SISTEMA
FINANCEIRO
A gênese das reformas de
1964-1965
No início da década de 1960, a economia brasileira
enfrentava - sob o ponto de vista dos mecanismos de financiamento de sua
atividade - dois tipos de problema em crescente nível de complexidade.
Em
primeiro lugar, o setor privado - em especial o complexo comercial-industrial -
ressentia-se da aceleração da inflação, que eliminava os mecanismos de
financiamento ocultos nesse processo. Na medida em que a resposta setorial dos
aumentos de preços se processava com maior rapidez, os setores mais dinâmicos
perdiam a capacidade de financiamento implícita nas modificações temporárias
de preços relativos. Observada sob um ângulo de longo prazo, a questão era
ainda mais delicada. O complexo industrial-comercial havia-se expandido
vigorosamente até o início da década, contando apenas com um tradicional
sistema bancário que supriu com razoável eficiência as necessidades de capital
de giro. A elevação real dos ativos era financiada de forma crescente pela
reinversão dos lucros, que se expandiram fortemente no período de alto
crescimento. As inversões de prazo mais longo, ou foram financiadas pelo setor
público no caso de infra-estrutura -, ou pelo capital estrangeiro - no caso
dos bens de consumo duráveis. Esse quadro relativamente harmônico de
financiamento foi rompido pela desaceleração do crescimento no início da
década e a concomitante aceleração da inflação. A questão que então se colocava
não era mais a expansão da capacidade produtiva, mas sim o financiamento
corrente da atividade em face de um sistema bancário crescentemente limitado,
e a ampliação do mercado dos bens produzidos pelos setores recém-instalados,
uma vez encerrado o dinamismo da demanda atendida anteriormente por
importações.
Em
segundo lugar, o setor público, cujo gasto em investimento havia desempenhado
papel fundamental no dinamismo do Plano de Metas, via-se em crescentes
dificuldades para financiar suas atividades, dedicando parcelas cada vez
maiores de sua receita ao custeio corrente, como era o caso, por exemplo, da
cobertura dos déficits operacionais das empresas públicas de transporte. Em
outras palavras, o déficit público, que durante a segunda metade da década de
1950 e primeiros anos da década de 1960 expressava o esforço de investimento em
infra-estrutura - cumprindo, assim, um papel funcional na expansão primária dos
meios de pagamento - perdeu seu dinamismo e passou a ser um puro alimentador e
sancionador da inflação.
Até
o evento das reformas realizadas no sistema bancário e de crédito em 1964 e
1965, a atividade econômica no Brasil se viu em crescentes dificuldades para
manter um adequado mecanismo de financiamento, dependendo cada vez mais de um
sistema bancário tradicional e obsoleto, incapaz de dar uma resposta satisfatória
aos requisitos do setor real. Nesses primeiros anos da década de 1960, o setor
produtivo privado buscou alternativas para seu financiamento fora dos canais
institucionais, que no entanto eram de fôlego curto, dado o seu caráter
semilegal. A conseqüência, muitas vezes, foi o quase colapso na atividade
produtiva, uma vez esgotadas as fontes de recursos.
Sob
o ponto de vista da taxa de crescimento, a crescente alocação de poupanças em
investimentos, quase sempre improdutivos, não teve maiores conseqüências. De
fato, a recessão que se abateu sobre a economia no período de 1963 a 1967
deprimiu a taxa de investimento, e a ausência de mecanismos mobilizadores
de poupança não parece ter sido barreira a uma maior taxa de investimento.
Como ocorre em todo o período recessivo, os recursos ociosos, por força de
expectativas de baixo retorno no setor real, deslocam-se para os canais
especulativos ou improdutivos, ou, se existente, para o mercado financeiro.
ausência de um sistema financeiro organizado penalizou o sistema produtivo
pelas dificuldades impostas a ele para financiar sua atividade corrente. Dado
que o sistema financeiro compreendia apenas o sistema bancário e era sobre este
que se carregavam as políticas de estabilização, a primeira conseqüência era
sempre a compressão do capital de giro do complexo comercial-industrial.
Secundariamente, o sistema produtivo ressentia-se de uma perda de dinamismo
pelo lado da demanda, em especial nos setores produtores de bens de consumo
duráveis, cujo mercado fora rapidamente ocupado pelas indústrias instaladas
durante o Plano de Metas. Fazia-se, pois, necessário canalizar poupanças para
ampliar este mercado e equilibrar a relação consumo/investimento compatível
com a nova capacidade instalada. Em outras palavras, dado o perfil industrial
montado a partir de 1955, de nada adiantaria canalizar poupanças para o investimento
produtivo, posto que a dificuldade que este enfrentava era pelo lado da demanda
por seus produtos.
Portanto,
as questões que se colocavam para o sistema de financiamento da economia
brasileira ao início da década de 1960 eram: 1) redefinir os esquemas de
financiamento do setor privado com vistas a torná-los (relativamente)
independentes da inflação, montar mecanismos de suprimento de capital de giro
de longo prazo e, eventualmente, de capital de investimento, e montar
mecanismos que permitissem ampliar a base do consumo dos bens produzidos pelos
setores recém-instalados; 2) redefinir os esquemas de financiamento do setor
público com vistas a tomá-los menos dependentes da expansão primária de moeda.
A resposta a estas questões concretizou-se nas profundas reformas do sistema
financeiro em 1964 e 1965, quando foram buscadas soluções específicas para cada
uma O que se costuma designar como reformas do sistema financeiro brasileiro é
um conjunto de diplomas legais (leis, decretos etc.), sancionados entre 1964 e
1966, e suas posteriores modificações. Não cabe aqui listar todas estas
modificações, quanto mais não seja por já terem sido objeto de diversas
publicações oficiais e não-oficiais. O enfoque será o de buscar os principais
pontos da reforma em face dos mecanismos financeiros existentes no Brasil,
examinar sua instrumentalização em linhas gerais e avaliar seus primeiros
resultados.
Antes
de tudo é preciso sublinhar que as reformas do sistema financeiro brasileiro
são usualmente consideradas como uma transformação radical em sua estrutura,
responsável por grande parte do "milagre brasileiro", iniciado em
1968 mas infelizmente interrompido em 1973. A argumentação usual é que antes de
1964 havia o "caos financeiro", uma orgia monetária, e que as
reformas puseram um fim a esta situação ao criar um comando monetário e
creditício único, ao criar novas instituições, disciplinar as já existentes
etc., elevando assim a taxa de poupança da economia e conseqüentemente a taxa
de crescimento. Que as reformas atingiram profundamente o sistema financeiro
não há a menor dúvida, mas a questão é se a linha de argumentação acima é tão
enfática quanto parece.
Os
objetivos gerais das reformas, implícitos ou explícitos nos diversos
pronunciamentos oficiais e nas discussões levadas a cabo paralelamente, eram:
1) criar uma autoridade monetária única, efetivamente responsável pela
política monetária e creditícia, regulando as relações entre a caixa do governo
- Tesouro Nacional -, o banco do governo - Banco do Brasil - e a autoridade
formal existente Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) -, além de
traçar as diretrizes das instituições financeiras privadas; 2) criar novas linhas
de recursos financeiros públicos e privados; e 3) criar novos instrumentos de
poupança, com rentabilidade real positiva, no sentido de internalizar no
circuito institucionalizado as poupanças dispersas, fora dele, em canais
especulativos semilegais ou ilegais, elevar a taxa de poupança financeira e
incentivar as empresas a reaplicar os lucros em seus próprios negócios ou
captar recursos não exigíveis junto ao público.
De
toda a volumosa legislação que procurou atingir esses três objetivos, apenas
uns poucos documentos são necessários para se ter uma visão dos pontos em
discussão, dos argumentos e das soluções. O primeiro deles, a Lei de Reforma
Bancária (Lei nº. 4.595 de 31 de dezembro de 1964), que basicamente tratou do
primeiro aspecto mencionado; o conjunto de leis que instituiu a correção
monetária (Lei nº. 4.357 de 16 de julho de 1964, e Lei nº 4.380, de 21 de
agosto de 1964) e a Lei de Reforma do Mercado de Capitais (Lei nº. 4.728 de 14
de julho de 1965), que trataram do segundo e do terceiro aspectos. Toda a
legislação posterior é derivada desses quatro diplomas e dizem mais respeito à
regulamentação dos novos instrumentos.
Estrutura das autoridades monetárias antes da Lei nº.
4.595
O
primeiro objetivo da reforma era consolidar as diversas instituições que
operavam parcialmente como autoridade monetária e davam lugar a uma
descoordenação nas medidas de política. A política econômica e, em especial, a
política de moeda e crédito, eram gerenciadas por diversos órgãos.
A
Sumoc era o órgão controlador do sistema. Criada em 2 de fevereiro de 1945
pelo Decreto-Lei nº. 7.293, tinha todas as atribuições da política que um banco
central típico teria. Era responsável pela política cambial, fixava as taxas
de juro dos bancos comerciais, estabelecia os tetos e taxas de redesconto,
fixava o percentual dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais, fiscalizava
o registro de capitais estrangeiros, fiscalizava os bancos comerciais, podia
operar no mercado aberto etc.
