UNIÃO
REPUBLICANA MARANHENSE
Partido político maranhense fundado provavelmente em 1933
para concorrer à Assembléia Nacional Constituinte. Era presidido por Genésio
Euvaldo de Morais Rego, e fazia oposição ao Partido Social Democrático (PSD) do
Maranhão, chefiado pelo interventor Antônio Martins de Almeida. Foi extinta
junto com os demais partidos do país pelo Decreto nº 37, de 2 de dezembro de
1937, após a instalação do Estado Novo.
Para a Assembléia Constituinte de 1933, elegeu José Maria
Magalhães de Almeida, Francisco Costa Fernandes e Godofredo Mendes Viana.
Nas eleições estaduais de 14 de outubro de 1934, elegeu cinco
deputados estaduais e ao menos dois deputados federais — José Maria Magalhães
de Almeida e Godofredo Mendes Viana.
Com o objetivo de obter a maioria na Assembléia Constituinte
estadual de 1935, podendo assim eleger o governador do estado, a União
Republicana Maranhense (URM) uniu-se ao Partido Republicano (PR) do Maranhão,
constituindo as Oposições Coligadas do Maranhão. Segundo os representantes da
URM, o acordo entre os dois partidos previa os seguintes pontos: 1) o PR
indicaria como candidato ao governo Aquiles Lisboa, que seria apoiado pela URM
em troca da eleição de dois de seus membros para o Senado; 2) para presidente
da Assembléia seria eleito o deputado Salvador Barbosa, do PR, e 3) a
prefeitura da capital seria transformada num cargo eletivo, para o qual seria
eleito Francisco Costa Fernandes, da URM.
Este último item despertou controvérsias. Clodomir Cardoso
foi o principal agente da URM nessas negociações. Segundo representantes do PR,
a primeira tentativa de acordo previa a eleição para a prefeitura de Genésio de
Morais Rego, presidente da URM. O próprio presidente da URM declarou porém que
seu candidato ao posto era Francisco Costa Fernandes. Os representantes do PR
concordaram com esta decisão, condicionando-a contudo à aprovação de Aquiles
Lisboa, cuja autonomia de ação havia sido garantida pelas Oposições Coligadas.
Contando com a maioria na Assembléia, Aquiles Lisboa foi
eleito governador, derrotando o candidato do PSD, Tasso de Miranda. Para
senadores foram eleitos Clodomir Cardoso e Genésio de Morais Rego, da URM.
Ao assumir o governo, entretanto, Aquiles Lisboa nomeou para
a prefeitura da capital Manuel Vieira de Azevedo, do PR, indicando Costa
Fernandes para a Diretoria Geral de Saúde Pública. A URM, em carta datada de 6
de agosto de 1935 e assinada por Genésio de Morais Rego, Antônio José Pereira
Júnior, Antero S. de Matos, Alcides Pereira, Djalma Marques, Bernardo Caldas e
Antônio Pires da Fonseca, reclamou junto ao novo governador o cumprimento
do acordo na questão relativa à prefeitura de São Luís. Aquiles Lisboa respondeu
declarando que os chefes das Oposições Coligadas lhe haviam conferido o direito
de governar acima dos partidos, e que a solução dos problemas
administrativos, econômicos e financeiros do Maranhão era mais importante do
que as questões e conflitos partidários.
Diante dessa resposta, no dia 9 de outubro a URM rompeu
oficialmente sua aliança com o PR, e vários de seus membros, entre os quais
Romualdo Crepori Barroso Franco, procurador-geral do estado, Djalma Marques,
diretor de Saúde e Assistência, e Wilson Soares, diretor da Imprensa Oficial,
pediram demissão dos cargos que ocupavam no governo. A partir dessa crise
partidária, entrou também em crise a própria estabilidade do governo de Aquiles
Lisboa.
Após romper sua aliança com o PR, a URM passou a formar,
junto com os representantes do PSD, do Partido Socialista Brasileiro e da Liga
Eleitoral Católica, uma maioria oposicionista. O primeiro ato dessa maioria foi
depor o presidente da Assembléia, Salvador Barbosa, do PR, e substituí-lo pelo
vice-presidente Antônio Pires da Fonseca, da URM.
A partir dos meses de outubro-novembro a Assembléia passou a
não mais reconhecer a autoridade do governador, criando uma emenda
constitucional que o considerou deposto em janeiro de 1936. Antônio Pires da
Fonseca foi então demitido da presidência da Assembléia para assumir o governo
nos termos da Constituição estadual.
Aquiles Lisboa por seu lado cortou relações funcionais com a
Assembléia, impedindo a imprensa oficial de publicar seus atos, e apelou ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que fosse atestada a legitimidade de seu
mandato. O TSE atendeu ao governador, enquanto o Senado reconheceu a
legitimidade da emenda constitucional proposta pela Assembléia Estadual.
Como Aquiles Lisboa se recusasse a abandonar o governo, em
abril de 1936 a Assembléia aprovou um pedido de intervenção federal. Aquiles
Lisboa conseguiu um mandado de segurança em 20 de maio, mas logo depois a ação
do governo federal se impôs e em 14 de junho tomou posse o interventor major
Roberto Carneiro de Mendonça.
Em 18 de julho a Assembléia elegeu o novo governador do
estado, Paulo Martins de Sousa Ramos, indicado pelo presidente Getúlio Vargas.
Em 15 de agosto, o novo governador tomou posse e a Constituição estadual foi
revista.
Em
outubro, Paulo Ramos fez nomeações para as prefeituras municipais,
distribuindo-as do seguinte modo: 35 para o PSD, 13 para o PR e nove para a
URM.
Em 25 de maio de 1937, na convenção de lançamento da
candidatura oficial de José Américo de Almeida à presidência da República, a
URM esteve representada pelo Senador Genésio de Morais Rego.
FONTES: ASSEMB.
NAC. CONST. Anais; Diário de Notícias, Rio (23/4, 11/5 e 22/6/35, 23/10/36 e
26/5/37); Tarde (18/4/33).