PARTIDO
POPULAR PAULISTA
Partido
político paulista, também chamado Partido Popular Progressista, fundado no
início de 1932 por Miguel Costa para substituir a Legião Revolucionária de São
Paulo. Desapareceu alguns meses depois da Revolução Constitucionalista, tendo
seus membros aderido ao Partido Socialista Brasileiro de São Paulo.
Ante a perda crescente de importância das legiões
revolucionárias, criadas em vários estados logo após a Revolução de 1930,
Miguel Costa, chefe da legião paulista, decidiu transformar a organização que
comandava num partido político. A nova agremiação, denominada Partido Popular
Paulista, reuniu tendências diversas, abrigando desde ex-integrantes da Coluna
Prestes a revolucionários não filiados a nenhum partido, intelectuais e
comunistas. Seus organizadores chegaram a procurar membros do Partido
Democrático (PD) de São Paulo e do Partido Republicano Paulista (PRP) que, no
entanto, não aderiram.
Em
16 de fevereiro de 1932, por outro lado, formou-se a Frente Única Paulista
(FUP), aliança entre as oligarquias representadas pelo PD e o PRP, em oposição
justamente ao Partido Popular Paulista e ao Governo Provisório.
Entretanto, ao governo federal não convinha nem perder o
apoio dos “tenentes”, garantia de sua sustentação militar, nem dispensar o
apoio das oligarquias, que dominavam o pensamento civil da nação. As sucessivas
nomeações de interventores em São Paulo após a queda do “tenente” João Alberto
Lins de Barros apenas comprovavam a preocupação do governo central de não
desagradar a nenhum dos dois grupos.
Em
1º de março de 1932, foi finalmente nomeado interventor em São Paulo o
“paulista e civil” Pedro de Toledo. Francamente rejeitada pelo grupo de Miguel
Costa, essa nomeação foi aceita pelos democráticos e republicanos apenas como
“o menor dos males”. Na verdade, longe de ser considerada como uma tentativa de
conciliação entre Vargas e os antigos chefes políticos estaduais, a indicação
de Pedro de Toledo foi interpretada como uma concessão a São Paulo, que teria
adquirido o direito de negociar com o governo federal.
Em
15 de março, Pedro de Toledo nomeou seu secretariado, nele incluindo, além de
seis membros da FUP, dois representantes do Partido Popular: Osvaldo Cordeiro
de Farias e o próprio Miguel Costa, nomeados respectivamente chefe de polícia e
comandante da Força Pública. Entre março e maio, a situação foi de expectativa
devido à resistência da FUP em aceitar um governo aparentemente neutro, mas
cujos postos-chave permaneciam nas mãos de representantes tenentistas.
No
mês de maio, Osvaldo Aranha, ministro da Fazenda de Getúlio Vargas, foi a São
Paulo com o objetivo de promover a colaboração entre a FUP e o Partido Popular
no governo de Pedro de Toledo. Negando-se a ceder às pressões, entretanto,
Vargas permitiu que o interventor apenas aceitasse a colaboração de “políticos
idôneos”, proibindo que a organização do secretariado paulista repousasse sobre
os quadros da FUP. Vargas pretendia com isso afastar principalmente os
republicanos.
A
visita de Osvaldo Aranha provocou grande agitação. Na noite de 23 de maio de
1932, a sede do Partido Popular foi invadida e o jornal A Razão, que apoiava
Miguel Costa, foi empastelado. A essas manifestações seguiu-se uma luta em que
quatro estudantes foram mortos, dando origem ao MMDC, espécie de comando civil
do movimento constitucionalista. Esses episódios representaram na verdade uma
manifestação de força do PRP.
A 25 de maio, Osvaldo Aranha descreveu num relatório ao
governo federal o estado de efervescência em que se encontrava São Paulo.
Segundo o ministro, a revolta popular, embora liderada por inimigos exaltados
da Revolução de 1930, encontrava ambiente propício ao seu desenvolvimento. A
opinião paulista estava, segundo Osvaldo Aranha, preparada para a eclosão de um
movimento armado, qualquer que fosse sua orientação.
No dia 27 de maio, diante da grande agitação política e
social reinante, Pedro de Toledo formou novo secretariado incluindo elementos
da FUP, mas mantendo as posições-chave ocupadas pelo PD.
Apesar
das tentativas de contemporização, os fatos conduziram ao acirramento das
manifestações populares contra o governo e em prol da reconstitucionalização,
culminando na Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1932.
FONTES: BASBAUM, L.
História; CARONE, E. República nova; NOGUEIRA FILHO, P. Ideais; RAMOS, P.
Partidos.