O
Banco do Brasil era outro órgão que, nas suas funções de banco central, operava
a Carteira de Redesconto (Cared) e a Caixa de Mobilização Bancária (Camob), a
primeira para suprir crédito seletivo e de liquidez aos bancos comerciais e a
segunda como emprestador de última instância. Como órgão executor da
política traçada pela Sumoc, operava a Carteira de Câmbio e a Carteira de
Comércio Exterior (Cacex). A primeira operava a compra e venda de moeda
estrangeira nas taxas fixadas pela Sumoc e a segunda implementava as políticas
seletivas de exportação e importação estabelecidas pela superintendência.
Como agente financeiro do Tesouro, o Banco do Brasil recolhia a arrecadação
tributária e outras rendas da União e realizava pagamentos em nome dela. Além
disso, como banco do governo, o Banco do Brasil podia realizar operações de
crédito ao Tesouro, supostamente como antecipação de receitas, em cada
exercício fiscal. Por conta da Sumoc, o Banco do Brasil realizava o serviço de
compensação de cheques e era o depositário das reservas voluntárias dos bancos
comerciais.
O
Tesouro Nacional era o órgão autorizado a emitir papel-moeda, através do
Decreto-Lei nº. 4.792, de 5 de outubro de 1942 e a amortizá-lo através da Caixa
de Amortização.
Na
cúpula do sistema, dando a orientação geral, estava o conselho da Sumoc,
constituído pelo ministro da Fazenda, pelo presidente do Banco do Brasil, pelo
diretor executivo da Sumoc, pelo presidente do Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico (BNDE) e pelos diretores do Banco do Brasil da
Carteira de Câmbio, Cared e Cacex.
Dessa
forma, havia uma divisão nítida de atribuições, onde o conselho da Sumoc era o
órgão normativo, a Sumoc o órgão de controle e fiscalização e o Banco do
Brasil o órgão executor. Formalmente não havia ambigüidade na definição de
funções. O único mecanismo intrincado de relação entre os órgãos dizia
respeito à emissão de papel-moeda. O órgão emissor de papel-moeda era a Caixa
de Amortização do Tesouro Nacional, que no entanto não tinha poderes para colocá-lo
em circulação. Essa atribuição era exclusiva da Carteira de Redesconto
(Cared), que, não obstante estar inserida no Banco do Brasil, tinha
contabilidade própria e independente. A Cared, por sua vez, não tinha
estrutura operacional para distribuir o papel-moeda, serviço que era realizado
pelo Banco do Brasil.
O
mecanismo era então o seguinte: o Banco do Brasil necessitava de papel-moeda
para sua própria caixa ou para repassar aos bancos comerciais de quem ele era
depositário das reservas voluntárias. Para isso, levava à Cared títulos
comerciais ou notas promissórias de suas operações correntes, que eram
redescontadas em troca do papel-moeda. A Cared, por outro lado, solicitava ao
Tesouro um empréstimo pelo papel-moeda. Teoricamente. portanto, o papel-moeda
era emitido fundado em "legítimas operações comerciais" como mandam
os manuais de banco central. Uma vez se vencendo o título redescontado, o
Banco do Brasil resgatava o papel-moeda à Cared e esta devolvia ao Tesouro para
incineração na Caixa de Amortização.
Era
exatamente sobre esse mecanismo que recaíam as críticas daqueles que desejavam
modificar a estrutura das autoridades monetárias brasileiras. A questão toda
estava no Banco do Brasil, que mesclava três atribuições consideradas incompatíveis
com a política monetária: 1) ser agente financeiro do Tesouro, autorizado a
realizar operações de crédito; 2) ser depositário das reservas voluntárias dos
bancos comerciais; e 3) ser o maior banco comercial do país e o único banco
rural.
Essa
mistura de banco comercial e autoridade monetária era considerada indesejável
já que, na prática, não havia limite à emissão de papel-moeda. A curto prazo,
a limitação era de que o débito da Cared para com o Tesouro por conta de
papel-moeda emitido não podia ultrapassar 25% das disponibilidades em ouro e
divisas do país (artigo 2º. do Decreto-Lei nº. 4.792). À falta de uma
legislação específica, no entanto, a longo prazo tal limitação era inócua, pois
toda vez que a Cared atingia esse limite o Congresso Nacional votava uma lei
encampando a emissão realizada pelo Tesouro. Isto é, o Tesouro passava a ser o
responsável pelo papel-moeda em circulação, cancelando-se os débitos mútuos
da Cared, do Tesouro e do Banco do Brasil. Uma vez cancelados os débitos, a
Cared podia reiniciar suas operações, partindo novamente de zero. Dessa
forma, portanto, não havia limitação quanto ao volume de emissões de
papel-moeda, e neste mecanismo a Sumoc não tinha nenhuma interferência, pois
todas as operações eram fora de sua alçada.
O
papel-moeda, no entanto, constitui uma fração menor dos meios de pagamento em
relação à moeda escritural. O segundo enfraquecimento da política monetária
vinha da combinação dos dois outros atributos do Banco do Brasil, isto é, ser
depositário das reservas dos bancos comerciais e ser um banco comercial. De
fato, um banco comercial tem como limitação para suas operações o volume de
reservas que tem depositado junto às autoridades monetárias. As reservas
compulsórias fixam para o sistema bancário o multiplicador dos meios de
pagamento, e são exatamente as reservas voluntárias (ou o excesso de caixa
livre para empréstimo) que permitem a expansão de suas operações (vale lembrar
que o único instrumento de política monetária que atua diretamente sobre as
reservas livres são as operações de mercado aberto, inexistentes àquela época
no Brasil). Se um banco sobre-expande suas operações, necessariamente perderá
reservas na compensação dos cheques e será obrigado a reduzir suas operações.
Se, no entanto, um banco é o depositário das reservas, isto é, se ele perde na
compensação, basta creditar a conta do banco credor criando reservas, e então
este banco não terá limites para suas operações ativas.
Assim
tanto pelo lado do papel-moeda, como pelo lado da moeda escritural, a posição
privilegiada do Banco do Brasil permitia sua expansão sem limites. Na verdade,
as três atribuições do Banco do Brasil combinavam-se funcionalmente e
implicavam da crescente operação daquele estabelecimento. Isto não quer dizer,
no entanto, que o Banco do Brasil operasse totalmente fora de controle. A
única forma de restringi-lo era impondo limites diretos às operações ativas das
várias carteiras, o que era feito pelo conselho da Sumoc em cada ano. No
entanto, uma coisa é controlar um banco comercial através das reservas
compulsórias, isto é, através de uma percentagem fixada, impessoal e
irrecorrível. Outra é impor limites a um banco com quase mil agências,
responsável básico pelo crédito rural - sujeito a toda sorte de variações
climáticas - e, acima de tudo, emprestador do Tesouro. Fixava-se o limite
anual, mas se chovia, se houvesse seca, se o funcionalismo público era
aumentado e se um plano de investimento era iniciado, esses limites eram
sistematicamente alterados, revistos, ignorados. Teoricamente era possível,
então, controlar a expansão dos meios de pagamento, mas na prática as pressões
políticas e de política econômica inviabilizavam o esquema.
Portanto,
o cerne da questão da descoordenação, criticada na estrutura das autoridades
monetárias, estava na posição do Banco do Brasil, e toda a discussão da reforma
bancária, iniciada, pode-se dizer, por sir Otto Niemeyer em 1931, e
supostamente terminada em 1964, estava no que ocorreria com o Banco do Brasil
caso fosse criado o Banco Central. Os diversos projetos apresentados colocavam
a falsa discussão entre criar o Banco Central ou manter a Sumoc, quando o
ponto crucial era qual o papel do Banco do Brasil na nova estrutura.
A reforma bancária
O
primeiro projeto apresentado de forma integrada, Projeto nº. 104 de 1950,
chamado Projeto Correia e Castro, teve sua discussão iniciada em 1948, e
propunha a criação do Banco Central como órgão executor da política monetária
e o Conselho Monetário como órgão normativo. Criava ainda diversos bancos
especializados - Banco Rural do Brasil, Banco Industrial do Brasil, Banco de
Investimento do Brasil, Banco Hipotecário do Brasil e Banco de Exportação e
Importação do Brasil. Na prática, portanto, esse projeto, além de extinguir a
Sumoc, explodia o Banco do Brasil em diversas instituições especializadas.
Como era de se esperar, um projeto de reforma tão drástico viu-se emperrado no
Congresso por 14 anos, tendo sido apresentados diversos substitutivos (Daniel
Faraco 1947, 1954 e 1962; Horácio Lafer 1950; Herbert Levy 1954; Alberto
Pasqualini 1954 e José Maria Alkmin 1962). Aparentemente, o grupo de pressão
do Banco do Brasil era fortíssimo, contando inclusive com dezenas de deputados
funcionários ou ex-funcionários do banco. Em 1962 um substitutivo foi
finalmente apresentado para discussão - o chamado Projeto Daniel Faraco, em 10
de agosto, criando o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central e apenas o
Banco Rural como sucessor da Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil. É
importante observar que um desdobramento da questão do destino do Banco do
Brasil era a constante preocupação dos políticos e dos empresários com o
problema do crédito rural, que de forma nenhuma se desejava fosse transferido
aos bancos privados.
