DIAS, Alvaro
*dep. fed. PR 1975-1983; sen. PR 1983-1987;
const. 1987; gov. PR 1987-1991; sen. PR 1999-
Álvaro Fernandes Dias nasceu em Quatá (SP) no dia 7 de dezembro
de 1944, filho de Silvino Fernandes Dias e de Helena Fregadolli Dias. Seu pai,
originário do interior paulista, transferiu-se para a região de Maringá (PR) no
norte do Paraná, onde se tornou proprietário de terras e cafeicultor.
Freqüentou por dois anos o seminário em Botucatu (SP), após
o que cursou o ginásio, o secundário e a escola técnica de comércio no Colégio
Marista de Maringá até 1963. Após concluir o secundário, trabalhou na
administração das propriedades da família e a partir de 1964 freqüentou a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Estadual de Londrina
(PR), graduando-se em história em 1967. Durante a realização de seus estudos
universitários, foi presidente do diretório acadêmico da Faculdade de Filosofia
e começou a trabalhar como professor e como apresentador de programas de
auditório, locutor e redator de radioteatro nas emissoras Paiquerê e,
posteriormente, na Rádio Atalaia. Escreveu diversas radionovelas, entre as
quais A mansão do ódio, seu maior sucesso como escritor. Após formar-se,
radicou-se em Londrina, onde continuou a exercer suas atividades profissionais.
Em 1968, elegeu-se vereador à Câmara Municipal de Londrina
na legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao
regime militar vigente no país desde abril de 1964. Líder do partido e
vice-presidente da Câmara Municipal, em novembro de 1970 elegeu-se deputado à
Assembléia Legislativa do Paraná, ainda na legenda do MDB, deixando a cadeira
de vereador e iniciando o mandato de deputado estadual em fevereiro de 1971.
Nesse período, atuou ainda como jornalista, mantendo um programa de comentários
políticos na TV Tibagi, em Londrina. Em 1972 candidatou-se a prefeito de
Londrina em uma sublegenda do MDB, nas eleições em que foi vitorioso o então
deputado estadual, José Richa. Líder do MDB também na Assembléia, integrou as
comissões de Finanças, Instrução Pública, Agricultura e Polícia.
Em novembro de 1974, elegeu-se deputado
federal pelo Paraná na legenda do MDB com 175.434 votos, a maior votação em
toda a história de seu estado, ingressando na Câmara em fevereiro do ano
seguinte, após encerrar seu mandato de deputado estadual. Durante essa
legislatura, teve seu nome incluído em diversas listas de cassação elaboradas
pelo regime militar, em virtude de sua postura radicalmente oposicionista ao
governo federal.
Membro efetivo da Comissão de Agricultura e Política Rural e
suplente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, reelegeu-se em novembro
de 1978, tendo sido novamente o candidato mais votado de seu estado, com
127.903 votos. Na legislatura iniciada em fevereiro de 1979, integrou a
Comissão de Minas e Energia e tornou-se um dos vice-líderes do MDB na Câmara,
destacando-se ainda por seus veementes discursos denunciando a existência de
corrupção no governo militar. Com a extinção do bipartidarismo em 29 de
novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido
do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Nesta legenda elegeu-se senador em
novembro de 1982, derrotando o ex-governador paranaense Nei Braga, candidato do
Partido Democrático Social (PDS), num contexto de ascensão das forças
oposicionistas ao governo federal. No mesmo pleito, o ex-senador José Richa
elegeu-se governador do estado do Paraná na legenda do PMDB, derrotando o
candidato pedessista, Saul Raiz, antigo aliado de Nei Braga na política
estadual.
Tomou posse em seu mandato de senador em fevereiro de 1983,
tendo sido presidente da Comissão de Educação e Cultura, da comissão
parlamentar de inquérito (CPI) encarregada de investigar atos de terrorismo,
além de suplente das comissões de Legislação Social e de Relações Exteriores.
Nesse período, exerceu a presidência do diretório regional do PMDB paranaense e
concentrou sua atuação no movimento pela redemocratização do país, participando
ativamente da campanha das diretas para a presidência da República. Foi um dos
principais organizadores do primeiro comício pelas diretas em uma grande
cidade, realizado em 12 de janeiro de 1984 em Curitiba, contrariando a opinião
de setores moderados do partido que relutavam em levar a campanha às ruas.
