RAZÃO, A (RIO DE JANEIRO)
RAZÃO,
A (Rio de Janeiro)
Jornal carioca de publicação irregular, em geral semestral,
fundado em 16 de dezembro de 1916 pelo comendador Luís José de Matos e extinto
em dezembro de 1974.
Comerciante de origem portuguesa, enriquecido com a
exportação de café no porto de Santos, a partir de 1910 Luís José de Matos
retirou-se dos negócios e, abraçando a doutrina espírita, passou a dedicar-se à
meditação. Com o intuito de divulgar a doutrina do “racionalismo cristão”, por
ele próprio elaborada a partir de suas observações “sobre a vida fora da
matéria organizada e sua relação com o mundo, sobre o poder do pensamento e sua
aplicação ao invisível e sobre a análise da lei de atração no campo psíquico”,
fundou pouco depois A Razão, jornal destinado ao “estudo das coisas
transcendentais da vida”.
Segundo A Razão, a crise por que passava o país na década de
1910 era mais de ordem moral do que econômica ou financeira. Para moralizar a
sociedade corrompida, Luís José de Matos publicava editoriais sob a rubri-ca
“Cartas”, combatendo o que considerava “idéias retrógradas” e defendendo a
melhoria das condições de vida do operariado. O jornal era porém contrário
à resolução dos problemas sociais através de conflitos: “Não era a rebelião que
ele pregava, não fazia o panegírico da violência, mas da união sincera e
fraternal dos homens de todas as raças, convencendo-os de sua origem espiritual
comum.”
Quanto ao racionalismo cristão, seus objetivos eram o combate
ao analfabetismo e a educação moral e cívica visando ao engrandecimento da
pátria. Além de A Razão, esses propósitos eram divulgados através de “centros
redentores” espalhados por todo o país, tendo por sede o Rio de Janeiro. Esses
centros se articulavam a unidades educacionais de importância secundária.
Em 1926, Luís José de Matos faleceu. Durante o Estado Novo, o
jornal foi fechado, só voltando a circular em 8 de dezembro de 1948. Nessa
época, a direção estava a cargo de Nunes de Oliveira. Aparecia também com
destaque em suas páginas Antônio do Nascimento Cottas, genro do antigo
proprietário. Anos depois passou a assinar editoriais Antônio Cristóvão
Monteiro, casado possivelmente com a neta de Luís José de Matos. A Razão
passou então a publicar matérias fazendo a apologia ora de seu fundador, ora de
algum comerciante português enriquecido no comércio exportador.
Em 1974, o jornal deixou de circular.
Carlos Eduardo Leal
FONTE: CHASIN, J.
Integralismo.