VICE-REINADO DO NORTE
VICE-REINADO
DO NORTE
Denominação com a qual se tornou conhecida a Delegacia
Militar do Norte, instituída por decreto “reservado” de 12 de dezembro de 1930
com o objetivo de fazer valer nos estados do Norte e do Nordeste os princípios
da Revolução de 1930. Foi extinta em 22 de dezembro de 1931.
Vitoriosa a Revolução de 1930, o Norte e o Nordeste passaram
a ocupar um novo espaço no jogo político nacional. Tendo contribuído
efetivamente para a vitória militar do movimento revolucionário e permanecendo
um reduto do tenentismo, a região foi logo considerada uma aliada natural do
Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas.
Entretanto,
o trabalho de consolidação dos “princípios revolucionários” ainda estava por
ser feito. Para melhor articular sua ação com a dos interventores federais nos
estados da área, ainda no final de 1930 Vargas decidiu instituir a Delegacia
Militar do Norte, nomeando Juarez Távora “delegado militar do Governo
Provisório e seu representante nos estados do Norte”. O que era chamado de
Norte compreendia na verdade as regiões Norte e Nordeste, desde o Amazonas até
a Bahia.
Líder
incontestável em todo o Nordeste, Juarez Távora se encarregaria de colocar o
chefe do governo a par dos problemas e necessidades locais, percorrendo
constantemente os diferentes estados em companhia do tenente Agildo Barata,
nomeado seu secretário e único auxiliar.
A criação da delegacia militar foi recebida pela imprensa
sulista como um reconhecimento do poder tenentista. O novo órgão foi logo
apelidado de “Vice-Reinado do Norte”, cabendo a Juarez Távora o título de
“vice-rei”.
No ano de 1931, dos 11 interventores ligados à delegacia,
apena dois — Carlos de Lima Cavalcanti, de Pernambuco, e Antenor Navarro, da
Paraíba — não eram militares. Esse fato fez com que pouco a pouco se acirrassem
os conflitos entre as interventorias e os políticos representantes das
oligarquias locais, que se sentiam alijados do poder.
Por outro lado, em fins de outubro de 1931, o Governo
Provisório promulgou o Decreto nº 20.348 instituindo os conselhos consultivos,
órgãos estaduais destinados a assessorar os interventores e os prefeitos e a
estabelecer normas uniformes para as administrações estaduais e municipais.
Segundo o próprio Juarez Távora, os conselhos tornaram dispensável sua
intermediação junto aos interventores, levando-o a pedir sua exoneração do
cargo de delegado militar.
Vargas aceitou os argumentos de Juarez, mas solicitou-lhe que
realizasse uma última viagem de inspeção. Mesmo extinto o “Vice-Reinado do
Norte”, Juarez realizou a viagem e em 20 de abril de 1932 apresentou um
relatório ao chefe do governo analisando os problemas econômicos, financeiros,
administrativos e políticos da região.
FONTES: BARATA, A.
Vida; PANDOLFI, D. Trajetória; TÁVORA, J. Vida.