Durante essa legislatura foi ainda presidente da Comissão de Agricultura
(1983-1984), vice-presidente da Comissão de Economia (1985-1986), vice-líder do
PMDB (1985-1986), além de suplente das comissões de Legislação Social
(1983-1986), de Relações Exteriores (1983-1986) e de Finanças (1985-1986) no
Senado Federal.
Ainda nessa legislatura, foi membro do grupo de
parlamentares que visitou o México para realizar estudos de população e
desenvolvimento em 1983, da comitiva brasileira que participou das reuniões do
Parlamento Europeu e do Parlamento Latino-Americano em Estrasburgo, França, em
1984, e membro da delegação brasileira à XL Sessão da Assembléia Geral das
Nações Unidas, realizada em 1985 em Nova Iorque.
Em 15 de novembro de 1986, foi eleito
governador do estado do Paraná com 2.347.795 votos, na legenda do PMDB,
derrotando o candidato da Frente Popular de Oposições, o ex-deputado federal
Alencar Furtado, que concorreu na legenda do Partido Municipalista Brasileiro
(PMB), apoiado pelo Partido da Frente Liberal (PFL) e pelo Partido Democrático
Trabalhista (PDT), legenda do candidato a vice-governador, o ex-prefeito de
Curitiba Jaime Lerner. No mesmo pleito, elegeram-se senadores na legenda do
PMDB o ex-governador José Richa e Afonso Camargo. Após a instalação da
Assembléia Nacional Constituinte em fevereiro de 1987, exerceu por um curto
período o mandato de senador constituinte, até ser empossado no governo do
Paraná no dia 15 do mês seguinte, sendo substituído no Senado pelo suplente
Francisco Leite Chaves.
Governador
do Paraná, 1987-1991
Álvaro Dias foi um dos 22 governadores
eleitos pelo PMDB nas 23 unidades da federação onde houve eleições, assumindo o
governo estadual num contexto de grande crescimento da legenda a nível
nacional, tendo sido o primeiro governador paranaense do pós-1964 a não ser egresso de
quadros políticos ligados ao ex-governador Nei Braga. Logo após tomar posse,
empreendeu uma reforma administrativa no estado, que redundou na redução para
50% da parcela do orçamento estadual gasta com pagamento do funcionalismo
público. Tomou várias medidas de impacto, tais como a demissão de “funcionários
fantasmas” e o cancelamento de gratificações irregulares, entrando em conflito
com o Judiciário paranaense ao invalidar as aposentadorias e nomeações feitas
por governos anteriores para o Tribunal de Contas do estado. Em conseqüência
dessas medidas, chegou a receber ameaças de morte no início de seu governo.
Além disso, promoveu a criação de duas universidades estaduais públicas no oeste
e centro-oeste do estado, a implantação do programa Paraná Rural,
posteriormente adotado em diversos países do mundo, e a anulação, por suspeitas
de irregularidade, da concorrência de 263 milhões de dólares para a construção
da usina de Segredo, em Quinhão (PR), ganha pela empreiteira C. R. Almeida. Sua
atitude de cancelar o processo de licitação e determinar a abertura de novo
processo de concorrência chegou a ser considerada pela imprensa da época como
“um exemplo de zelo com o dinheiro público”, ao conseguir baixar o preço
inicial de cerca de 263 milhões de dólares para 170 milhões, o que propiciou a
economia de aproximadamente cem milhões de dólares aos cofres estaduais, ao
mesmo tempo em que ocasionou conflitos com os proprietários da empresa preterida.
Em abril de 1989 licenciou-se do mandato de governador para
lançar-se postulante à convenção do partido que escolheu o candidato do PMDB às
eleições presidenciais de 15 de novembro, sendo derrotado pelo então deputado
Ulisses Guimarães. Após sua derrota na convenção, liderou um movimento
dentro de seu partido a fim de apoiar o candidato do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), Mário Covas, visando evitar a ida para o segundo
turno dos dois candidatos então favoritos nas pesquisas: Luís Inácio Lula da
Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Fernando Collor de Melo, do Partido
da Reconstrução Nacional (PRN), o qual seria posteriormente eleito presidente
da República no segundo turno das eleições, em 17 de dezembro de 1989.
