VISÃO
Revista quinzenal fundada no Rio de Janeiro cujo primeiro
número data de 25 de julho de 1952. Em 1957 foi transferida para São Paulo,
onde permaneceu até seu fechamento no início da década de 1990.
Editada pela Editora Visão, pertencente ao grupo
norte-americano Vision Inc., também proprietário do título Vision, que
circulava na América Latina, e da Visión Europa, que circulava em alguns países
europeus, além de outros títulos de menor expressão.
Quando foi lançada, Luís Jardim (redator responsável),
Edvaldo Monteiro de Castro (chefe de redação) e Nahum Sirotsky (chefe de
reportagem) integravam o corpo editorial da revista.
No primeiro número, afirmava que era seu propósito ser um
veículo isento para que o leitor tivesse a feição exata dos fatos. Visão
definia-se como uma revista de variedades, cujo objetivo era levar aos seus
leitores os acontecimentos de diversas áreas: arte, pedagogia, negócios,
religião, ciência, esportes, moda, literatura etc.
Na década de 1970, Visão passou por importantes
transformações. Em 1972, Said Farah comprou o título Visão,
revendendo-o, dois anos depois, a Henry Maksoud, que montou uma gráfica
própria, passando a publicá-la semanalmente e em cores.
De
acordo com Isaac Jardarnovski, diretor de redação (1975-1990) e diretor-geral
do grupo Visão (1978-1990), “a compra de Visão por Henry Maksoud foi um
divisor de águas ideológico: antes de Maksoud, tendência para a esquerda,
liberdade para redatores e editores; na fase Maksoud tendência para o chamado
liberalismo, tendo em Hayek seu principal mentor intelectual, e orientação
centralizada da linha editorial, com marcante presença de temas
políticos-filosóficos [...]”.
A orientação liberal de Maksoud levou Visão a assumir
uma posição crítica em relação à orientação nacionalista e estatizante do
governo do general Ernesto Geisel (1974-1978). A partir de 1975, Visão
publicou uma série de reportagens contrárias à estatização da economia e
editoriais propondo que se repensasse o papel do Estado e da iniciativa privada
no Brasil.
Com
o intuito de combater a inflação, o presidente José Sarney anunciou, no dia 28
de fevereiro de 1986, um elenco de medidas econômicas heterodoxas, batizadas
com o nome de Plano Cruzado. As mais polêmicas eram as que estabeleciam o
congelamento de preços e salários. Imediatamente, Visão começou a
publicar reportagens e editoriais analisando e criticando essas medidas. Na
edição de 5 de março, Visão publicou a matéria “O impacto da reforma”,
na qual afirmava que nenhuma das medidas do plano atingia de fato o que
considerava como o “cerne da questão”: “o gigantismo da máquina governamental”.
No editorial da edição de 7 de maio, Maksoud criticou não
apenas a intervenção operada pelo plano na economia como também a sua forma
propriamente política de adoção, através de decreto-lei.
Na
época do lançamento do Plano Cruzado II, Henry Maksoud escreveu o editorial “As
críticas e os aplausos ao Cruzado”, publicado na edição do dia 3 de dezembro de
1986, em que o novo plano foi igualmente criticado por, a seu ver, seguir
“...desmantelando os resíduos do incipiente mercado brasileiro”, sem atacar o
que seria a “raiz da inflação”: a expansão monetária excessiva em relação ao
crescimento real da produção.
Em 1990, Visão foi vendida para o grupo DCI Shopping
News, cujo principal acionista era então Valdemar dos Santos, que tinha como
sócios o irmão Nélson dos Santos e Adel Naufal. Nos anos seguintes, o controle
sobre a revista passou para Hamílton Lucas de Oliveira. Em virtude de problemas
financeiros, Visão deixou de ser publicada em 1993.
Durante seus 44 anos de existência, Visão contou com a
colaboração de Antônio Calado, Bernardo Saião, Carlos Brickman, Cecília Prada,
Hideo Onaga, Míriam Paglia Costa, Nahum Sirotsky, Quartim de Morais, Washington
Novais, Vladimir Herzog, Zuenir Ventura entre outros.
Vladimir
Lombardo Jorge
FONTES: INF. ISAAC
JARDANOVSKI; Visão (25/7/52, 8/11/76, 9/5/77, 5/3, 7/5 e 3/12/86).