MARTINS,
Vespasiano Barbosa
*rev. 1932; sen. MT 1935-1937; const. 1946; sen. MT
1946-1955.
Vespasiano Barbosa Martins
nasceu na fazenda Campeiro, na localidade de Sidrolândia, próxima a Campo
Grande, então no estado de Mato Grosso e atual capital de Mato Grosso do Sul,
no dia 4 de agosto de 1889, filho de Henrique José Pires Martins e de Marcelina
Barbosa Martins. A família de sua mãe, uma das pioneiras do sul de Mato Grosso,
participou do povoamento da região conhecida por Vacaria em virtude de sua
semelhança com as vacarias gaúchas. Dedicada à criação de gado, ingressou na
política quando a pecuária passou a impulsionar o desenvolvimento do sul do
estado.
Fez os estudos primários em Uberaba (MG) e o curso secundário
no Ginásio Diocesano de Cuiabá. Em 1915 diplomou-se pela Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, especializando-se em ginecologia, vias
urinárias e cirurgia geral.
A partir de 1916 começou a clinicar em Campo Grande,
exercendo também, em 1918, a intendência — atual prefeitura — da cidade. Em
1926 partiu para a Europa, tendo visitado clínicas em Berlim, na Alemanha, e em
Paris. De volta ao Brasil, fixou-se em São Paulo, onde clinicou durante cinco anos
e chefiou o serviço de cirurgia do Hospital Alemão.
Candidato
em 1924 a prefeito de Campo Grande na legenda do recém-fundado Centro Cívico,
foi derrotado por Antero Pais de Barros, tradicional chefe político da região,
numa eleição considerada das mais fraudulentas do estado. Após a Revolução de
1930, foi nomeado em 1931 prefeito de Campo Grande, com o apoio do Partido
União Liberal de Mato Grosso, cujo diretório integrava. Fundado nesse mesmo
ano, o partido defendia os ideais da revolução.
Em
1932 participou da Revolução Constitucionalista deflagrada em julho em São
Paulo, e foi proclamado pelos revolucionários governador militar de Mato
Grosso, exercendo a função por 82 dias durante o conflito. Após a derrota do
movimento em outubro de 1932, foi obrigado a passar cerca de seis meses exilado
no Paraguai, onde se dedicou à medicina, chegando a instalar um consultório.
De volta ao Brasil em abril de 1933, tornou-se um dos
fundadores do Partido Progressista em Mato Grosso, bem como do jornal que
recebeu o mesmo nome. No ano seguinte voltou a eleger-se prefeito de Campo
Grande e participou da fundação do Partido Evolucionista de Mato Grosso, que
aglutinou as forças de oposição ao interventor Leônidas Antero de Matos. Em
outubro de 1935, após a instalação da Assembléia Constituinte de Mato Grosso,
foi eleito indiretamente senador por seu estado na legenda do Partido
Evolucionista. Empossado ainda nesse ano, tornou-se segundo-secretário da mesa
do Senado.
Em
1936, juntamente com João Vilasboas, liderou a formação da Aliança
Mato-Grossense, constituída por dissidentes do Partido Liberal Mato-Grossense e
do Partido Evolucionista, em oposição ao governo de Mário Correia da Costa
(1935-1937). Em dezembro desse ano, ao lado de João Vilasboas, saiu ferido em
um atentado desfechado em Mato Grosso contra elementos da oposição, tendo sido
o governador acusado judicialmente por crime de responsabilidade. Em janeiro do
ano seguinte, a tensão política se intensificou com a realização de eleições
municipais, e dois meses depois o governo federal interveio no estado, nomeando
interventor Manuel da Silva Pires.
Com a aproximação das eleições presidenciais previstas para
1938, Vespasiano Barbosa Martins compareceu em maio de 1937, mais uma vez ao
lado de João Vilasboas, à convenção de lançamento da candidatura de José
Américo de Almeida, representando a Aliança Mato-Grossense. Todavia, o pleito
não chegou a se realizar em virtude da decretação, em 10 de novembro de 1937,
do Estado Novo. Suspensas as atividades do Congresso, voltou a clinicar em
Campo Grande, cuja prefeitura reassumiu em 1941 por nomeação federal.
Com a desagregação do Estado Novo e o início da
redemocratização do país, foi um dos fundadores da União Democrática Nacional
(UDN) em seu estado. Em dezembro de 1945 elegeu-se senador à Assembléia
Nacional Constituinte na legenda da UDN, obtendo o maior número de votos em
Mato Grosso. Assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte, participou dos
trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946), exerceu
o mandato na legislatura ordinária que se seguiu. Tornou-se porta-voz do
separatismo mato-grossense no Senado e, em outubro de 1947, votou contra o
projeto de lei referente à cassação de mandatos dos deputados comunistas,
afinal aprovado. Em março de 1951 tornou-se segundo-secretário da mesa do
Senado, cargo para o qual foi reeleito no ano seguinte. Foi também membro das
comissões de Saúde e de Finanças e da Comissão Especial de Inquérito para a
Indústria Têxtil. Não se candidatou à reeleição, concluindo o mandato no Senado
em janeiro de 1955.
Foi ainda diretor da clínica do Hospital Beneficente, da
Maternidade e da Sociedade de Proteção à Infância de Campo Grande. Fazendeiro
em seu estado, pertenceu à Sociedade Rural Brasileira.
Faleceu em Campo Grande no dia 14 de janeiro de 1965.
Era casado com Celina Martins, com quem teve quatro filhos.
FONTES: Boletim
Min. Trab. (5/36); CISNEIROS, A. Parlamentares; Diário de Notícias, Rio
(26/5/37); Diário do Congresso Nacional; GALVÃO, F. Fechamento; HIRSCHOWICZ, E.
Contemporâneos; Interior (11/77); MACEDO, N. Aspectos; MENDONÇA, R. Dic.;
SENADO. Anais (1935); SENADO. Relação; SENADO. Relação dos líderes; SILVA, G.
Constituinte; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1 e 7).