Álvaro Dias participou ativamente da
campanha para as eleições aos governos estaduais realizadas em 1990,
desempenhando papel decisivo na vitória de seu candidato, o então prefeito de
Curitiba, Roberto Requião, sobre seus concorrentes, o ex-governador José Richa
(PSDB) e José Carlos Martinez (PRN), apoiado pelo então presidente da
República, Fernando Collor de Melo. Martinez foi derrotado por Requião no
segundo turno das eleições, em novembro do mesmo ano. Dias exerceu o mandato de
governador do Paraná até 15 março de 1991, quando passou o cargo a seu
sucessor. Pouco antes de deixar o governo, decretou a extinção do Banco de
Desenvolvimento do Paraná (Badep), instituição de financiamento criada durante
o primeiro governo de Nei Braga no início dos anos 1960, transferindo suas funções
para o Banco do Estado do Paraná (Banestado).
Após o término de seu mandato, combateu a
corrente liderada por Orestes Quércia no PMDB, por divergir dos rumos dados
pelo ex-governador paulista ao partido, opondo-se a sua eleição para a
presidência do diretório nacional da agremiação. Devido a essas divergências,
desligou-se do PMDB em agosto de 1991 e foi um dos organizadores do Partido
Social Trabalhista (PST), tornando-se seu presidente. Durante o governo de
Itamar Franco, foi sondado para ocupar diversos postos, dentre os quais o de
ministro da Indústria e Comércio, não chegando no entanto a assumir nenhum
cargo público, preferindo dedicar-se à organização do novo partido.
Em janeiro de 1993, foi um dos
organizadores do Partido Progressista (PP), nascido da fusão do Partido
Trabalhista Renovador (PTR), liderado pelo ex-governador de Brasília Joaquim
Roriz com o PST, permanecendo na presidência da nova agremiação. Nesse período
o partido teve rápida expansão, chegando a possuir a quinta maior bancada do
Congresso Nacional, com seis senadores e 45 deputados. Em janeiro de 1994, teve
sua candidatura à presidência da República lançada pelo PP na convenção do
partido, renunciando logo a seguir para apoiar o candidato do PSDB, Fernando
Henrique Cardoso, eleito no primeiro turno das eleições em outubro de 1994.
No mesmo pleito, Álvaro Dias candidatou-se novamente ao
governo do Paraná na coligação PP-PMDB, sendo derrotado ainda no primeiro turno
das eleições, realizado em 3 de outubro de 1994, pelo pedetista Jaime Lerner,
que assumiu o governo em 1º de janeiro do ano seguinte. Nestas eleições, seu
irmão e ex-secretário da Agricultura, Osmar Dias, elegeu-se senador na legenda
do PP, filiando-se em seguida ao PSDB, do qual veio a exercer a vice-liderança
no Senado Federal.
Em junho de 1995, após uma longa disputa com o ex-governador
do Distrito Federal Joaquim Roriz pelo comando do partido, Álvaro Dias
desligou-se do PP e transferiu-se para o PSDB, discordando da fusão do partido
com o PPR liderado por Paulo Maluf, que se consumaria pouco depois, dando
origem ao Partido Progressista Brasileiro (PPB). Após filiar-se ao PSDB,
empreendeu a reestruturação do partido no Paraná, trazendo para a legenda
vários deputados estaduais e federais. Álvaro Dias consolidou sua posição como
principal liderança peessedebista estadual ao impedir, com sucesso, a filiação
ao partido do governador paranaense, o então pedetista Jaime Lerner, que, em
setembro de 1997, se transferiria para o PFL.
Em fevereiro de 1997, coordenou a mobilização da bancada
paranaense visando a aprovação da emenda que permitiu a reeleição para o posto
de presidente da República. Em abril do mesmo ano assumiu a presidência da
Companhia Telefônica do Paraná (Telepar). Durante esse período, além de suas
atividades administrativas na empresa, participou de inúmeras articulações
políticas referentes às próximas eleições para o governo do estado e para o
Senado Federal, a serem realizadas no ano seguinte.
Em outubro de 1998 disputou uma vaga no
Senado, na legenda do PSDB. Vitorioso — obteve 2.532.023 sufrágios (65,13% dos
votos válidos) —, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1999 e foi membro
titular da Comissão de Educação, da Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania, e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Foi ainda presidente
da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol e da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, tendo sido ainda membro titular das CPIs
dos Bingos e dos Correios.
Nessa legislatura, notabilizou-se por
participar ativamente de investigações que apuravam denúncias dos mais variados
tipos de ilícitos e irregularidades contra a administração pública. Por ocasião
da CPI
do Futebol, realizada entre setembro de 2000 e dezembro de 2001, fez
parte das investigações que resultaram na revelação da existência de vários
crimes na gestão desse esporte, tendo seu relatório final denunciado 17
dirigentes de clubes e proposto regras como o Estatuto do Torcedor e a Lei de
Responsabilidade Social do Desporto Brasileiro. A CPI, que teve seus trabalhos
prorrogados por uma vez, ouviu depoimentos dos principais dirigentes esportivos
brasileiros tendo ampla repercussão na imprensa e na opinião pública.