Ainda
assim, funcionários e políticos ligados ao banco estavam temerosos pelo
esvaziamento do Banco do Brasil. A questão era que o Projeto Daniel Faraco
tirava do banco a faculdade de emprestar automaticamente ao Tesouro quando este
apresentasse um déficit, empréstimo pelo qual o Tesouro pagava juros (ainda que
originalmente parte desses recursos proviessem do próprio Tesouro, suprido do
banco via Cared). O receio é que a receita do Banco do Brasil fosse
substancialmente reduzida, chegando alguns a imaginar que ele pudesse tornar-se
insolvente. Por essa razão, seus funcionários apresentaram em dezembro de
1962, através do ministro da Fazenda, um novo projeto - chamado Projeto Nei
Galvão -, que criava o Conselho Nacional da Moeda e do Crédito e simplesmente transformava
o Banco do Brasil em Banco Central, mantendo todas as suas atribuições de banco
comercial e autoridade monetária. Este era pelo menos um projeto coerente com
o status quo. O projeto previa para um futuro indefinido a criação do
Banco Rural e de quatro bancos regionais de desenvolvimento.
Esse
projeto não chegou a ser discutido, pois em 22 de março de 1963 o governo
apresentou novo projeto, o chamado Projeto Miguel Calmon - San Tiago Dantas,
procurando conciliar as posições, criando o Conselho Monetário Nacional, mas
mantendo a Sumoc como órgão controlador e fiscalizador.
A
discussão desse projeto centrou-se na questão dos tetos de emissão que havia
sido deixada em aberto, mas foi alterada por substitutivo posterior - chamado
substitutivo José Maria Alkmin. As discussões mais acesas voltaram a ser em
torno do papel do Banco do Brasil, do Banco Central e da Sumoc, como o atesta a
173ª. Sessão da Câmara, de 16 de setembro de 1964, mas finalmente um último
substitutivo foi aprovado - o chamado substitutivo Ulisses Guimarães - e
encaminhado ao Senado Federal, mantendo a Sumoc como órgão executor de política
monetária.
O
Senado aprovou o projeto com diversas emendas, das quais duas importantes. A
primeira, criando o Banco Central e extinguindo a Sumoc. A segunda propondo
que o governo apresentasse em 90 dias projeto para institucionalizar o crédito
rural. Ao que tudo indica, esse segundo ponto foi o preço pago pelo governo
para reunir o apoio de diversos senadores ligados às atividades rurais, em troca
da modificação do projeto da Câmara no que dizia respeito à criação do Banco
Central e à extinção da Sumoc. As emendas do Senado foram aprovadas finalmente
pela Câmara em 30 de novembro de 1964, o projeto foi submetido à presidência da
República e sancionado em 30 de dezembro seguinte sob o nº. 4.595. Examinando
a lei, pode-se avaliar o alcance das modificações introduzidas em face das
questões anteriormente levantadas.
Em
primeiro lugar, foi criado o Banco Central do Brasil em substituição à Sumoc,
com atribuições e prerrogativas semelhantes à sua antecessora e algumas
alterações significativas: 1) a emissão de papel-moeda ficava agora sob sua
inteira responsabilidade; 2) ao Tesouro não mais era permitido fazer operações
de crédito junto ao Banco do Brasil ou ao Banco Central. Em substituição,
qualquer empréstimo do Banco Central ao Tesouro seria através da compra, pelo
banco, de obrigações e letras de emissão do Tesouro; 3) extinguiu-se a Cared e
a Camob, incorporados os seus patrimônios ao Banco Central; 4) o controle e
execução das operações de câmbio passaram do Banco do Brasil ao Banco Central.
Inexplicavelmente a Cacex, responsável pela política de exportação e
importação, foi mantida no Banco do Brasil como disposição transitória (artigo
59), mas na verdade sua transferência ao Banco Central nunca foi efetivada; 5)
o banco deveria receber os depósitos compulsórios e voluntários dos bancos
comerciais.
Foi
criado também o Conselho Monetário Nacional, com atribuições semelhantes ao
conselho da Sumoc (extinto), mas com uma composição alterada para nove membros,
sendo eles: o ministro da Fazenda, os presidentes do Banco do Brasil e do
BNDE, os quatro diretores do Banco Central e dois representantes do setor
privado.
O
Banco do Brasil foi mantido como agente financeiro da União, mas sem a prerrogativa
de estender crédito ao Tesouro. Ao Banco do Brasil foi dada a possibilidade
de, por delegação do Banco Central, arrecadar os depósitos voluntários dos
bancos comerciais e executar os serviços de compensação de cheques.
No
Tesouro foi extinta a Caixa de Amortização, assumindo o Banco Central a
responsabilidade pelo meio circulante.
Os
pontos acima nos permitem concluir que: 1) sob o ponto de vista do comando da
política monetária, a nova estrutura estava mais bem aparelhada, pois não só
consolidou nas atribuições do Conselho Monetário toda a legislação vigente,
como reduziu substancialmente a influência do Banco do Brasil no conselho,
agora com apenas um representante no total de nove membros; 2) as relações
Banco do Brasil, Banco Central e Tesouro foram simplificadas, saindo o Tesouro
de todo o circuito de criação primária de moeda e sendo reintroduzindo o papel
da dívida pública como contrapartida dos déficits fiscais.
Como
ficou, no entanto, a posição do Banco do Brasil, que durante anos foi o ponto
chave da discussão? Em primeiro lugar, as reservas voluntárias dos bancos
comerciais seriam recolhidas ao Banco Central, mas o Banco do Brasil podia, por
delegação, arrecadá-Ias. Na prática, estas reservas nunca foram transferidas
ao Banco Central e o Banco do Brasil continuou sendo um banco que "nunca
perde na compensação".
No
entanto, os limites de aplicação do Banco do Brasil, o verdadeiro freio à sua
expansão, deixou de ser um número discutido no conselho da Sumoc para integrar
um conjunto de dados, formalmente e oficialmente montados, o chamado orçamento
monetário. Por outro lado, o Banco do Brasil continuava a ser o maior banco
comercial do país, pois nenhuma de suas carteiras operacionais lhe foi
suprimida. Portanto, as pressões anteriormente assinaladas para a elevação
das operações acima dos limites estabelecidos pelo orçamento monetário não
deixariam de existir. Mas, pode-se argumentar que a terceira perna do tripé que
sustentava a expansão das operações do Banco do Brasil, o suprimento ilimitado
de papel-moeda, lhe foi cortada pela incorporação da Cared ao Banco Central.
Alguns economistas brasileiros insistem que o controle do papel-moeda é
irrelevante, posto que este é uma fração pequena da base monetária e que seu
controle vai fazer apenas faltar troco. No entanto, a supressão do canal de
suprimento de papel-moeda teria efetivamente freado o Banco do Brasil,
inclusive independentemente do orçamento monetário. De fato, um banco comercial
comum não está preocupado com o volume do papel-moeda em caixa como variável
de decisão para expandir seus empréstimos, e sim com o seu volume global de
reservas nas autoridades monetárias, que é de livre conversão em papel-moeda.
Para o banco comercial, o papel-moeda na caixa é um coeficiente técnico
relacionado com o seu volume de reservas. Para o Banco do Brasil, no entanto,
a coisa é diferente, já que ele não tem depósitos na autoridade monetária, pois
ele é a própria autoridade,mas não é o emissor. Assim, uma expansão de seus
empréstimos, mais cedo ou mais tarde, vai necessitar de papel-moeda para
atender os saques do público ou dos bancos comerciais. Mas se todos os canais
de suprimento estão agora fechados, então o Banco do Brasil terá de reduzir ou
limitar suas aplicações para recompor sua caixa em papel-moeda (na verdade, sua
única forma de caixa).
O
que ocorreu, no entanto, é que o canal de comunicação entre o Banco do Brasil e
o Banco Central não se fechou, mas mudou de nome. Esse canal foi estabelecido
quando da criação do Banco Central, e se refere a uma conta no ativo do Banco
Central e no passivo do Banco do Brasil com o título de conta de movimento.
Como o nome indicava, era uma rubrica que receberia o float das
operações entre as duas instituições, liquidáveis semanalmente, pagando a
instituição devedora (qualquer que fosse) um juro de 1% ao ano pelo saldo à
instituição credora. No entanto, desde a sua criação em 1965, a instituição
devedora foi sistematicamente o Banco do Brasil, em volumes crescentes. Essa
conta, que basicamente exprime o suprimento de papel-moeda do Banco Central ao
Banco do Brasil, foi responsável pela possibilidade do Banco do Brasil expandir
de forma livre suas operações ativas, sem o abastecimento da Cared.
Na
verdade, esse esquema teve que ser implantado pela estrutura de Banco Central
"misto", adotada pela reforma. De fato, se o Banco Central é o
emissor, mas não é o detentor das reservas voluntárias dos bancos comerciais, e
o Banco do Brasil é o depositário das reservas, mas não é o emissor, havia que
ser criado um “cordão umbilical” entre as duas instituições no sentido de
integrar as emissões de reservas, pelo Banco do Brasil, às emissões de
papel-moeda, pelo Banco Central.
