RESISTÊNCIA (SÃO PAULO)
RESISTÊNCIA
(São Paulo)
Jornal paulista clandestino que circulou durante o ano de
1944.
Em pleno Estado Novo e no período da Segunda Guerra Mundial,
pipocaram no Brasil, especialmente em São Paulo, diversos jornais clandestinos.
Segundo Freitas Nobre, “surgiu em nosso estado uma variada imprensa
clandestina, orientada por professores da Universidade de São Paulo e
universitários, especialmente da Faculdade de Direito, e distribuída por todo o
país”. Resistência foi publicado a partir de abril de 1934 e, curiosamente, era
impresso numa tipografia de japoneses. Sua linha editorial combatia
veementemente o governo getulista estado-novista, o seu caráter de extremo
autoritarismo e a censura à imprensa, bem como as interpretações governamentais
acerca da origem da legislação social e trabalhista, identificada pelos órgãos
oficiais de imprensa como sendo um gesto “bondoso” do governo.
Essa
linha editorial foi bem elucidada pela edição nº 4 de agosto de 1944, que
apresentava o artigo “Proletariado brasileiro”, onde era denunciada a
verdadeira natureza política dos sindicatos (“O operário sabe de muita coisa,
sabe que quem não é por ele é contra ele... O proletário urbano sabe que os
sindicatos são ninhos de exploradores espertalhões”). Nessa mesma página, o
artigo “Getúlio Vargas versus democracia” comentava o discurso de 1º de maio
proferido pelo chefe da nação, em São Paulo, nos seguintes termos: “E, diante
de uma falsificação tão completa de fatos históricos recentes, a opinião
pública se dividiu, uns achando graça, outros desaforo... Mas há o
Resistência, que é um jornal livre e que pode impor a verdade. E a verdade é
muito diferente daquilo que se proclamou no discurso de 1º de maio... Quando o
governo diz aos operários que a legislação social no Brasil foi um presente de
mão beijada que Getúlio Vargas fez ao povo, ele mente. A legislação social
entre nós foi uma conquista dura da classe operária, apoiada por democratas
progressistas, através de lutas, greves, sofrimentos e prisões.”
Menor não era a arremetida contra a censura à imprensa
brasileira. Prova disso era o artigo “Triste paralelo”, onde se lia: “Entre os
jornais franceses clandestinos que sustentam, na linha de frente da
resistência, o entusiasmo e a consciência populares, cuja leitura é das coisas
mais comoventes destes dias de tormenta... e pensar imediatamente nas condições
da imprensa no Brasil e fazer uma meditação amarga sobre nosso país.”
Não
se conseguiu precisar quando o jornal deixou de circular. A dificuldade era
natural, diante da sua condição de órgão clandestino, que como tantos outros
enfrentava toda sorte de dificuldades impostas pelo Departamento Estadual de
Informações, subordinado ao Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Amélia Cohn/Sedi Hirano
colaboração
especial
FONTES: AMARAL, L.
Jornalismo; FREITAS, N. História: SODRÉ, N. História.