Em setembro de 2001, foi expulso do PSDB
após assinar requerimento pedindo a abertura de uma CPI para investigar
denúncias de corrupção no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na
ocasião, declarou que tanto sua decisão quanto a de seu irmão, Osmar Dias, de
apoiar a CPI refletiam o desejo popular de investigar a corrupção no governo,
bem como a fidelidade às diretrizes programáticas de seu partido. Após ser
expulso do PSDB filiou-se ao PDT, partido de Osmar Dias.
No pleito de outubro de 2002 foi candidato
ao governo do Paraná na legenda do PDT em uma coligação formada também pelo
PTB, PTN, PPB, PRP e pelo PTdoB, tendo sido o mais votado no primeiro turno das
eleições com 1.616.047 votos (o equivalente a 31.4% dos votos válidos). No
segundo turno das eleições, realizado em 27 de outubro, a situação se inverteu
e Álvaro Dias foi derrotado por seu adversário, Roberto Requião (PMDB) que foi
eleito com 2.681.811 de votos, equivalente a 55,2% dos votos válidos, enquanto
Álvaro Dias obteve 2.180.922 de sufrágios ou 44,8% dos votos válidos. Após as
eleições, responsabilizou sua derrota ao crescimento eleitoral de Luís Inácio
Lula da Silva e do PT naquele ano e licenciou-se por um curto período,
reassumindo seu mandato no Senado em março de 2003. Na ocasião, foi substituído
pelo suplente Olivir Gabardo.
Após a posse do novo presidente eleito Lula
na presidência da República, em 1º de janeiro de 2003, Álvaro Dias permaneceu
na oposição ao governo. Nesse sentido, ocupou freqüentemente a tribuna do
Senado para efetuar pronunciamentos nos quais criticava a gestão de Lula no
plano nacional, e a administração de Roberto Requião no plano estadual, criticando
ambos os governos por não cumprirem as promessas de campanha e se apropriarem
indevidamente de projetos criados por seus antecessores. Em agosto de 2003, em
discurso no Senado, Álvaro Dias anunciou sua desfiliação do PDT voltando a fazer
parte dos quadros do PSDB, tornando-se em seguida primeiro vice-líder do
partido no Senado. Nesse período, foi ainda sancionada pelo presidente Lula lei
de sua autoria aumentando em 120% os repasses do salário educação para o ensino
fundamental, que ficou conhecida como “Lei Álvaro Dias”, que ocasionou um
grande aumento nos repasses de verba de educação para as prefeituras
municipais.
Durante o período em que presidiu a CPMI da
Terra, entre outubro de 2003
a novembro de 2005, foi um dos principais responsáveis
pela aprovação de um relatório final que propôs, entre outras coisas, o
indiciamento de representantes de associações por desvio de verbas públicas e
irregularidades do governo federal na efetivação da reforma agrária. O
relatório teve grande repercussão na época provocando veementes protestos de
associações vinculadas aos movimentos de trabalhadores rurais, especialmente do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na ocasião, Álvaro Dias reagiu
aos protestos afirmando que a Comissão já havia reunido indícios suficientes de
envolvimento de coordenadores do MST em desvio de verbas públicas que deveriam
ter sido aplicadas em assentamentos rurais, contestando também as declarações
de deputados petistas segundo as quais seria seu objetivo a “criminalização dos
movimentos sociais” ao apurar as denúncias de desvios verbas públicas. Negou
também o uso político da CPI contra o governo do presidente Lula. Na última
sessão da CPI, seus integrantes derrubaram o texto final produzido pelo relator
deputado João Alfredo, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e ligado a movimentos
de trabalhadores rurais, e aprovaram por 12 votos a 1 um texto alternativo de
autoria do deputado Abelardo Lupion, do PFL, que classificava as invasões de
terra como "ato terrorista". No relatório de Alfredo, rejeitado por
13 votos a 8, a
causa dos conflitos de terra era identificada pela falta de reforma agrária,
enquanto que no relatório finalmente aprovado tal reforma era identificada como
uma ameaça ao direito de propriedade da terra. O relatório final aprovado em 29
de novembro propunha ainda o indiciamento de 11 pessoas, sendo 8 do MST, entre
elas João Pedro Stédile, José Rainha e Gilmar Mauro, os principais dirigentes
do movimento, além de diretores da Anca (Associação Nacional de Cooperação
Agrícola) e da Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária),
entidades ligadas ao movimento. Na ocasião, Álvaro Dias afirmou não concordar
inteiramente com os termos do relatório aprovado e que encaminharia ambos os
relatórios ao Ministério Público para a tomada de providências, embora só o
relatório aprovado tivesse validade legal.