Concluímos,
assim, que tanto sob o ponto de vista de o Banco do Brasil participar das
autoridades monetárias, como o mecanismo de emissões, nada, ou quase nada, foi
alterado pela reforma bancária em relação ao regime anterior.
Correção monetária
O
segundo aspecto básico das reformas de 1964 e 1965 referiu-se à introdução do
sistema de correção monetária na economia brasileira. A idéia por detrás
deste mecanismo é que a inflação sistemática tem três conseqüências perversas:
em primeiro lugar, distorce a eficiência dos preços como mecanismo de alocação
de recursos; em segundo lugar corrói as rendas contratadas em valores fixos
correntes; e em terceiro lugar, afasta do mercado financeiro um volume
substancial de poupanças.
Dentro
desses pontos é, portanto, necessário que se separem dois aspectos na questão
da introdução da correção monetária. Por um lado, como mecanismo de indexação
de alguns contratos (latu sensu), e por outro, a sua relação com
a taxa de juro.
A
correção monetária como indexação só pode ser introduzida com eficiência (em
relação aos pontos acima mencionados) se for parcial, isto é, para apenas
alguns setores da economia. De fato, caso fosse possível indexar todos os
preços, isto corresponderia a uma mudança integral no padrão monetário, sem
correção das distorções conseqüentes da inflação passada. E o que se observa
na economia brasileira, é exatamente a introdução parcial e gradual da correção
monetária sobre alguns tipos de contrato de renda, mas sem uma generalização
para toda a economia.
Assim,
logo em 1964, introduziu-se a atualização dos débitos fiscais das empresas e
indivíduos, recompondo seu valor real pela inflação passada. A ausência dessa
atualização havia induzido muitas empresas a elevar seu capital de giro pelo
não-recolhimento de impostos e contribuições sociais, pois frente a uma
inflação de 50/60%, mais valia pagar a multa e juro de 12% ao ano e arriscar-se
a ser processado por crime de sonegação fiscal coisa que raramente ocorria.
Esse mecanismo de atualização pela inflação passada desonerou o Tesouro de
arcar com os custos da desvalorização da moeda que ele próprio emitia. O
mecanismo, no entanto, tinha que ser parcial e nenhuma medida foi tomada para,
simetricamente, o Tesouro pagar correção monetária sobre seus débitos para com
contratantes de obras públicas.
Ainda
no âmbito das empresas, permitiu-se que estas corrigissem monetariamente seus
ativos imobilizados para efeito de cálculo das cotas de depreciação dedutíveis
do Imposto de Renda a pagar. Complementarmente, o capital de giro próprio
também podia ter a sua recomposição monetária deduzida do Imposto de Renda,
fazendo então que todo o passivo próprio da empresa não tivesse a sua valorização
taxada como lucro. Um dos aspectos parciais da atualização monetária para as
empresas estava no fato de que parcela dos custos, os salários, não era regida
pelo mesmo critério, e sim objeto de índices especiais, sistematicamente
abaixo da inflação ocorrida.
A
introdução mais importante da correção monetária deu-se no âmbito da criação do
Sistema Financeiro de Habitação. A idéia era de que a inflação havia atingido
duramente o setor de construção civil, e que o déficit habitacional que o país
apresentava - na época estimado em oito milhões de habitações - era fruto da
conjugação de dois mecanismos. Por um lado, os investimentos no setor haviam
declinado pela impossibilidade de as instituições financeiras manterem
carteiras hipotecárias oferecendo crédito de longo prazo com taxa de juro
fixada em um máximo de 12%; por outro lado, os aluguéis estavam tabelados,
desestimulando a demanda de casas para renda. O setor de construção civil era
considerado como estratégico na política de emprego, dada a sua baixa relação
capital/ trabalho. Assim, foi permitido que os contratos de financiamento
habitacionais fossem reajustados pela inflação ocorrida e liberaram-se os
aluguéis residenciais e comerciais.
No
nosso entender, no entanto, esse é o ponto menos relevante na questão da
correção monetária. A questão central referiu-se à taxa de juro. Havia no
Brasil (e há, até hoje) dois impedimentos à elevação da taxa de juro. Um deles
impedia a cobrança de juros superiores a 12% ao ano, e o outro impedia
contratos de financiamento que não fossem na moeda legal do país. Isso
implicava que qualquer taxa de inflação acima de 12% ao ano (o que foi sempre o
caso nas décadas de 1950 e 1960) gerasse um juro negativo. Esse fato foi decisivo
para o afastamento de detentores de poupanças do mercado financeiro. Ainda que
diversos artifícios tivessem sido criados no sentido de burlar a lei, havia
necessidade de se legalizar a possibilidade de oferecer e demandar uma taxa de
juro mais elevada, compatível com as taxas de inflação.
O
ponto que estamos defendendo é que a introdução da correção monetária foi
básica e fundamentalmente uma liberação da taxa de juro. A permissão para que
as instituições financeiras cobrassem em seus contratos de financiamento e
pagassem aos tomadores de seus passivos um valor de correção monetária, mais a
taxa de juro negociada, foi o instrumento decisivo para atrair e internalizar
poupanças no circuito financeiro. A maioria das publicações oficiais e
interpretações da correção monetária procura mostrar que esta é apenas uma
atualização de créditos e débitos financeiros, mas sustentamos que a correção
monetária foi na verdade a liberação das taxas de juro, como mostraremos a
seguir. Quando foi permitido que as instituições financeiras cobrassem e
pagassem "juros reais positivos", isto é, introduzissem correção
monetária em seus contratos ativos e passivos, foi também estabelecido que,
temporariamente, poderia ser cobrada e paga uma correção prefixada, sob a forma
de desconto ou juro fixo, até que o mercado se adaptasse à nova sistemática.
Assim, por exemplo, um título financeiro, de valor nominal igual a cem poderia
ser negociado de duas formas. Ou o tomador aceitava receber ao fim do prazo
juros mais correção monetária, ou comprava com um desconto pela estimativa da
inflação futura. Em ambos os casos estavam-se pagando juros, mas é evidente
que o segundo caso está mais alinhado dentro da definição corrente de juro. No
caso da correção monetária, o juro efetivamente recebido pelo tomador era de
valor incerto no momento de aquisição do título, enquanto que no desconto o
rendimento era conhecido a priori. Quando se observa que esta permissão
temporária tornou-se na verdade a regra permanente para os títulos privados,
conclui-se que a criação da correção monetária foi apenas um meio de liberar a
taxa de juro do sistema financeiro. Diversas tentativas foram feitas pelo
governo de introduzir a correção monetária nos títulos privados, e sempre esbarravam
na resistência das instituições financeiras que, para pagar correção monetária
aos tomadores de seus títulos, teriam necessariamente que cobrar dos seus
mutuários. Estes não estavam dispostos a assumir contratos onde o custo do
financiamento era desconhecido a priori, inviabilizando a confecção do
fluxo de caixa.
A
correção monetária como taxa de juro foi introduzida pela criação de títulos da
dívida pública - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN) - e
estendida aos instrumentos de captação do Sistema Financeiro de Habitação
(letras imobiliárias e cadernetas de poupança). Paralelamente, foi introduzido
um padrão de valor real constante, a Unida de Padrão de Capital (UPC), permitindo-se
que contratos de financiamento fossem nele expressos. A ORTN foi feita igual a
uma UPC em 1964. Tudo se passa então como se se tivesse criado um novo padrão
monetário (parcial), em que as qualidades de unidade de conta e standard de
pagamento diferido eram dadas pela UPC, e as qualidades de meio de troca e
reserva de valor dadas pela ORTN. A coexistência destes dois padrões
monetários, isto é, o cruzeiro, a moeda "velha" que se desvaloriza a
cada dia, e a UPC/ORTN, a moeda "nova" que se valoriza a cada dia,
foi efetivamente responsável pela tremenda expansão da captação de poupanças
financeiras pelo sistema financeiro.
A reforma do mercado de capitais
O
terceiro ponto básico das reformas de 1964 e 1965 referiu-se à criação de novos
instrumentos de captação de poupanças e ao estabelecimento de fontes de
financiamento de empresas e consumidores independentes da inflação. A Lei de
Reforma do Mercado de Capitais, Lei nº. 4.728, de 14 de julho de 1965, teve, ao
contrário da Lei de Reforma do Sistema Bancário, uma elaboração e tramitação
extremamente rápida, se se tem em conta a profundidade das medidas que se
desejava implementar.
