. Quintino
Bocaiúva passou a combater a política de pacificação do Rio Grande do Sul
desenvolvida por Prudente de Morais, aproximando-se assim dos florianistas. Em
1896, por ocasião do primeiro aniversário da morte do marechal, O País declarou
que “não só continua aberta, como até mesmo lesada a sucessão do Salvador da
República”. A ligação do jornal com os grupos florianistas chegou mesmo a fazer
com que sua sede sofresse um ataque popular como represália a um atentado
sofrido por Prudente de Morais.
No final do mandato de Prudente de Morais, ao se articular a
candidatura de Davi Campista, O País foi o primeiro a combatê-la. O jornal
apoiou o marechal Hermes da Fonseca, fazendo cerrada oposição à Campanha
Civilista. Na época, era redator-chefe o português João de Sousa Laje. A
atuação de O País nesse momento foi descrita por Lima Barreto, também
colaborador do jornal, no romance Numa e a ninfa.
Marcando
sua atuação por um situacionismo que muitas vezes foi acusado de trazer em
troca negócios vantajosos para a direção, O País foi novamente apedrejado
quando Hermes da Fonseca deixou o governo.
Durante o período Artur Bernardes, apoiando o presidente em
todos os seus atos, inclusive a decretação do estado de sítio, o jornal teve
sua credibilidade reduzida e sua circulação caiu. Ainda assim, foi mantido o
apoio ao governo.
No
momento em que se formou a Aliança Liberal, O País foi um dos primeiros órgãos
a atacá-la. Em setembro de 1929, o redator-chefe Antônio José Azevedo do Amaral
publicou o editorial “Arcaísmo político”, tentando diluir as diferenças entre
as categorias “liberal” e “reacionário” e alertando “contra a ação agressiva de
forças que, por serem efêmeras, não são menos perigosas na sua maleficência
dissolvente”.
A identificação de O País com toda a estrutura política da
República Velha fez com que sua sede fosse saqueada e empastelada após a
vitória da Revolução de 1930. Três anos depois, ainda sob o Governo Provisório,
o jornal reapareceu sob a direção de Alfredo Neves, mas não chegou a durar um
ano.
Carlos Eduardo Leal
FONTES: CARONE, E.
República velha; País (1884-1934); SODRÉ, N. História da imprensa.