Nesse mesmo período participou ativamente
da CPI dos Bingos, que funcionou no Senado entre junho de 2005 e novembro de 2006
destinada a investigar a atuação do ex-assessor da Casa Civil da presidência da
República, Valdomiro Diniz, flagrado em vídeo negociando propina com um
empresário do ramo de jogos. Apelidada de "CPI do Fim do Mundo",
passou a investigar diversas denúncias surgidas contra o governo, tais como o
suposto vínculo entre o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT) e o esquema
de financiamento de campanhas, as possíveis irregularidades na prefeitura de
Ribeirão Preto durante a gestão de Antonio Palocci (PT) e a doação de casas de
bingo ou a remessa de dólares vindos de Cuba para a campanha de Lula, entre
outros temas. Álvaro Dias participou em várias frentes de atuação da Comissão,
especialmente a que investigava o assassinato do ex-prefeito de Santo André,
Celso Daniel, e a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa,
após este ter efetuado denúncias contra o então ministro da Fazenda, Antônio
Palocci. Na ocasião, liderou a subcomissão que foi à Caixa Econômica cobrar
explicações dos diretores do banco, que mais tarde foram afastados, assim como
o então ministro da Fazenda. Por ocasião da apresentação do relatório final da
CPMI em plenário, Álvaro Dias apresentou voto em separado pedindo o
indiciamento do ex-assessor especial da presidência da República, Gilberto
Carvalho, e do ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ambos excluídos do
relatório.
Logo após a instalação da CPI dos Bingos
foi criada, em maio de 2005, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito,
conhecida como “CPMI dos Correios”, cujo objetivo era o de investigar as denúncias
de corrupção e desvio de verbas em empresas estatais, particularmente na
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Entretanto, após o início das
investigações, o foco das investigações deslocou-se para a existência do "mensalão",
suposto esquema de desvio de verbas públicas destinado ao pagamento mensal a
deputados da base aliada pelo governo em troca de apoio parlamentar,
denunciando pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB). As acusações se
prolongaram durante todo o ano de 2005 envolvendo vários integrantes do
primeiro escalão do governo Lula e provocando grave crise política. Durante os
trabalhos da CPMI Álvaro Dias destacou-se por levantar dados sobre contratos
irregulares de publicidade e remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Ao
término da Comissão, por ocasião da votação do relatório final da CPMI em
plenário em abril de 2006, Álvaro Dias apresentou voto em separado pedindo a
responsabilização e a abertura de um processo de impeachment contra o
presidente em caso de confirmação das denúncias. Posteriormente, com base nas
investigações da CPMI dos Correios, o Procurador-Geral da República denunciaria
40 pessoas que seriam transformadas em réus pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
No pleito de outubro de 2006 conquistou a
única vaga de senador pelo estado do Paraná em disputa nas eleições deste ano
com 2.572.481 votos (50,9%), pouco à frente da candidata segunda colocada e
grande surpresa das eleições daquele ano, Gleici Hoffman, a qual obteve 2.299.088
votos (45,1%).
Ao final do ano de 2006, em virtude de sua
atuação no Senado, foi eleito por jornalistas especializados em política por
meio de votação realizada no site Congresso em Foco o melhor senador do
país, na condição de líder da oposição. No mesmo período, foi indicado por duas
vezes consecutivas como um dos mais influentes parlamentares do país pelo
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) e em dezembro de
2006 no mesmo ano foi o senador mais votado na primeira consulta pública
eletrônica realizada pelo sítio Congresso em Foco, para eleger os melhores
parlamentares da legislatura com 624.381 votos, com uma diferença de 14.180
votos sobre o segundo colocado, Eduardo Suplicy (PT-SP).
