Entrevista: 5/12/2003
Fita 1-A: origens familiares; recordações do envolvimento da mãe com o candomblé; a infância na casa dos avós paternos; lembranças do início da formação escolar; a transferência para um quarto alugado, na Tijuca, com a mãe e as irmãs, aos 12 anos; a formação católica da família paterna e o envolvimento com escolas de samba; o contato com o kardecismo e a umbanda, a partir dos 12 anos, em função da amizade de uma família espírita; a entrada recente no candomblé; programas de juventude na Tijuca: grupo jovem de igreja e cinema; as escolas secundárias freqüentadas pela entrevistada; a relação com a família espírita que ajudou a mãe da entrevistada e suas filhas a terem trabalho e estudo; os primeiros trabalhos da entrevistada, a partir dos 14 anos: em fábrica de materiais religiosos, em imobiliária e em escritório de advocacia; a preparação para o vestibular, em 1979.
Fita 1-B: a opção pelo vestibular para serviço social; características da familia espírita que apoiava a entrevistada; recordações sobre o convívio predominante com negros durante a infância e as instruções da avó para se enfrentar o racismo; a discriminação racial na escola, na Tijuca; o ingresso no movimento negro, em 1981: influências da mãe, do grupo de jovens que freqüentava escolas de samba e bailes soul, e o contato com o grupo Acorda Crioulo, da Cidade de Deus; estágios durante o curso universitário de serviço social, primeiro na Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, e depois na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); a filiação ao Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), em 1984.
Fita 2-A: o papel do IPCN na formação da identidade racial da entrevistada; os dilemas da profissão do serviço social; comparação entre as possibilidades de afirmação da identidade racial nos anos 1980 e à época da entrevista; a convivência de diferentes tendências, nos debates do IPCN; razões do rompimento com o IPCN e motivo pelo qual o IPCN está fechado à época da entrevista; a opção pelo movimento de mulheres negras e a importância da questão de gênero dentro do movimento negro; lembrança de algumas militantes do movimento de mulheres negras; origem da organização não governamental Criola, fundada em 1992, com participação da entrevistada; características do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (Ceap), fundado em 1989, e do IPCN, no desenvolvimento de ações sociais; o trabalho da entrevistada com crianças e adolescentes de rua, em articulação com atividades desenvolvidas no IPCN, como capoeira e cozinha afro-brasileira; o desenvolvimento do movimento de mulheres negras no Rio de Janeiro: articulação com associações comunitárias e movimento de favelas, a realização do I Encontro Estadual da Mulher Negra e a formação de organizações de mulheres negras; objetivos da criação da Criola, em 1992, e a importância da discussão sobre a homossexualidade, no movimento.
Fita 2-B: especificidades do movimento de mulheres negras; a falta de apoio da esquerda ao movimento negro; a importância do movimento de mulheres negras na luta contra o racismo: relação com o movimento negro e destaque na III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, realizada em Durban, África do Sul, em setembro de 2001; descrição das atividades e da estrutura do grupo Criola: fundação, objetivos, desenvolvimento de oficinas, relato de experiências, o projeto "SOS criolinha", fontes de financiamento; a criação da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Rumo à III Conferência Mundial Contra o Racismo, em 2000.
Fita 3-A: a participação do movimento de mulheres negras na Conferência Regional das Américas, realizada em Santiago do Chile, em dezembro de 2000, como preparação para a Conferência Mundial contra o Racismo: relação com o movimento negro no Brasil, articulação com movimentos da América Latina e Caribe, contatos com o embaixador do Brasil em Santiago, relação com organizações dos povos indígenas; participação nas pré-conferências de Genebra e articulação com organizações africanas e de afro-descendentes; os debates sobre as questões relativas às mulheres negras no mundo: a semelhança de problemas e o surgimento de novas questões antes não cogitadas; a atuação durante a Conferência de Durban, entre 31/8 e 7/9/2001; atuação da Articulação de Organizações de Mulheres Negras: a participação na Conferência de Durban, sua reorganização no Brasil após a Conferência, sua estrutura e seu funcionamento à época da entrevista; a questão racial no Brasil, à época da entrevista: os limites das ações do Estado, as desigualdades raciais e o racismo no cotidiano, o significado das ações do movimento negro.
Fita 3-B: discussão sobre a insituição de cotas para negros nas universidades públicas; comentários sobre a postura da elite brasileira diante da questão racial no Brasil; a importância do trabalho de psicanálise realizado durante 11 anos; relato sobre violência policial sofrida pela entrevistada no Rio de Janeiro, em 1988; o trabalho com crianças de rua na década de 1980 e a opção pela questão de gênero na luta contra o racismo.