Em
dezembro de 1964 o ministro da Fazenda, através da Portaria GB 422 do dia 10,
criou um grupo de trabalho para elaborar o anteprojeto de lei de reforma do
mercado de capitais. Esse grupo de trabalho incluía membros das bolsas de
valores e do mercado financeiro, e as divergências apareceram de imediato,
constituindo-se praticamente dois grupos independentes. Frente a esse impasse,
o governo encaminhou um terceiro projeto (Projeto nº. 2.732/65 da Câmara dos
Deputados, encaminhado pela mensagem nº. 226/65), onde basicamente se apoiavam
os pontos de vista do setor financeiro. Em menos de três meses o projeto
recebeu três substitutivos das comissões de Justiça, de Economia e de
Finanças. Em junho, o substitutivo da Comissão de Economia - que tinha na sua
assessoria membros do grupo de trabalho mencionado, oriundos do setor financeiro
foi aprovado quase que na íntegra, encaminhado ao Senado Federal, que fez
algumas alterações, e sancionado em julho pelo presidente da República. A Lei
nº. 4.728 é uma lei genérica de definições e foi regulamentada posteriormente
por diversas resoluções do Conselho Monetário Nacional.
A
diferença básica e surpreendente, no entanto, em relação à Lei de Reforma do
Sistema Bancário é que, enquanto as discussões desta última se centraram sobre
pontos cruciais implícitos nos projetos, sendo explicitamente uma
reorganização do sistema monetário, na Lei nº. 4.728 as discussões se centraram
sobre os pontos formais e posteriormente mostrados irrelevantes, sendo que o
crucial estava implícito e praticamente não foi contestado. De fato, o
encaminhamento do projeto e as discussões posteriores identificavam
(corretamente) como a mais séria lacuna no sistema financeiro brasileiro a
inexistência de uma oferta de recursos de longo prazo nos volumes e condições
requeridos pelas empresas. A solução proposta estaria pelo lado da ativação
das bolsas de valores através de sua efetiva regulamentação e organização, e
pela recuperação do mercado de debêntures.
Teoricamente
a solução era correta. O crédito de curto prazo para capital de giro seria
suprido pelos bancos comerciais, o crédito de médio prazo por uma nova
instituição criada no projeto, os bancos de investimento, mas o fundamental e
essencial deveria ser através da oferta pública de ações, como fonte permanente
e estável de recursos de longo prazo. Paralelamente, o mercado de debêntures
deveria ser reativado como forma de captação de crédito de longo prazo.
Toda
a discussão do projeto centrou-se então na forma de abrir o mercado de ações às
empresas privadas, que se reduzia a um pequeno volume de transações de algumas
bluechips. Essa orientação era sem dúvida do ministro da
Fazenda, Otávio Gouveia de Bulhões, por suas conhecidas posições de defesa
ardorosa do capital não-exigível como fonte principal de financiamento
empresarial, e de crítica violenta ao sobre-endividamento em relação ao setor
financeiro.
O
ponto em discussão mais importante era o papel dos corretores que constituíam
as bolsas de valores. A crítica principal era de que o sistema cartorial dos
corretores - designados pelo presidente da República e hereditários - havia
tirado toda a racionalidade econômica da atividade e tornado os corretores
meros rentistas: "Em vez de corretores de Bolsa, temos no Brasil uma Bolsa
de Corretores", indica o parecer da Comissão de Economia da Câmara dos
Deputados ao projeto. Ademais, os corretores de bolsa, pela legislação
vigente, tinham necessariamente que intervir nas operações de câmbio, recebendo
uma comissão, dispositivo remanescente do século XIX. A reação dos corretores
foi violenta e outros substitutivos ao projeto expressavam as posições em
conflito. A Comissão de Justiça propunha a manutenção dos privilégios, a de
Economia suprimia e a de Finanças buscava uma fórmula conciliatória.
Além
disso, o projeto reformulava profundamente a constituição e funcionamento das
bolsas de valores, alterava a forma de negociação de ações de empresas,
incentivava a abertura do capital, regulamentava os fundos de condomínio. Em
resumo, o projeto e a lei posteriormente aprovada eram basicamente alterações
no sentido de permitir às empresas captarem recursos não exigíveis.
Complementarmente,
o projeto e a lei criavam mecanismos de estímulo à emissão de debêntures pelas
empresas. Por um lado, a debênture, como título de longo prazo, permitiria
uma maior estabilidade dos recursos das empresas, aliviando-as da necessidade
de permanente negociação junto ao sistema bancário. Por outro lado, o mercado
de debêntures, por ser um título primário negociado diretamente junto ao
público, serviria como estabilizador da taxa de juro, pois teria o efeito de
arbitragem entre o mercado primário de títulos e o mercado de títulos indiretos
das instituições financeiras. Aparecia no projeto e na lei, e não foi objeto
praticamente de debates e divergências, a regulamentação genérica das
sociedades de crédito, financiamento e investimento (financeiras) e a criação
dos bancos de investimento, para suprir recursos de médio prazo às empresas e
consumidores. Subsidiariamente, e na linha do ponto principal da lei, os
bancos de investimento poderiam realizar operações de underwriting e
gerir fundos de investimento.
Quando
se tem em conta que, apesar de toda a regulamentação e discussões, o mercado
de emissões de ações transacionado através das bolsas de valores continuou no
seu secular marasmo - com exceção de curtos períodos de violenta especulação -
e que o mercado de debêntures jamais conseguiu ter existência aparentemente
entre 1965 e 1968 apenas uma empresa realizou emissão - não há como não
concluir que a Lei nº 4.728 atacou os problemas errados.
As
instituições que efetivamente floresceram a partir da lei foram as
instituições de crédito de médio prazo - bancos de investimento e financeiras
- e o subsistema financeiro de habitação no crédito de longo prazo. Isto nos
permite concluir que o endividamento das empresas brasileiras não era tão
elevado como se fazia supor nas discussões da lei. O que o complexo industrial
e comercial necessitava era de novas fontes de recursos independentemente de
prazo, mas desligadas do setor bancário tradicional sob permanente e estrito
controle das autoridades monetárias.
A
este respeito é importante notar uma discussão subjacente que se travava desde
os projetos da Lei de Reforma do Sistema Bancário. As opções que se tinham
para reformular as fontes de crédito ao setor privado eram duas. Ou se
permitia aos bancos comerciais que criassem carteiras de crédito especializado
para as diversas linhas (crédito ao consumo, hipotecário, capital de giro etc.)
e emitissem diversos instrumentos de captação, ao estilo do banco múltiplo
francês, ou então criavam-se instituições especializadas, cada uma delas
emitindo um ou dois tipos de passivos financeiros e estendendo crédito a um
determinado setor ou finalidade. A opção pela segunda alternativa deveu-se ao
temor de que, se deixado a cargo do sistema bancário, comodamente operando
suas carteiras de desconto e empréstimos de curto prazo, as novas operações
mais complexas seriam abortadas em favor das operações mais simples e
tradicionais. A criação de instituições independentes, por outro lado,
estimulariam os próprios bancos comerciais a criarem suas instituições, na
competição pelas diversas fatias do mercado de crédito.
Assim
a Lei nº. 4.728 e seus desdobramentos criaram uma série de instituições de
crédito especializado que cobriram grande parte das necessidades de recursos
do setor privado. No entanto, sob o ponto de vista de tornar as fontes de
recursos das empresas independentes da inflação, os resultados parecem ter
sido mais modestos. De fato, por um lado, a não formação de um mercado de
recursos de longo prazo, seja sob a forma de ações, seja de debêntures, não
deixou outra alternativa ao setor comercial-industrial do que a de continuar
financiando sua expansão através do movimento relativo de preços, uma vez declinada
a inflação a suas taxas históricas. Por outro lado, a persistência da
inflação, mesmo depois das drásticas políticas de 1964 e 1966, nos faz concluir
que o setor produtivo brasileiro não conseguiu efetivamente se desvencilhar
da inflação como mecanismo oculto de capitalização e expansão.
Fundos de repasse
Resta
mencionar um aspecto que não aparece explicitamente nas leis reguladoras das
reformas, mas que se constituiu em importante mecanismo de crédito ao setor privado
depois de 1964 e 1965. Trata-se da instituição do sistema de repasses de
fundos públicos ao setor privado através do sistema financeiro. Este mecanismo
resultou de uma reversão da tendência, presente desde os meados da década de
1950 até 1964, de uma crescente participação do setor público no gasto e no
crédito direto ao setor privado. A crítica a essa tendência, afora as usuais
queixas da "invasão" do setor público em áreas do setor privado, era
de que a alocação direta de crédito pelo setor público impedia o funcionamento
do sistema de preço na alocação de recursos.
Assim
retomava-se a racionalidade microeconômica, se se deixasse que o sistema financeiro
privado alocasse os recursos, assumindo os riscos dos mesmos. Criaram-se então
diversos fundos nas principais instituições financeiras públicas - Banco do
Brasil, Banco Central, BNDE e Banco Nacional de Habitação -, que teriam como
agentes financeiros a rede privada. Esta analisaria a operação localmente e
estenderia o crédito nas condições subsidiadas determinadas pelo banco público,
recebendo uma comissão pelo risco assumido.
