SEMANÁRIO,
O
Jornal carioca semanal fundado em 5 de abril de 1956 por
Osvaldo Costa e extinto em abril de 1964. Ao longo de sua existência contou com
a colaboração de nomes de destaque, como Osni Duarte Pereira, Nélson Werneck
Sodré, Condim da Fonseca, Anderson Mascarenhas, Sérgio Magalhães, Josué de
Castro, Francisco Julião, Barbosa Lima Sobrinho, Plínio de Abreu Ramos e
outros.
Logo após seu lançamento, O Semanário caracterizou-se pela
publicação de reportagens amplas, sem firmar um compromisso político definido.
No decorrer de seu primeiro ano de existência, entretanto, começou a esboçar
seu futuro programa de ação.
De
fato, durante o ano de 1956, além de publicar reportagens de caráter diverso, O
Semanário preocupou-se em lutar contra as tentativas de alteração do estatuto
da Petrobras, desmoralizando os opositores da tese do monopólio estatal. Ao
mesmo tempo, procurou estimular as forças legislativas em seus diferentes
níveis (federal, estadual e municipal) em torno da criação da Frente
Parlamentar Nacionalista, movimento que pretendia aglutinar todos os
parlamentares de tendência nacionalista de esquerda.
Essa
última iniciativa foi bem-sucedida e, no decorrer de 1957, foi efetivamente
organizada a Frente Parlamentar Nacionalista. Daí em diante, estreitaram-se as
ligações do jornal com o grupo de deputados nacionalistas, e delineou-se de
forma mais concreta sua linha política.
A preocupação básica de O Semanário voltou-se assim para a
denúncia dos elementos envolvidos em manobras consideradas prejudiciais aos
interesses nacionais, na medida em que abriam as portas da economia brasileira
à exploração estrangeira. Partindo dessa perspectiva, o jornal passou a conclamar
seus leitores a se engajar na luta pelo nacionalismo e a combater os grandes
trustes internacionais.
No período 1957-1958, O Semanário participou de grandes
campanhas, colhendo denúncias junto à opinião pública e levando-as ao
conhecimento da Frente Parlamentar. Esta, por sua vez, instaurava comissões de
inquérito na Câmara para apurar as irregularidades.
As
principais denúncias apresentadas por O Semanário referiam-se à interferência
da Shell e da Esso na imprensa brasileira; às concessões prejudiciais à
Companhia Vale do Rio Doce feitas à Hanna Corporation para a exploração de
minérios, e às irregularidades cometidas pela Rede Ferroviária Federal na
compra de material estrangeiro para o reequipamento das estradas de ferro,
preterindo os similares nacionais.
Em
1959, O Semanário aproximou-se ainda mais da Frente Parlamentar Nacionalista,
passando a publicar um boletim informativo da organização. O jornal e a frente
identificaram-se não só em seus ataques ao capital estrangeiro, mas também na
abordagem das questões de política interna do país. Empenhado basicamente em
defender a instalação da Eletrobrás, O Semanário combateu as pressões do Fundo
Monetário Internacional junto ao governo brasileiro para que este desenvolvesse
uma política antiinflacionária e saneadora.
Além
de vincular-se à Frente Parlamentar Nacionalista, durante toda essa fase O
Semanário esteve também intimamente ligado aos militares nacionalistas, dando
ampla cobertura aos acontecimentos ocorridos no Clube Militar. Em 1958, o
jornal apoiou a candidatura do general Justino Alves Bastos à presidência do
clube, em oposição ao candidato da Cruzada Democrática, general Humberto
Castelo Branco. Dois anos mais tarde O Semanário voltou a apoiar Justino Alves
Bastos, combatendo dessa vez a candidatura do general Peri Bevilacqua.
Ainda em 1960, com a aproximação das eleições presidenciais,
a Frente Parlamentar Nacionalista sofreu uma cisão. Enquanto seus membros
ligados à União Democrática Nacional (UDN) se engajaram na campanha de Jânio
Quadros, os deputados ligados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e ao
Partido Social Democrata (PSD) preferiram apoiar a candidatura do general
Henrique Lott. O Semanário colocou-se ao lado destes últimos, dando integral
apoio a Lott.
Após as eleições, a Frente Parlamentar se reorganizou,
passando porém a pautar sua atuação em novos moldes. As campanhas contra os
grupos estrangeiros deixaram de ser prioritárias, passando ao primeiro plano as
questões de política interna.
Assim, durante o curto governo de Jânio, O Semanário combateu
a Instrução nº 204 proposta pelo presidente com o objetivo de eliminar os
subsídios governamentais à importação de alguns produtos de primeira
necessidade, como o trigo e a gasolina. Por outro lado, o jornal criticou os
opositores da implantação de uma política externa independente, que resultou no
reatamento das relações diplomáticas do Brasil com os países comunistas.
Com o acirramento das contradições políticas após a renúncia
de Jânio e a posse do vice-presidente João Goulart, tanto O Semanário como a
Frente Parlamentar centraram sua atuação na defesa do governo, combatendo e
denunciando as tentativas de golpe.
A partir de 1962, entretanto, a Frente Parlamentar
fragmentou-se. A presença de Leonel Brizola à frente do movimento, defendendo
teses radicais, provocou o desligamento dos deputados moderados. Discordando de
algumas novas teses, O Semanário também se afastou, mantendo ainda assim uma
ligação para não desarticular a base de apoio de Goulart.
Nessa fase, o jornal voltou sua atenção para a denúncia da
ação golpista e a defesa do respeito ao regime constitucional. Conservando sua
linha de combate ao capital estrangeiro, O Semanário lutou pela promulgação da
Lei de Remessa de Lucros, que visava a restringir a drenagem de capital para fora
do país feita pelas firmas estrangeiras.
Em abril de 1964, após a tomada do poder pelos, militares, O
Semanário foi fechado.
Marieta de Morais Ferreira
FONTES: ENTREV.
RAMOS, P.; Semanário, Rio.