PARTIDO
LIBERAL DO PARÁ
Partido político paraense fundado em 6 de dezembro de 1931
por iniciativa do interventor federal no estado, o major Joaquim de Magalhães
Barata. Foi extinto junto com os demais partidos políticos do país pelo Decreto
nº 37, de 2 de dezembro de 1937.
O
Partido Liberal do Pará era filiado à União Cívica Nacional e tinha como
principais objetivos defender a ordem constitucional e o governo federativo,
assim como a autonomia política, econômica, financeira e administrativa do
estado do Pará. Seus estatutos foram aprovados em 16 de novembro de 1932, e seu
primeiro diretório foi integrado por José Carneiro da Gama Malcher, Abel de
Abreu Chermont, Rodrigo da Veiga Cabral, Mário Midosi Chermont, Alcindo Coimbra
do Amaral Cacela, o padre Leandro do Nascimento Pinheiro, o coronel José Luís
da Silva Pingarilho, o tenente Ismaelino de Castro e Abelardo Leão Conduru.
Todos
os representantes do estado na Assembléia Nacional Constituinte de 1933
pertenciam ao Partido Liberal. Eram eles Abel Chermont, o padre Leandro
Pinheiro, Mário Chermont, Clementino de Almeida Lisboa, o tenente Luís Geolás
de Moura Carvalho, Rodrigo da Veiga Cabral e Joaquim Pimenta de Magalhães.
Nas eleições estaduais de 14 de outubro de 1934, além dos
deputados federais Mário Chermont, Acilino de Leão Rodrigues, José Luís da
Silva Pingarilho e Clementino de Almeida Lisboa, o Partido Liberal elegeu 21
deputados estaduais num total de 30.
A Assembléia Constituinte estadual, instalada em 1935, além
de elaborar a Constituição do estado, tinha poderes para eleger o governador e
dois senadores. O candidato do Partido Liberal ao governo estadual era o
interventor Magalhães Barata. Esta candidatura, no entanto, não contava com o
apoio de um grupo de sete deputados estaduais do partido, integrado por
Ernestino Sousa Filho, Djalma da Costa Machado, João Ferreira de Sá, Franco dos
Santos Mártires, Aristides dos Reis e Silva, Alberto Barreiros e Raimundo Magno
Camarão. Abelardo Conduru e os deputados federais Abel Chermont e Mário
Chermont eram-lhe igualmente contrários.
Os
dissidentes do Partido Liberal uniram-se então aos deputados da Frente Única
Paraense (FUP), passando a constituir a maioria e a defender a candidatura ao
governo do deputado Mário Chermont. Diante da situação de tensão, porém, os
deputados do Partido Liberal asilaram-se no quartel-general da 8ª Região
Militar e solicitaram ao Tribunal Regional Eleitoral duas ordens de habeas-corpus
para que pudessem exercer livremente seu voto.
Desconsiderando estas providências, o presidente da
Assembléia, deputado Ápio Medrado, convocou os suplentes dos deputados
refugiados e instalou a Constituinte, que elegeu Magalhães Barata para
governador. Na tentativa de anular esta eleição, a oposição obteve nova
convocação da Assembléia para o dia 5 de abril, de acordo com o edital
assinado por seu primeiro-secretário, o deputado Ernestino Sousa Filho.
Entretanto, ao se dirigirem sob escolta do quartel onde se encontravam para a
Assembléia, os deputados do Partido Liberal foram atacados a tiros, voltando a
se refugiar na guarnição militar. Esse tiroteio feriu alguns parlamentares e
matou dois populares.
Diante
dos acontecimentos, o governo federal interveio enviando a Belém um novo
interventor, o major Roberto Carneiro de Mendonça, que foi empossado no dia 12
de abril. O interventor articulou um acordo, conseguindo que Mário Chermont
retirasse sua candidatura em favor de José Carneiro da Gama Malcher, também do
Partido Liberal. No dia 29 de abril foi reaberta a Assembléia, presidida por
Ernestino de Sousa Filho, e eleito governador por 16 votos José Carneiro da
Gama Malcher. Na mesma oportunidade foram eleitos senador Abel Chermont, com 16
votos, e Abelardo Conduru, com 14 votos.
Logo após as eleições, o grupo majoritário que havia eleito o
governador decidiu fundar o Partido Popular do Pará, destinado a apoiar o
governo.
O ex-interventor Magalhães Barata rearticulou o Partido
Liberal promovendo eleições para um novo diretório. Passaram a integrar a
direção do partido Ildefonso de Almeida, os capitães Pires Camargo e Moura
Carvalho e o deputado Aníbal Duarte.
Em
fevereiro de 1936, sob a chefia de Magalhães Barata, o Partido Liberal venceu
as eleições municipais no Pará. Em outubro do mesmo ano, Magalhães Barata
anunciou sua renúncia à presidência do partido por haver assumido funções
militares em Goiás. Diante do apelo de seus correligionários, contudo, nesse
mesmo mês voltou atrás em sua decisão.
Regina Bressane
FONTES: ASSEMB.
NAC. CONST. 1934. Anais; Correio da Manhã (16/4 e 9/5/33 e 27 e 28/6/35); CRUZ,
E. História do Pará; CRUZ, E. História do poder; Diário Carioca (26/11/32);
Diário de Notícias, Rio (9/1, 10/3, 25/4, 5/5, 12, 27 e 28/6/35, 4/1, 28/2, 1/4,
16, 23 e 28/10/36); Diário Oficial, PA (1/12/32); Jornal do Comércio (3, 4 e
8/4/33); República (10/3/33).