PARTIDO
DO POVO BRASILEIRO (PPB)
Partido político nacional fundado em maio de 1985, quando
obteve seu registro provisório junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua
criação, bem como a de várias outras legendas surgidas na mesma época, foi
facilitada pela aprovação naquele mês da Emenda Constitucional nº 25, que, além
de legalizar os partidos comunistas, permitiu a apresentação na eleição
seguinte de candidatos de partidos ainda em formação. Foi extinto em 1990.
Durante
toda a sua existência, o PPB foi presidido por Antônio dos Santos Pedreira. Dos
pontos defendidos em seu programa constavam a adoção do sistema parlamentarista
de governo, a valorização da livre iniciativa e o combate ao crescimento das
empresas estatais. Seu presidente propunha ainda a transformação dos
ministérios militares em secretarias.
A
primeira participação eleitoral do partido ocorreu em novembro de 1985, quando
se realizaram eleições para prefeito nas capitais dos estados. Nessa ocasião,
como concorrente à prefeitura do Rio de Janeiro, Pedreira utilizou o pequeno
tempo do partido no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão para
fazer uma campanha marcada por ataques aos seus adversários e aos governantes
em geral, estilo que manteria nas disputas eleitorais posteriores em que esteve
envolvido. Tratado com ironia pelos meios de comunicação, Pedreira obteve
naquela ocasião apenas 4.789 votos (0,18% dos votos válidos), ficando na 15ª
posição entre os 19 concorrentes. Também em 1985, na disputa pela prefeitura
paulistana, o PPB manifestou apoio à candidatura vitoriosa do ex-presidente
Jânio Quadros, lançado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Nas eleições de 1986, o PPB apoiou no Rio de Janeiro a
Aliança Popular Democrática, coligação de 11 partidos que lançou a candidatura
vitoriosa de Moreira Franco ao governo fluminense. Nas eleições para a
Assembléia Nacional Constituinte, realizadas na mesma ocasião, o PPB não foi
bem-sucedido. Antônio Pedreira foi derrotado na disputa por uma vaga no Senado
pelo estado do Rio de Janeiro, e o partido não conseguiu eleger sequer um
constituinte em todo o país.
Pedreira voltaria à disputa eleitoral em 1989, quando foi o
candidato do PPB à presidência da República. Numa campanha marcada pelas
críticas dos principais candidatos ao então presidente José Sarney, Pedreira
ressaltava ser o único dos postulantes a manifestar apoio ao presidente da
República. Ao mesmo tempo, dirigia ataques generalizados a seus adversários,
tendo sido por conta disso punido pelo TSE diversas vezes, chegando a ficar suspenso
do horário eleitoral gratuito por oito dias. Na véspera do pleito, Pedreira
procurou a imprensa afirmando ter sido seqüestrado e mantido em cativeiro por
dois dias. A imprensa, porém, ironizou a versão dos fatos apresentada pelo
candidato e veiculou declarações de alguns dirigentes do próprio PPB admitindo
a possibilidade de Pedreira ter forjado o seqüestro para promover sua
candidatura. Realizado o pleito, Pedreira obteve 86.107 votos (0,1% do total
dos votos válidos), ficando em penúltimo lugar entre os 21 postulantes ao
cargo.
Ainda durante a disputa eleitoral de 1989, o PPB esteve
envolvido nas articulações em torno do lançamento da candidatura do empresário
e comunicador Sílvio Santos à presidência da República. Poucos dias antes do
primeiro turno da eleição, setores políticos ligados ao governo federal
realizaram contatos com candidatos dos pequenos partidos em busca de abrigo
legal para o lançamento da candidatura de Sílvio Santos, já que a renúncia de
um dos candidatos seguida de sua substituição era o único caminho possível para
que um novo nome pudesse ser lançado na disputa. As negociações levaram,
efetivamente, à renúncia de um dos concorrentes, Armando Correia, do Partido
Municipalista Brasileiro (PMB), episódio que gerou protestos e denúncias de
suborno lançadas por amplos setores da imprensa e por outros candidatos. Na
ocasião, o ministro Roberto Cardoso Alves, um dos principais articuladores da
candidatura Sílvio Santos, garantiu à imprensa que, caso as negociações com o
PMB falhassem, o PPB cederia a legenda ao empresário paulista. Finalmente
lançada pelo PMB, a candidatura Sílvio Santos acabou impugnada pelo TSE.
Sem conseguir cumprir as exigências legais para a obtenção de
seu registro definitivo, o PPB foi declarado extinto pelo TSE em 1990.
FONTES: Estado
de S. Paulo (10/7/85); Folha de S. Paulo (13 e 14/11/89); Jornal
do Brasil (13/5, 27/6, 16/8 e 18/11/85, 10 e 15/11/89, 10/10/90).