A
inexistência de uma matriz de fonte e usos de recursos financeiros para a
economia brasileira não nos permite quantificar os volumes repassados pelos
fundos, exceção feita para aqueles que têm contabilidade própria, como é o caso
da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) do BNDE. Mesmo
assim, duas conclusões podem ser tiradas. Em primeiro lugar, é extremamente
duvidoso que os critérios de racionalidade microeconômica na gerência de fundos
públicos, isto é, captados compulsoriamente de toda a economia, possam ser
compatibilizados com os critérios de retorno social que o uso destes recursos
exige. Em segundo lugar, ao reduzir os subsídios e créditos diretos alocados
a diversos setores, o Tesouro deixou de ter déficits vultosos como antes de
1964. É de se perguntar, no entanto, qual o volume real do subsídio implícito
no sistema de repasses de crédito subsidiado, que, da mesma forma que os
défícits anteriores, são financiados pela expansão primária de moeda. Só que
agora, em vez de transitar pelo orçamento fiscal, onde poderiam ser facilmente
identificados, transitam pelo orçamento monetário, onde é impossível sua
correta avaliação.
Em
outras palavras, se se computarem os serviços da dívida pública interna e os
subsídios creditícios dos repasses, é bem provável que a eliminação do déficit
fiscal tenha sido só aparente, pois teria surgido um déficit monetário em seu
lugar, financiado igualmente pela expansão dos meios de pagamento.
Em
resumo, podemos dizer que as reformas do sistema financeiro realizadas em 1964
e 1965 tiveram as seguintes características gerais: 1) a reforma bancária não
resolveu a questão central da descoordenação da expansão primária dos meios de
pagamento; 2) a introdução da correção monetária visou basicamente a elevação e
liberação da taxa de juro; 3) a reforma do mercado de capitais atacou questões
falsas mas teve completo êxito naquilo que considerou secundário e 4) o sistema
de repasses de fundos públicos a juros subsidiados falseia a efetiva compressão
do déficit fiscal e deixa a alocação dos recursos em mãos de duvidosos
critérios de rentabilidade privada.
Antônio Cláudio Sochaczewski
colaboração especial
FONTES: CÂM. DEP.
Anais; COMIS. ECON. AMÉRICA LATINA. Intermediación; DAIN, S. Mudanças; GAMBOA, R. Desenvolvimento; MIN. PLAN. COORD. GERAL. Mano; SOCHACZEWSKI, A. Financial.
O sistema financeiro brasileiro de 1965 a 2000
Introdução
Qualquer análise do desempenho do setor financeiro
brasileiro após a introdução das reformas de 1964-1965 terá forçosamente que
realçar o papel do setor financeiro durante o período de aceleração da inflação
que sucedeu o período do “milagre brasileiro” e durou até o plano real. Durante
esse período, o ideal expresso pelas reformas foi gradual e grandemente
alterado, tendo sido a principal função do setor financeiro no período a de
permitir que o sistema produtivo não se desorganizasse frente à megainflação.
A
experiência inflacionária da economia brasileira desde o início dos anos 1980 é
bastante idiossincrática. Talvez o mais importante elemento distintivo de nossa
experiência megainflacionária tenha sido precisamente o papel do sistema
financeiro na provisão de ativos financeiros domésticos protegidos (total ou
parcialmente) da corrosão inflacionária, e, por conseguinte, aceitos pelos
detentores de riqueza como substitutos da moeda. Essa “adaptação evolutiva” ao
ambiente megainflacionário gerou um sistema financeiro bastante deformado nas
suas funções básicas de intermediação das poupanças financeiras para o
financiamento do investimento produtivo, do capital de giro das empresas, dos
gastos de consumo das famílias, etc. Os níveis de crédito da economia
brasileira eram extremamente reduzidos até o plano real, e permanecem bastante
aquém daqueles observados em economias comparáveis à brasileira. Há no sistema
financeiro brasileiro uma falta notável, a de um sistema de financiamento ao
investimento de longo prazo. Os mercados bursáteis não conseguiram crescer na
dimensão desejada pelas reformas, e não há, exceto pela ação governamental via
BNDES, um mercado de financiamentos de longo prazo para o investimento das
empresas.
Após
esta introdução, a estrutura da exposição é a seguinte. Na segunda seção, serão
analisados a estrutura e o desempenho do setor financeiro durante o período
megainflacionário. A terceira seção proverá a discussão macroeconômica
necessária para se entender a evolução do setor financeiro no período.
Finalmente, a quarta seção analisará o desempenho e as modificações do setor
financeiro desde a estabilização inflacionária obtida pelo Plano Real.
Estrutura
e desempenho do setor financeiro durante o período megainflacionário
A
idéia original de um sistema financeiro composto de instituições financeiras
especializadas em determinados mercados (bancos comerciais, bancos de
investimento, instituições voltadas ao financiamento habitacional, instituições
voltadas ao financiamento de bens de consumo) foi progressivamente sendo abandonada
em prol da universalização dos bancos de maior porte, os quais incorporaram
também outros mercados afins, como o de seguros, previdência privada e outros.
Ainda que tal fenômeno tenha ocorrido também em outros países, sua manifestação
no Brasil esteve fundamentalmente condicionada pelo processo megainflacionário,
no qual a economia ingressou ao final da década de 1970.
O
aumento da inflação é geralmente acompanhado por um processo de fuga da moeda,
cujo poder aquisitivo é corroído pela crescente inflação. No Brasil, contudo,
montou-se uma forma alternativa de os maiores poupadores manterem seus recursos
financeiros em moeda nacional sem sofrer a enorme corrosão geralmente associada
às grandes inflações. Tal alternativa, denominada substituto doméstico de moeda
ou moeda indexada, era provida conjuntamente pelo governo brasileiro, através
da dívida pública mobiliária, e pelo sistema financeiro. O governo emitia
dívida pública, geralmente (embora não necessariamente) com alguma cláusula de
indexação a um índice de preços, ao câmbio, ou a uma taxa de juros. As
instituições financeiras compravam tais títulos e os usavam como lastro das
aplicações de seus depositantes.
Esse
processo permitiu vários desenvolvimentos, dentre os quais destacam-se os
seguintes:
·
financiamento
do déficit público através da emissão de dívida pública, processo que
inicialmente era julgado não inflacionário;
·
a
permanência da moeda nacional como meio de troca, com a conseqüente minoração
da fuga de capitais, mesmo em períodos de inflação muito elevada;
·
a
obtenção de elevados lucros pelo sistema financeiro nesta atividade de
intermediar recursos para a dívida pública.
Dado
que a crescente inflação dificultava sobremaneira as atividades normais de
concessão de crédito às famílias e às empresas, sobretudo o crédito de longo
prazo, os bancos brasileiros foram se especializando cada vez mais nessa
atividade de financiamento do setor público, via a aquisição da dívida pública.
Pode-se
dizer que houve uma hipertrofia do sistema financeiro nacional, embora várias
das funções realmente importantes do ponto de vista econômico - tais como a de
intermediar poupanças financeiras para o financiamento do investimento
produtivo, do capital de giro das empresas, dos gastos de consumo das famílias,
e de outros gastos do setor privado - tenham se atrofiado.
A
hipertrofia se deu porque a principal fonte de lucro residia em captar o maior
volume de recursos financeiros possível para rapidamente aplicá-los em títulos
públicos. Sob alta inflação, depósitos à vista são particularmente lucrativos,
posto que o ganho é dado pela taxa nominal de juros, que varia diretamente com
a inflação. Para poder melhor se aproveitar dessas enormes taxas de juros, os
principais grandes bancos brasileiros desenvolveram sistemas informatizados que
permitiam transferir rapidamente fundos das mais distantes praças do país para
a aplicação no mesmo dia, auferindo significativos lucros.
Por
outro lado, as funções clássicas de emprestadores ao setor privado
atrofiaram-se sensivelmente. Uma agência típica de um grande banco brasileiro
no período megainflacionário dispunha, para o contato com seus clientes, de
diversos caixas e de funcionários encarregados de captar recursos, mas
dificilmente de um funcionário especializado nos programas de empréstimo da
instituição. Não havia qualquer ênfase em emprestar recursos aos clientes, uma
vez que uma grande rentabilidade garantida era obtida com a intermediação da
dívida pública. Assim, quando finalmente o regime de inflação alta chegou ao fim
com o Plano Real, o setor financeiro viu-se incapacitado para o exercício
eficiente de suas funções de provedor de crédito ao setor privado.
O
setor financeiro pós-Real
Com
a estabilização inflacionária, ocorreu uma explosão de crédito, alimentada por
um vigoroso fluxo de capitais estrangeiros, que voltaram a fluir para o Brasil
na década de 1990. Embora a expansão controlada do volume de crédito na
economia fosse e continue sendo um objetivo de longo prazo, o aumento abrupto e
intenso do volume de crédito no início do Real contrapôs-se ao à estabilidade
inflacionária. Para conter tal boom de crédito todas as armas foram
usadas: juros altos, depósitos compulsórios estratosféricos (inclusive um
inédito compulsório sobre empréstimos), restrições à entrada de capitais
externos, além de outras restrições.
A relativamente pequena importância do crédito em nossa
economia evitou que nosso sistema financeiro sofresse crises tão intensas
quanto outras crises financeiras em países estrangeiros. A crise brasileira ocorreu
logo no início do Plano Real e ensejou o Programa de Estímulo à Reestruturação
e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) e o PROES, dois
programas destinados proteger o sistema financeiro e os depositantes dos
efeitos deletérios que a falência dos bancos poderia causar.
