PARTIDO
HUMANISTA (PH)
Partido político nacional fundado em São Paulo em 1984, ano em que publicou seus estatutos, no dia 13 de novembro. Participou pela
última vez de uma eleição em 1988.
Uma
de suas principais idealizadoras foi a professora Ana Rosa Gomes Tenente, então
com 25 anos, e seu presidente nacional era o estudante de engenharia Valdomiro
dos Santos Filho, de 23. O PH destacava-se como partido predominantemente
jovem, sendo a média de idade de seus militantes 25 anos. Estes declaravam-se
socialistas de uma nova esquerda não marxista, rejeitavam o materialismo dialético
e a luta de classes, e defendiam o fim da propriedade privada, a substituição
do capitalismo pelo cooperativismo, o pacifismo, a democracia, o princípio
pluralista e o fim de qualquer discriminação. Exigiam também a suspensão do
pagamento da dívida externa do país.
Sediado em São Paulo, em 1985 o partido contava com 56
núcleos só naquela cidade. Participou naquele ano do pleito que elegeu
prefeitos nas capitais, apresentando candidatos em seis delas: São Paulo, Rio
de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. Foi derrotado em todas. A candidata a prefeita de São Paulo, Ana Rosa Gomes Tenente, recebeu apenas 45.075
votos, correspondentes a 1,1%. No Rio de Janeiro candidataram-se o estudante de
belas artes Lincoln Sobral, de 19 anos, e o estudante de pré-vestibular Marco
Antônio Costa, de 20, respectivamente a prefeito e a vice.
Após a derrota de 1985, dissidências marcaram a curta
história do PH. Em janeiro de 1986, Marco Antônio Costa acusou o partido de ser
o que chamou de “seita”. O PH seria um braço do Movimento Humanista argentino,
seita religiosa fundada pelo místico Luiz Rodriguez Cobo nos anos 1970 na
província de Mendoza. Na época o movimento reuniria, segundo Marco Antônio, um
milhão de adeptos em 48 países e teria sedes em Buenos Aires, Japão, Índia, Espanha e Estados Unidos. Após essas declarações, ainda em
janeiro, foi anunciada a saída de oitocentos militantes do PH. As denúncias foram
desmentidas pelo presidente regional do Rio de Janeiro, Douglas Cardoso, que,
em entrevista ao Jornal do Brasil, afirmou ser “um delírio alucinógeno” a
versão de que o partido seria uma seita. Segundo ele, “o PH [fora] criado por
membros de uma corrente de pensamento humanista que [tinha] expressão
universal” e baseava-se no pensamento de filósofos como Martin Heidegger e
Friedrich Nietzsche. O partido contava então com mais de oito mil filiados.
Em
novembro de 1986, foram realizadas eleições para governador de estado, deputado
estadual e federal. Com registro provisório, o PH concorreu e saiu mais uma vez
derrotado, não conseguindo eleger nenhum representante. O candidato a
governador de São Paulo foi o sociólogo Teotônio Simões, na época com 42 anos.
Com a derrota, o partido perdeu o registro provisório. Em
dezembro de 1986 encaminhou ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo
o restabelecimento do registro. De acordo com a legislação eleitoral, para a
obtenção do registro, os partidos deveriam ter um número de filiados
correspondente a 2% do eleitorado dos municípios e comissões provisórias em 20%
das cidades de no mínimo nove estados. Segundo a então presidente da executiva
estadual de São Paulo, Lúcia Borgis, naquele ano o partido já havia instalado
comissões provisórias em 15 estados e comissões municipais em 20% das cidades
de cada estado, atendendo às exigências do TSE.
Em 1988, ano de eleição de prefeitos e vereadores, o partido
concorreu novamente, sem conseguir eleger nenhum de seus candidatos.
FONTES: Estado
de S. Paulo; Folha de S. Paulo; Globo; Jornal do Brasil;
NICOLAU, J. Multipartidarismo.