PARTIDO
REPUBLICANO BAIANO
Partido
político baiano fundado em janeiro de 1927. Em 1932, quando da convocação das
eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, seus principais líderes
decidiram criar a Liga de Ação Social e Política (LASP) da Bahia.
O Partido Republicano Baiano teve suas origens na crise
aberta na política baiana durante o período presidencial de Artur Bernardes
(1922-1926). José Joaquim Seabra, um dos líderes políticos de maior prestígio
no estado, ao ser derrotado como candidato a vice-presidente da República ao
lado de Nilo Peçanha na chapa de oposição a Bernardes perdeu o poder que
detinha na política local desde 1912. As lutas internas dentro de seu partido,
o Partido Republicano Democrata, enfraqueceram ainda mais sua posição.
Os adversários de J. J. Seabra, juntamente com aqueles que
aderiram a Bernardes, fundaram então um novo partido, a Concentração
Republicana da Bahia. O objetivo dessa nova organização era preparar chapas com
candidatos à Câmara dos Deputados estadual e a renovação do terço do Senado
para as eleições de 4 de fevereiro de 1923. A nova agremiação, que tinha Rui
Barbosa entre seus chefes, era integrada ainda por Pedro Lago, Vital Soares, Ernesto
Simões Filho, Miguel Calmon, João Mangabeira, Otávio Mangabeira e Aureliano
Leal. Recebeu logo depois a adesão de ex-seabristas como Antônio Calmon, o
coronel César Sá, Álvaro Cova e Geraldo Rocha.
A
eleição de Góis Calmon para o governo da Bahia, em dezembro de 1923, fez
crescer a adesão dos seabristas à Concentração Republicana. A candidatura de
Góis Calmon, apoiada por esse partido, fora na verdade lançada por J. J.
Seabra. Este, contudo, temendo que a vitória de seu candidato desencadeasse uma
campanha em favor de sua própria liquidação e da de seu partido, retirara seu
apoio às vésperas da eleição. Essa atitude agravara ainda mais as dissensões
dentro do Partido Republicano Democrata. Por outro lado, dentro da Concentração
Republicana, as dissidências internas conduziam à formação de várias facções:
calmonistas, mangabeiristas e ex-seabristas.
Góis Calmon, na tentativa de pacificar a política estadual,
decidiu criar o Partido Republicano Baiano, com vistas às eleições para o
Congresso Nacional e a Assembléia Legislativa do estado. O novo partido, criado
em janeiro de 1927, passou a ser controlado por jovens políticos como os irmãos
Mangabeira, os irmãos Calmon e ex-seabristas. Os velhos chefes locais
voltaram-se para a política de seus municípios, deixando aos “jovens doutores”
a política em nível estadual e a ligação entre as reivindicações locais e os
centros de decisão.
O Partido Republicano Baiano ficou constituído de uma
comissão executiva e de diretórios municipais. Da comissão executiva emanavam
todas as decisões políticas importantes, assim como a orientação para a atuação
dos diretórios municipais.
Praticamente
como partido único, o Partido Republicano Baiano dominou a política estadual
até o advento da Revolução de 1930, que encontrou seus principais dirigentes
identificados com a política de Washington Luís: Vital Soares, presidente do
estado, fora eleito vice-presidente da República na chapa de Júlio Prestes;
Otávio Mangabeira era ministro das Relações Exteriores do governo Washington
Luís; Ernesto Simões Filho era líder da maioria na Câmara Federal, e os
deputados federais João Mangabeira, Miguel Calmon e Wanderley de Pinho
integravam a maioria parlamentar.
A vitória da Revolução de 1930, além de determinar o exílio
de Otávio Mangabeira e de Miguel Calmon, alijou do poder estadual todos os
representantes do Partido Republicano Baiano, que, como partido de oposição,
passou a lutar pelo restabelecimento do regime legal e contra a política
empreendida pelos interventores.
Alzira Alves de Abreu
FONTES: CARONE, E.
República nova; Tarde (5/2/32).