A
sucessão de crises internacionais a partir do segundo semestre de 1997, e que
culminou com a desvalorização cambial brasileira em janeiro de 1999, encontrou
um sistema financeiro suficientemente forte para não sofrer uma crise sistêmica
(falências de bancos em seqüência). Sem embargo, o número de bancos diminuiu
significativamente, aumentando bastante o grau de concentração do sistema
financeiro.
Os desafios para o novo
milênio
Vários
são os desafios para o sistema financeiro brasileiro para o novo milênio.
Dentre esses, destacam-se os seguintes:
·
prover
crédito a taxas de juros compatíveis com os investimentos produtivos;
·
estabelecer
um sistema de crédito de longo prazo para o investimento;
·
estabelecer
um sistema de crédito imobiliário que alcance um número significativo de
famílias;
·
criar
condições para um mercado acionário forte, que possibilite também às pequenas e
médias empresas o acesso ao capital de risco;
·
criar
um sistema regulatório baseado em regulações prudenciais que promovam a
transparência das instituições financeiras e previnam riscos demasiados que
possam por em xeque a saúde financeira das instituições e do sistema financeiro
como um todo.
A
seguir, apresentamos como apêndice a este verbete, uma sinopse dos sites da Internet relacionados ao sistema financeiro nacional,
onde poderão ser realizadas pesquisas sobre o tema, organizada em seis seções,
abaixo discriminadas:
1) Órgãos
governamentais
Banco
Central do Brasil - www.bcb.gov.br
Apresenta
informações econômicas como análise do mercado de câmbio, programção monetária,
resenha econômica, reservas internacionais, finanças de Estados e Municípios,
relatório sobre inflação, regimes especiais, programação das reuniões do COPOM
etc
Ministério
da Fazenda - www.fazenda.gov.br
Informa sobre o Tesouro
Nacional e contém boletim de acompanhamento macroeconômico. Apresentação do
programa de ajuste fiscal, reforma tributária e acordo com o FMI, além das
notas e publicações oficiais do Ministério.
CVM
- Comissão de Valores Mobiliários - www.cvm.gov.br
Possui estudos e
publicações da própria CVM. Informações sobre mercado de evolução recente e
dados comparativos sobre o mercado de ações de alguns países.
BNDES
- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - www.bndes.gov.br
Apresenta uma seção de
publicações na área macroeconômica, informes sobre setores específicos da
economia brasileira, publicação em finanças públicas. Lista o modo de atuação
do banco no mercado e suas limitações. Comporta ainda variada gama de dados
sobre as privatizações em andamento e os resultados das já efetuadas.
Banco
do Brasil - www.bb.com.br
Contém seção com índices e
cotações diretamente do mercado, além das diversas taxas de câmbio e legislação
do sistema financeiro e comércio exterior.
SUSEP
- Superintendência de Seguros Privados - www.susep.gov.br
Atua como órgão do
Ministério da Fazenda responsável pelo controle e fiscalização do mercado de
seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro.
SEADE
- Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - www.seade.gov.br
Possui
acervo de informações sócio-econômicas sobre o estado de São Paulo, como também
um centro de produção, tratamento, análise e disseminação dessas informações.
Contém seção específica sobre o sistema financeiro.
COSIF
ELETRÔNICO - www.cosif.com.br
É
uma versão do COSIF, Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro
Nacional, editado pelo BACEN, com informações sobre a legislação, normativos
financeiros e jurídicos.
Banco
Federativo - www.federativo.bndes.gov.br
É
um banco de dados sobre federalismo fiscal, mantido pelo BNDES.
2)
Institutos de pesquisa
IPEA
DATA - Banco de Dados On-line do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - www.ipeadata.gov.br
Constitui um site
de procura de informações e dados macroecômicos que remontam à década de 1970 e
informações sobre mercados de valores. Link para os principais centros
de pesquisa de dados econômicos.
IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística- www.ibge.gov.br
Apresenta os índices
levantados pelo Instituto, como PIB, INPC, PME, IPC; informações e dados sobre
os diversos setores da economia; contas nacionais e regionais.
CEPS - Centro de Estudos e
Pesquisas em Seguros http://www.coppead.ufrj.br/ceps/
Compreende
a página de um dos centros de estudos da COPPEAD, coordenado pelo professor
Ricardo Leal.
Laboratório
de Finanças - http://www.labfin.com.br
O Laboratório de Finanças
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP é um centro
institucional voltado para as ciências financeiras, promovendo pesquisas e
exploração de aplicações e técnicas de finanças contemporâneas no Brasil.
FGV- Fundação Getúlio
Vargas- www.fgv.br
Há, neste site,
cotações e os variados índices levantados pela fundação, além de orientação
para como se deve proceder e a legislação cabível em certas situações da
empresa. Apresenta ainda informações sobre o IRPF e o mais recente noticiário
econômico.
3) Bolsas
de Valores
BM&F - Bolsa de
Mecadorias e Futuros - www.bmf.com.br
Apresenta informações
gerais do pregão, como cotações momentâneas no mercado de ações, oscilação
máxima, arquivos com histórico das operações na BMF, contratos financeiros e
eletrônicos disponíveis no mercado futuro.
Bovespa
-
Bolsa de Valores de São Paulo - www.bovespa.com.br
Informa sobre o mercado de
valores (mercado de opções e posições em aberto), informações sobre
investimento estrangeiros no país, publicações sobre a economia brasileira e
relatórios sobre a própria bolsa, além de informações sobre o mercado global de
ações.
BVRJ – Bolsa de Valores do
Rio de Janeiro – www.bvrj.com.br
Apresenta boletim com as
principais cotações, informações sobre leilões de títulos e privatizações
CNBV – Comissão Nacional
de Bolsa de Valores – www.cnbv.com.br
Apresenta
a cotação do IBA (Índice Brasileiro das Ações), oferece um informativo para download
e links para as bolsas associadas.
BOVMESB - Bolsa de Valores
Minas-Espírito Santo-Brasília
www.bhnet.com.br/~bovmesb
Atua em Minas, no Espírito
Santo e nos estados do Centro-Oeste e apresenta links para as demais
bolsas de valores do país. Há, também, uma central de atendimento para elucidar
questões referentes à bolsa.
BVES - Bolsa de Valores
do Extremo Sul
www.bves.com.br
Contém informações sobre
fundos de investimento, os valores das S.A.s , apresentações de eventos e
leilões, além de uma resenha semanal
BVBSA - Bolsa de Valores
Bahia-Sergipe-Alagoas
www.bvbsa.com.br
Informa sobre mercados à
vista, forma de negociação na bolsa, pregão e sistemas SENN e MEGABOLSA, além
de links para bolsas brasileiras e estrangeiras.
BVRG - Bolsa de Valores
Regional (CE-RN-PI-MA-PA-AM)
www.bolsa-bvrg.com.br
Compreende a união das
bolsas dos Estados relacionados e apresenta o funcionamento e o pregão de cada
uma delas. Possui links para outras bolsas, faculdades e jornais que
tratam da questão do sistema financeiro.
BVPR - Bolsa de Valores
do Paraná
www.bvpr.com.br
Apresenta
um boletim diário de suas operações e diversos artigos sobre sistema financeiro
4) Associações de classe
ANDIMA
- Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto - www.andima.com.br
Dispõe resenhas sobre o
mercado de ações com informações diárias e análise da situação macroeconômica.
Apresenta índices de preços (IGP-M, IGP-10, IGP-DI), dados da Ibovespa e
mercados futuros. E ainda, contém os dados econômicos, legislação e pareceres
jurídicos sobre o mercado de valores mobiliários
ANBID
- Associação Nacional dos Bancos de Investimento – www.anbid.com.br
Expõe
dados sobre instituições financeiras, o mercado de capitais e informações sobre
títulos e valores mobiliários etc.
ABBI
- Associação Brasileira de Bancos Internacionais - www.abbi.com.br
Apresenta
os serviços da Associação, artigos de interesse e links para os bancos
associados.
ABRAPP
- Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada - www.abrapp.org.br
Esquematiza
dados nacionais e internacionais sobre Previdência Privada. Legislação
previdenciária e publicações de interesse.
ABBC - Associação
Brasileira de Bancos Comerciais e Múltiplos www.abbc.org.br
Apresenta
publicações sobre temas relevantes segundo a ótica bancária, tais como questões
monetárias e a regulação do setor.
ABRASCA - Associação
Brasileira das Companhias Abertas - www.abrasca.org.br
Desenvolve
atividades voltadas para a pesquisa, o estudo, a divulgação e o debate de temas
que interessam diretamente ao setor. O site contém as últimas notícias
de interesse à área, as expectativas macroeconômicas da Associação e a lista
das empresas filiadas.
ABAMEC - Associação
Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais www.abamec.com.br
Congrega analistas do
mercado de capitais e relacionados a este, promovendo atividades socioculturais
que objetivam a integração, formação e especialização de seus associados.
FEBRABAN
- Federação Brasileira das Associações de Bancos www.febraban.com.br
IBRI -
Instituto Brasileiro de Relações com Investidores www.ibri.org.br
Resume-se
às relações com investidores, que compreende finanças, marketing e
comunicação entre a empresa e os acionistas, analistas de mercado, investidores
institucionais e outros participantes do mercado e da comunidade financeira
brasileira e internacional.