Assumiu o terceiro mandato de senador em
fevereiro de 2007 e, logo no início da legislatura, foi escolhido para
representar o PSDB na “CPI das ONGs", destinada a apurar a liberação, pelo
governo federal, de recursos públicos para organizações não governamentais
(ONGs) e para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) bem
como a utilização, por essas entidades, desses recursos e de outros por elas
recebidos do exterior entre os anos de 1999 e 2006. Em 2007 foi eleito, por
unanimidade, vice-presidente do Senado e em julho do mesmo ano recebeu em San
Diego, na Califórnia, o diploma de doutor honoris
causa em Administração Governamental (Doctor of Government
Administration) pela Southern States University. Na ocasião, a universidade
destacou diversos programas bem-sucedidos de Álvaro Dias durante sua gestão no
governo do Paraná, especialmente aqueles voltados para a preservação ambiental,
apontando-o como exemplo de administração pública eficiente. Ainda em 2007 foi novamente
considerado um dos políticos mais influentes do país por um estudo da
consultoria Arko Advice. Nesse período, exerceu ainda o cargo de vice-presidente
nacional do PSDB, e foi membro da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania,
e da Comissão de Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Vice-líder do bloco de oposição ao governo
Lula, apresentou várias proposições legislativas que tiveram grande repercussão
na opinião pública, tais como tais como a PEC 86/2007, acabando com o voto secreto
em plenário, as PECs 67, 68, 69 e 70/2007, reduzindo progressivamente o número
de parlamentares federais, estaduais e municipais, a PEC 29/2006, tornando
obrigatória a instituição do plano de carreira para os servidores públicos da
administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas, a PEC
5/2006, obrigando o plenário do STF, e não um único ministro, a analisar
liminares de assuntos exclusivos do Congresso Nacional, e o PLS 134/2006, proibindo
o governo de contingenciar verbas para programas de segurança pública e
estabelecendo que os ministros da Justiça, da Fazenda e os ordenadores de
despesas respondam a crime de responsabilidade em caso de descumprimento da
determinação
Em março de 2009, por ocasião da emergência
de novas denúncias envolvendo o repasse irregular de verbas ao MST pelo governo
federal, Álvaro Dias decidiu encaminhar ao ministro do Desenvolvimento Agrário,
Guilherme Cassel, à Procuradoria Geral da República, e ao presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, cópia do relatório final da CPI da
Terra, que havia apontado irregularidades envolvendo entidades ligadas MST, cujo
texto final apontava desvio de R$ 18 milhões das entidades Associação Nacional
de Cooperação Agrícola (ANCA), Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária
do Brasil (CONCRAB) e Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma
Agrária (ITERRA).
Em maio foi autor do requerimento
solicitando a formação de uma CPI destinada a apurar irregularidades envolvendo
a empresa Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) e a Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Com a aprovação da proposição e a posterior
instalação da CPI em julho do mesmo ano, Álvaro Dias tornou-se um de seus integrantes,
passando a concentrar suas atividades nos trabalhos da Comissão.
Em setembro foi lançado por militantes do
PSDB pré-candidato às eleições de outubro de 2010 ao governo do estado do
Paraná, juntamente com o prefeito de Curitiba Beto Richa.
Casou-se com Débora de Almeida Fernandes
Dias, com quem teve dois filhos.
Publicou A história pede passagem
(3v.) e manteve regularmente um blog sobre assuntos políticos em seu website
pessoal: http://www.senadoralvarodias.com/.
Sérgio Soares Braga
FONTES:
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1983-1987); Correio
Brasiliense (23/11/86); ENTREV. ÁLVARO DIAS; Estado de S. Paulo
(20/6/80, 10/12/81, 31/7 e 18/11/82, 28/9 e 20/11/86); Estado do Paraná (30/11/97);
FARIA, E. & SEBASTIANI, S. Governadores; FLEISCHER, D. Conseqüências;
Folha de S. Paulo (25/2/87, 15/7/98); Folha de São Paulo (22/09/2009); Globo
(26/4/87, 23/6/95); Jornal do Brasil (18/4/84, 8/4 e 4/5/87);
SENADO. Dados biográficos (1991-1999); Veja (13/7/83, 6/8 e
5/11/86, 18/2/87, 13/4/88, 8/3, 19/4, 24/5 e 13/9/89, 9/6/93, 20 e 27/4 e
14/9/94), http://www.tse.gov.br/ (acesso em 14/10/2009); O Estado do Paraná (21/11/2005);
www.folha.com.br (acesso em 14/10/2009);
http://www.estadao.com.br/ (acesso em 14/10/2009); http://www.parana-online.com.br
(acesso em 14/10/2009); http://www.senado.gov.br/ (acesso em 15/10/2009);
http://www.senadoralvarodias.com/ (acesso em 18/10/2009).