PARTIDO
PROGRESSISTA REFORMADOR (PPR)
Partido político nacional fundado em abril de 1993 sob o
comando do então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, a partir da fusão do
Partido Democrático Social (PDS) e do Partido Democrata Cristão (PDC). Em
setembro de 1995, fundiu-se com o Partido Progressista (PP) e o Partido
Republicano Progressista (PRP) para dar origem ao Partido Progressista
Brasileiro (PPB).
Origem
O objetivo inicial da fusão do PDS com o PDC era constituir
um partido forte, com representação em vários estados e capaz, portanto, de
disputar com chances as eleições presidenciais de 1994.
O
PPR nasceu com a terceira maior bancada do Congresso Nacional, reunindo 72
deputados federais e dez senadores. Contava ainda com um governador — Romildo
Magalhães, do Acre, ex-PDS — e 865 prefeitos em todo o país. Além de abrigar
parlamentares dos extintos PDS e PDC, o partido recebeu a adesão de deputados
do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do Partido da Frente Liberal (PFL), do
Partido Liberal (PL), do Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e do Partido Social
Cristão (PSC).
Segundo seu maior líder, Paulo Maluf, o PPR surgia com o
propósito de ser “um grande partido progressista, de centro, e comprometido com
as reformas”. Entre as reformas que a nova legenda defendia estavam a redução
do Estado e seu “saneamento”, a desregulamentação e a abertura da economia, o
voto distrital misto e a fidelidade partidária, a reforma da Previdência e um
novo “pacto federativo”, capaz de “articular democraticamente os interesses de
todas as regiões”.
Atuação
A
primeira tentativa do PPR de implantar no Brasil seus princípios programáticos
foi na revisão constitucional marcada para o fim de 1993. Maluf e outros
integrantes do partido pretendiam exercer uma grande influência no processo de
revisão que, afinal, não resultou em grandes modificações na Constituição,
sobretudo por conta de boicotes e obstruções da oposição. Restou a Maluf e ao
PPR se organizarem para as eleições do ano seguinte, quando cargos importantes
como os de presidente da República e de governador estariam em disputa.
Em 1994 o PPR começou a discutir sua candidatura à
presidência da República e buscou o apoio do PFL com vistas ao lançamento de
Maluf como candidato. Seu objetivo era formar uma grande aliança que juntasse,
além do PFL, o PTB e o PP já no primeiro turno das eleições. As tentativas,
entretanto, foram frustradas, e em março, analisando pesquisas que
desaconselhavam sua saída da prefeitura, Maluf desistiu das eleições
presidenciais, ainda mais sem uma coligação que desse suporte à sua
candidatura.
Com
a desistência de Maluf, o PPR se voltou para os nomes dos senadores Jarbas
Passarinho, do Pará, e Esperidião Amin, de Santa Catarina. Havia ainda
propostas de que o partido se aliasse ao Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) ou ao
Partido Democrático Trabalhista (PDT). O PPR, entretanto, decidiu-se por lançar
candidato próprio, e o nome escolhido foi o de Esperidião Amin. Para os
governos do Rio de Janeiro e de São Paulo, o partido lançou o general Newton
Cruz e apoiou o sindicalista Luís Antônio Medeiros, do PP, respectivamente.
Apesar
de ter lançado uma candidatura própria à presidência da República, o PPR não a
apoiou integralmente, tendo-se verificado no curso da campanha freqüentes
demonstrações de apoio de importantes membros do partido à candidatura de
Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. A seção fluminense do PPR não só aderiu a
Cardoso como sugeriu a renúncia de Amin em prol da candidatura tucana. Apesar
disso, o partido manteve Amin como candidato oficial até o final da campanha,
que apresentou um saldo desfavorável para a legenda.
O desempenho do PPR nas eleições de 1994 foi bom apenas nas
regiões Norte e Centro-Oeste do país. Em São Paulo e Rio de Janeiro Esperidião Amin obteve 4,4% e 1,39% dos votos, respectivamente, e em todo o país somou
2,75% dos votos válidos, ficando em sexto lugar na disputa, atrás de Fernando
Henrique Cardoso, do PSDB, de Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), de
Enéias Carneiro, do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona), de
Orestes Quércia, do PMDB, e de Leonel Brizola, do PDT.
O PPR elegeu três governadores: Siqueira Campos, de
Tocantins, Amazonino Mendes, do Amazonas, e Oleir Camelli, do Acre. Em São Paulo, Luís Antônio Medeiros obteve 2,2% dos votos. Já no Rio o general Newton Cruz
saiu-se melhor, obtendo 14,19% dos votos válidos, que lhe deram o terceiro
lugar na disputa. O partido elegeu ainda dois senadores, 52 deputados federais
— entre eles Delfim Neto por São Paulo, Roberto Campos e Francisco Dornelles
pelo Rio de Janeiro, Afonso Camargo pelo Paraná e Nélson Marchezan pelo Rio
Grande do Sul —, além de 112 deputados estaduais em todo o Brasil.
O resultado das eleições significou uma redução nas bancadas
do PPR e uma grande decepção para os malufistas. Abriu-se uma crise no partido,
e ainda em 1994 Maluf iniciou contatos com o PP visando fundir as duas
legendas. Teve um encontro com Álvaro Dias, presidente do PP, em novembro, mas
a fusão não se efetivou nessa ocasião. Em relação ao governo de Fernando
Henrique Cardoso, que estava prestes a se iniciar, o PPR se dispôs a trabalhar
pelas reformas constitucionais pretendidas pelo presidente sem integrar
formalmente sua base de apoio. Em maio de 1995, entretanto, o partido passou a
fazer parte da base governista. A partir de então, passou a pleitear
discretamente cargos nos segundo e terceiro escalões do governo.
Paralelamente, prosseguiam os contatos entre os dirigentes do
PPR, do PP e do PTB com vistas a uma fusão das três legendas. O PTB acabaria
desistindo da idéia, ao ver negada sua pretensão de manter sua sigla no novo
partido a ser criado. Em setembro de 1995, o PPR e o PP decidiram, em suas
convenções, se fundir. Receberam ainda a adesão do PRP, e surgiu então o PPB,
apresentando a quarta maior bancada do Congresso Nacional, com 84 deputados
federais e nove senadores.
Ricardo
Guanabara colaboração especial
FONTES: Folha de
S. Paulo; Globo; Jornal do Brasil; KINZO, M. Radiografia;
NICOLAU, J. Multipartidarismo.