ANCOR –
Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias - www.ancor.com.br
Expõe o histórico da
Associação, sua estrutura e contém links para todas as corretoras
associadas. Ainda apresenta os cursos que oferece.
ACREFI
- Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
– www.acrefi.com.br
É
um portal em construção que oferecerá dados dos indicadores financeiros, press
releases, sistema para tirar dúvidas dos usuários a respeito do tema e
cursos e seminários da Associação.
ASBACE
- Associação Brasileira de Bancos Estaduais e Regionais
- www.asbace.com.br
Contém
o histórico da associação e lista de seus associados.
CETIP -
Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos – www.cetip.com.br
Dispõe
de séries históricas referentes ao volume, estoque e taxas de DI, CDB, entre
outros ativos. Apresenta informativo diário sobre o mercado financeiro e links
para todos os participantes e várias outras instituições de mercado.
ABECIP - Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança - www.abecip.org.br
Divulga a relação dos
associados e apresenta as atividades da associação e dados estatísticos sobre
caderneta de poupança e índices do setor imobiliário (UPC - Unidade Padrão de
Capital, UPF - Unidade Padrão de Financiamento, Índices de reajuste de
prestações - PES/CP - últimos 12 meses).
Sistema Nacional de
Debêntures - www.debentures.com.br
É um site elaborado
pela ANDIMA e pela CETIP com os dados de debêntures (emissões, estoque,
conversão etc.) e do mercado secundário. Publica um boletim técnico por
quadrimestre.
BIS –
Banking for International Settlements – www.bis.org
Apresenta serviços
financeiros voltados para o gerenciamento de reservas externas pelos bancos
centrais. Coloca, também, à disposição publicações e dados de bancos centrais
de diversos países e pesquisas em finanças internacionais.
Banks of the World - IFBG Göttingen
http://www.wiso.gwdg.de/ifbg/bank_2.html
Contém
links com o Banco Mundial e instituições financeiras do Canadá, Estados
Unidos, Europa, América do Sul e África do Sul e Offshore Banking.
GARP
- Global Association Of Risk Professionals - http://www.garp.com
Compreende
o site da Associação de Profissionais da Área de Risco com Informação e Fórum
de Debates. Registro Online (sem taxas).
5) Instituições financeiras
Bradesco
– www.bradesco.com.br
Apresenta a posição do
banco no mercado financeiro nacional, as cotações dos principais índices do
mercado financeiro (Dólar, IGP-M, Bolsas, Ouro etc.) e as últimas notícias
econômicas, políticas, entre outras.
Banco
Itau S.A. - www.itau.com.br
Apresenta
a posição da instituição no mercado financeiro nacional, destacando os
principais indicadores do banco, opiniões do mercado e conferências com
analistas (disponíveis em Real Player). Links para sites de
interesse sobre o sistema financeiro.
Unibanco
- www.unibanco.com.br
Dispõe
os serviços do banco e as últimas notícias do mercado.
ABN
AMRO - www.real.com.br
Oferece
os serviços do banco e a posição de seus fundos no mercado financeiro nacional.
Icatu
- www.icatu.com.br
Expõe
a posição de seus fundos no mercado financeiro nacional e Research reports
da economia brasileira e da estratégia da instituição, que estão disponíveis
para download.
Opportunity
- www.opportunity.com.br
Apresenta
a performance de seus fundos no mercado financeiro nacional, dispõe de
informativos econômicos mensais e comentários de analistas sobre a economia
brasileira.
Pactual
- www.pactual.com.br
Apresenta
as cotas de seus fundos no mercado e links de interesse.
Didier
Levy
- Corretora de Câmbio - www.didierlevy.com.br
Oferece os serviços da
Corretora e as cotações de diversas moedas e do dólar futuro.
6) Outras empresas relacionadas ao Sistema
Financeiro
Risk
Management - www.risk.com.br
Dispõe
sistemas e treinamento em gestão de risco financeiro para bancos, instituições
financeiras e grandes empresas.
Macrométrica
– www.macrometrica.com.br
Apresenta
a empresa de consultoria especializada na análise de dados macroeconômicos e do
mercado financeiro, e na análise econômico-financeira de empresas. Possui
extenso banco de dados, com mais de 4000 séries históricas, de indicadores
macroeconômicos e financeiros. Ainda conta com um boletim mensal voltado à
análise conjuntural e a projeções econômicas. Exige assinatura.
Algorithmics –
www.algorithmics.com.br
Apresenta o serviço de software
para análise de risco, desenvolvido pela empresa.
(RiskWatch,
HistoRisk, SIR, e-RISK RTM e e-RISK BOVESPA).
SERASA
– www.serasa.com.br
É
uma empresa de análises e informações econômico-financeiras e cadastrais para
apoiar decisões de crédito e de negócios. O Banco de Dados da SERASA é o maior
da América Latina, dispondo de registros de todas as empresas legalmente
constituídas no Brasil.
Enfoque
Gráfico Sistemas - www.enfoque.com.br
Oferece
as cotações de mais de 100 ativos e mercadorias do mercado financeiro
(nacionais e internacionais), alguns deles com mais de dez anos de histórico.
O sistema faz o desconto automático da inflação.
Apligraf - aplicações e
gráficos -www.apligraf.com.br/
Informa sobre aplicativos
e apresentação de gráficos do mercado financeiro no momento e em retrospecto.
Atlantic
Rating - www.atlanticrating.com
Monitora
atualmente mais de 200 bancos estabelecidos no Brasil, classificando o risco
destas instituições por rating ou score.
AGRIF-
Informação de valor- www.agrif.com.br
Contém
informações sobre fundos (valores de patrimônio, líquido, quotas e
rentabilidade), artigos relacionados a mercado financeiro e ranking dos
fundos de melhor desempenho.
Panorama
Brasil - www.panoramabrasil.com.br
É
um site informativo, oferecendo as últimas notícias econômicas do
Brasil. Contém seção específica de finanças.
Finanças
Online – www.bankrisk.com.br
Dispõe
a legislação sobre mercado financeiro catalogada e comentada e ainda artigos,
trabalhos acadêmicos sobre mercado financeiro e análise de risco de crédito.
EconoFinance.com.br -
http://www.econofinance.com.br/index_port.html
Compreende
um centro de economia e finanças. Possui links e serviços gratuitos,
tais como conversor de moedas, cotações em tempo real dos principais mercados
mundiais, cotação em tempo real da Bovespa, conversor de horário mundial etc.
Bank
Risk - www.bankrisk.com.br
Voltado
para profissionais que atuam em tesouraria, finanças e gerenciamento de risco,
tanto em instituições financeiras como em corporações de outra natureza.
NYSE
Investimentos - www.nyse.com.br
É
um site financeiro voltado para o investidor individual. Apresenta relatórios
de mercado, análises setoriais, cotações e um fórum dedicado ao debate livre
entre os investidores. Internet Broker
Planeta
22
- www.planeta22.com.br
Contém
informações sobre o soft BDS - Banco de Dados de Séries Históricas.
Planeta
Dinheiro - www.uol.com.br/economia/pladin/index.htm
Expõe
informações sobre indicadores financeiros e suas séries históricas.
Prandini,
Rabbat & Associates - www.prandini-rabbat.com.br/
É
uma empresa especializada em soluções para Risk-management, precificação
e hedging de derivativos, asset allocation e risco de crédito.
Capital
Market Risk Advisors - www.cmra.com
É
o site de uma empresa de consultoria de risco de mercado com diversas
informações, papers e links interessantes.
Contingency
Analysis - www.contingencyanalysis.com/
Contém
informações úteis sobre risco de mercado e diversos papers para download.
Reuters
Risk Management - www.risk.reuters.com
Oferece
serviços e casos de estudos e biblioteca sobre o assunto. Análise de risco por
variados instrumentos financeiros.
Risk
Magazine - www.riskpublications.com/
É
o site da revista Risk Magazine, uma das mais conceituadas em
risco.
Riskmetrics
Group - www.riskmetrics.com
É
o site oficial da metodologia do Riskmetrics para cálculo do Value at
Risk (VaR), contendo os manuais e informações úteis.
Value
At Risk Resources - www.gloriamundi.org
Compreende
um dos maiores sites sobre risco de mercado, contendo uma coleção de
textos sobre este tema para download, além de muita informação de
interesse.
Temas abordados: -
Introduction to VaR - Value at Risk Research - All About RiskMetrics - Value at
Risk Books - Ask About Value at Risk - VaR Regulatory Compliance - VaR
Consultant List - Upcoming VaR Conferences - Calculate VaR - etc.
Márcio
Garcia
colaboração
especial
FONTE:
CÂM. DEP. Anais; CARNEIRO, D. Fortalecimiento; COMIS. ECON. AMÉRICA
LATINA. Intermediación; DAIN, S. Mudanças; GAMBOA, R. Desenvolvimento;
MIN. PLAN. COORD. GERAL. Mano; SOCHACZEWSKI, A. Financial.